sentido dos humores mais fluídos
ironias dos marcados destinos...
tantos seres à volta sem se tocar
e tantos toques
nesses outros trebelhos
coisas que chamamos aparelhos
sempre a falarem de nós sem se falar...
sentido dos humores mais fluídos
ironias dos marcados destinos...
tantos seres à volta sem se tocar
e tantos toques
nesses outros trebelhos
coisas que chamamos aparelhos
sempre a falarem de nós sem se falar...
vamos e vimos sem cessar
damos passos - inspirados
umas vezes despertos e acordados
outras sem acordo e sem hesitar...
e nesta duplicidade
noite e dia na cidade
sem pausa nem idade
ainda vogamos a sonhar...
umas vezes despertos
pela realidade
outras inspirados
sem vontade
outras ainda pelo ser igual
lado a lado parecemos pequenos - e somos tão grandes!
e sós, de vez em quando, ainda procuramos nos encontrar!
nestes tempos virtualizados, nestes lugares meio toldados
somos milhões de vozes a cantar um mesmo fado,
destino que ainda nos é velado a mostrar:
e no entanto sonhamos, falamos e no segredo contamos
números sem contar, multidões sem se ver a passar,
olhamos ensonados sem decidir se é noite ou manhã...
e vamos! animados pelas agulhas empoleiradas
antes nas torres agora nas mangas...
desse saber recolher sem hesitar...
nessa tela, sempre meio vazia - meio cheia de vida
há espaço para se pintar, sonhos de mil cores
letras de mil amores, páginas por deixar
de serem lidas, letras garridas,
inspiradas pelo amanhã...
gentes de todas os lugares,
dos campos às cidades:
sonhadores que vagam a voar:
nalguma que outra folha,
desse Outono passado...
nesta chuva que não molha
manter passo acompassado
passar assim no ser diário,
pairar nesse olhar toldado...
sem se ver arvoredo algum
em nenhum lugar
na teia sossegada
aonde tudo bule
e não se nota nada
em cada passo dado:
seja caminho ou estrada
ao passar tantos lado a lado
procurando o ser compassado
o ser assim... animado...
o regressar ao seu lugar
tantos seres que vogam
voltando sempre a voltar...
se voltar fosse também caminho
para já mais não se estar sozinho
se as muralhas - a meias - caíssem
quais colcheias
ondulantes
nestes seres
gracejantes
que vogam
na melodia
do dia
sem cessar
e se encontrassem amigos e serenos: aconchegados
lado a lado neste oceano, quais mares navegados
quais rios trespassados por pontes desse querer
estar perto e nascer de novo nesse outro ser a nascer
olhar a luz do dia
entre as teias sombrias
e ver esperança a nascer
onde o medo estava a crescer
quando se sente o calor de humanidade
segurança desse ser criança sem idade,
em verdade crescemos nessa maturidade
que assim vemos e cremos porque escolhemos
se houver tempo para o conversar, passar e abeirar...
nem depressa nem a acelerar, vagar dessa humanidade
que dando tempo ao tempo se entende em realidade...
foi dado o expressar, o ser, o que vai dentro, sem deixar de falar
de conceder o direito de ser assim, sem mais - expressão dessa liberdade
que nos transforma sem vaidade, em seres livres: quais ideais...
nestes tempos de contenções, os corações e as verdades, falam por serem procuradas
quando nos precatamos, do que somos, e do que deixamos - damos valor ao sentido desse amor
desse calor em humanidades cheias, dessas horas preenchidas e não vividas a meias
desses lugares de encontro, onde vez após vez nos juntamos para ser de novo humanos
aonde nos abeiramos quais os nossos mais antigos ancestrais encontrando soluções originais
seria estranho que tantos milhões de gentes juntas não se precatassem
do que umas dezenas já bem sabiam
quando à volta do fogo se abeiravam, quando se abraçavam e reuniam
gostava de escrever uma prosa, que fosse qual uma rosa, que se desdobra perante o teu olhar;
gostava de te enviar um recado, estar lado a lado, para te bem poder voltar a abraçar
gostava de dar vida a estas linhas, para que a tua palavra na minha, fosse uma voz só entre nós
gostava de dedicar-te poemas, trovas melodias e temas, para assim mostrar que poderemos voltar:
a ler letras de gente, entrelaçadas por entre tinta pingente, qual as notas coloridas das melodias mais vivas
e dos hinos de louvor - à esperança, ao sonho, ao amor - dizer em verdade que tanta felicidade se fizesse por humanidade ao se reencontrar nesta cidade o agasalho de se estar sem mais...
perdido entre as ruas e avenidas, sempre vazias, cheias desse bem querer;
não importaria nem quando nem onde, tu estarias ali - e eu correria, qual voz de alegria - ao teu encontro outra vez...
e ir sem mais hesitar... olhar iluminado... e ver o teu olhar com o rosto bem mostrado... e nesse corar de esperança, menina mulher ou criança, ser de novo a acreditar,
que vou para aonde bem quero e não tanto aonde desespero por voltar...
e voltar conhecer-te uma e outra vez
ser sempre novo, qual a flor que renasce, nessas pétalas singelas, transparecidas à luz do luar, nessas folhas quais janelas que se abrem de par em par;
nesse caule sempre agitado... pela brisa sem estar enjeitado... cabelo ao vento... momento desse sustento... que nos enleva aonde o tempo é sempre vogar...
e nessa barca silente.. passar por entre a gente e ver-te assim... a surgir... devagar
... qual da névoa vespertina... por entre a rotina, qual da simples neblina - dos rios e vales que se abriam quando olhávamos pela primeira vez...
abrir de par em par... braços que servem para abraçar... linhas que caminhamos... e letras... tantas letras secretas de músicas que sempre inventamos...
agora quais ecos sonoros nestes lugares virtuais... antes risos bem prezados... de mão dada traçados... pelos caminhos que trilhamos entre os verdes mais simples e iguais...
florestas de árvores humildes... e ecos de passos simples, que jamais nos vão assustar...
e no coração o tempo fazendo sentido... e à volta descrita a palavra amigo... abeirando sempre sem se perguntar...
chegando sempre antes de se anunciar... esticando um pouco o ser a passar para ver mais no olhar:
universos dessa intimidade que se partilhava na cercania... cosmos viventes quando entre tantas gentes a tua voz assim ouvia e nos unia... e sabia distinguir a alegria entre tanta melodia afim...
agora qual uma estrela pequenina, quanto mais sozinha na noite mais brilha, por não se ver estrelas como a tua assim... ainda em mim...
...ora a pairar sobre os seres humanos, a serem reflexo por entre os rios e lagos... a se deixar estar num qualquer lugar...
na névoa de uma manhãzinha sempre fina... qual cortina feita à mão... pintada com cores garridas que refletem ecos de todos os dias e celebradas sempre perto do coração...
...quem as via nos ecos da tardinha, quando voltava a ver o que não se tinha... apenas cuidar o tempo e lugar para se voltar...
...a sonhar qualquer ser simples sonharia... poder estar assim um dia... e repetir sem mais o bem querer... e assim anunciar espelhados... os olhares por todos os lados... já não mais fugidios - fixados - sem terem tempo a perder...
...ora algo a temer...
nesses lugares aonde o som dos altares de cinza e betão, refletiam as gargalhadas das crianças aninhadas por aqui e além... sempre emoção... que era singela, que não corroía, poisava à janela...
a ver o tempo germinar... e quando ria... a idade sem tempo reconhecia, a mesma humanidade por aqui e além a acontecer...
o coração da cidade lateja
o ser humano almeja
e a comunidade sonha
qual ir e voltar
a paraísos etéreos
aonde já não tão sérios
deixamos as máscaras voar
encontramos fundamento e voltamos a renascer
e nas asas do vento, recuperamos alento para acreditar
e nesse exercício
jamais programado,
por tudo e em todo o lado
ouvimos e vemos o ser humano
de novo a voltar a crer...
nessa tua humanidade jaz a minha
nessa tua verdade assim cresce
esta melodia que ressoa triste
entre a voz que anoitece sem querer
e na vontade ainda aninha
essa nossa sorridente criança
sendo sempre a que definha
volta sempre para nos perder
do que pensamos ser
do que nos prende ao se prender
do que nos faz voltar a errar
nem a linha nem a aresta nem o livro nem tudo o que se apresta
a se deixar tomar, com algo de realidade, sentido comum e verdade
sonhar que estas aqui, que estes milhões de humanidades também sorriem por ti
que nestas melodias sem pares, também estás ali,
aonde se juntam dois ou três em teu nome
sem o saber de cor qual ser que some, voltas uma e outra vez
é a tua simplicidade, o que é mais vivo sem ter rosto ou idade
é o teu jeito de estar sempre ai, quando lês palavras sem rosto
quando dás cor e luz ao meu sentido tosco
quando iluminas poesias,
e abres veredas aonde se não viam
e ficas mais perto na lonjania...
és tu que me fazes voltar
a crer, a erguer, a creditar e sonhar
e se não estivéssemos ébrios desta solidão
se não estivéssemos a cantar e dançar ao mesmo som
tantas rimas perdidas, tantas palavras vazias, tantas linhas expeditas
e gestos técnicos que não ditas, ficariam aqui por demais...
este espaço, por entre todos os virtuais
é para ti que sonhas e não sentes seres a mais
se cuidar é dar de nós
humanidade de não estar sós
se ensinar
fosse seguir a voz da verdade
nesse padrão de felicidade
e o coração assim a preservar
e se o tempo que dedicamos
uns aos outros sem ser escravos
das agulhas do tempo já marcado
velho e esfarrapado
e assim voltar a sonhar
vivificar todo o momento
dar de nós o que levamos por dentro
e já mais não ter medo de errar...
coragens de outros instantes
heróis amigos e amantes
ou simples seres humanos
a caminhar em seu vagar
seres de Domingo, apenas
quando a bem ou mal ou duras cenas
há sempre algum pássaro a voar:
uma folha garrida a pairar
uma brisa na areia a desenhar
um olhar iluminado em todo o lado
um ser humano espelhado
um recanto sonhado
uma melodia que jamais se tenha cantado
um poema sem ter tema... a jorrar
do peito... bem aberto
desse nosso terno sentimento
esse que se faz querer entre os beirais
e linhas de cores garridas
e esplanadas nem cheias nem vazias
e avenidas deste correr...
chegando mais perto
passo a passo
por dentro
palavra a palavra
sempre atento
a esse peito que por dentro se abra:
para a humanidade voltar a mostrar
e nessa estrela luzidia
nessa linha que prenuncia o dia
ver alvoradas a voltar
e no caminho, jamais sozinho
esperar que a tua vontade
seja qual a minha verdade
e se possam voltar a encontrar
a quem interessa
se pensar depressa
e num poema qualquer
disser algo semelhante
uma frase inquietante
que nos ponha a reconhecer
um segundo perdido, uma palavra de um velho amigo
assim deixada para atrás, um momento sem idade
sem estar sedento na cidade, desse licor de humanidade
que se bebia campos afora, que se perdia ao se ir embora
e que ainda flui qual coisa sem se ver,
qual um algo a adquirir sem se deter:
a pensar, que tempo é qualidade
que a vida tem vontade
e que humanidade traz verdade
se não se mentir pelo que se faz
encontrar recantos sem estarem vedados
olhar nos olhos sem estarmos fardados
a representar, palavras desta oficialidade
em nome da profissionalidade
nos levando longe demais...
uns dos outros, sempre outros sempre a desconhecer
e ver o rosto ferido, desse ser que também digo
esse que vai aonde nada maia há
quando o ser querido era simples
viemos para voltar a encontrar
o tempo para se ter tempo
para se saudar e ser saudado
olhar nos olhos sem mais cuidado,
e erguer a mão... para acariciar:
veredas sonhadas faces mostradas e sempre algo novo a se comentar
que nós sendo pequenos, contávamos tantos segredos que até os devanceiros
que eram dos últimos os primeiros, ficavam com sede no olhar a arder
desse reconhecimento, que se ganhava sem querer
desse ser simples por dentro, criança a renascer;
e não mais ser fábricas ambulantes, produzindo por instantes
produtos sem mais, que ser humanidade era ser em verdade
para todo o ser que, em comunidade, encontrava a felicidade
no simples, ainda plantada, estava a semente da virtude sem jamais ser semeada
apenas seres simples, sem mais tantas penas deixadas, asas de sonho espelhadas
ao ver nascer o sol, ao sentir o rouxinol a voltar a cantar, ao ver a luz de uma candeia
a cintilar, mil e uma estrelas acesas nesse lugar a nos inspirar, e nessas risadas singelas
que transpareciam cortinas e janelas e chegavam às ruas sempre cheias, desse algo a passar
umas vezes um rosto de amizade, umas outras um ser sem idade,
outras tantas, tantas e tantas vontades!...
à volta da fogueira sem sequer imaginar
que o calor dessa verdade
fosse tão simples de se acender
e no peito amigo voltar a pegar
espera! dança comigo
nessa melodia que já não sigo
por estar sempre a correr!...
quando tudo parece falhar
e não há alguém com quem falar
e parece que nada vale a pena
que a coragem se torna pequena
que tal descrever para quem seja
esse poema que por dentro almeja
essa nostalgia pelo renascer do dia
nessa noite qualquer
tempo no que a sombra
parece se estender...
e esperar, que a esperança seja verdade
que apareça num qualquer rosto sem idade
entre tantos seres humanos ao teu lado
não pode o calor humano ficar velado
por labirintos desse outro ser e fazer
realidades que se deixa por dentro
qual a melodia feita num lamento
como algo que se desdobra...
aí aonde o tempo não sobra...
até voltar a inspirar, sonhos de felicidade
por entre as ruas molhadas desta cidade...
rostos sempre velados;
pelas máscaras tapados
rostos desse saber sorrir
para todos os passos dados,
em tantas direções espalhados
e voltar a encontrar ecos passados
desses corações cheios quando abraçados
que desdobravam o tempo
nos aqueciam por dentro...
davam sentido ao sentimento
e anunciavam futuros originais
quando nos abeirávamos
instantes sempre perto
quando nos olhávamos
e falávamos de tudo o incerto
e juntos espelhávamos vontades
rostos sem terem tempo medido
sempre na vontade do encontrar
o que nos era sempre querido...
um recanto sereno,
um instante ameno
um fruto do futuro a se plantar...
juntos! ...livres... serenos
como quando pequenos...
sós; nós, no sono profundo
desse tempo de vazio
nesse mundo perdido
não ai há já mais lugar:
voltaremos, se assim queremos
aonde o tempo jorra de novo
para nos vivificar; e o sentido
é contigo e comigo,
de novo a nos mostrar
em tudo o que ouço e que digo,
assim a escorrer por ti e por mim afora
para se voltar a acreditar...
sem ter de ir embora
para mais nenhum lugar...
letras sempre vivas se fores tu a olhar
pois entendes o peregrino ser migrante
que tem qual o sino o dom de dar e voltar a dar
voltas da vida pendente no gesto da vida corrente
que nos assegura e sempre dura, nos leva a querer voar
outras vezes nos afaga, além do frio que esmaga,
carícias de abraços sustenidos
entre melodias de bemóis...
gestos por entre suspiros... sempre vivos...
ecos de palavras de afeição a se partilhar...
coração que se quebra e despedaça, por cada olhar no que passa, sem encontrar o olhar de irmão
coração que sendo vivente, pertence a tanta gente, que não cabe bem em nós
coração que de ter coragem, navegaria na boa aragem e estaria ali onde fosse
feliz por vontade, num rosto sem idade, num lugar sempre ao sol...
chuvarada bizarra, lugar este que nos amarra e barcas sempre à espera de voltar a vogar
para outras paragens nestas miragens que nos cegam e toldam o olhar...
o sonho é verdade, olhar sem tempo a claridade, ver os olhos a de novo a brilhar
sinal secreto, sempre discreto, de que se está a voltar a acreditar... em ti... em mim...
em regressar
ainda não, ainda não me esqueci...
de nós e do sonho ainda não desisti
olho quem passa despreocupado,
encontrar-me sempre perto de ti:
tu e eu lado a lado, abraçados pelo sonho ainda velado
no calor dos recreios, por entre os túneis vedados
olho os passeios sempre cheios do teu rosto amado...
voltar nessa melodia bizarra, vagar de ser a voar...
no olhar as flores que sempre agarro para as levar;
na luz da presença, por essa cidade que pensa:
em casa, nesse lar,
lugar que não passa...
nesse calor a se partilhar
estás sempre presente,
és aqui realmente
dás luz ao ser a voltar:
mesmo lugar nesta vidraça bafejada,
num dia qualquer entre tudo e nada,
nesse meio termo que berra por ser mais
nessas linhas desenhadas...
pelas palavras bem amadas
das poesias escondidas
melodias sempre vivas
que guardei para te contar...
ecos pressentidos das ruas e lugares vazios, esquecidos do querer
ao sair no pavimento molhado, olhar por todo o lado, o reflexo desse saber
que renova a idade, que nos faz rir sem vontade, que nos põe de novo a olhar
tudo e todos num outro ser a passar, numa nova face a corar, numa praça a pintar
cores garridas, melodia de todos os dias, risada que levamos por dentro ainda por revelar;
antes pintura deserta, tela cheia de nada, olhar que se aperta para ver bem a estrada
o caminhar entre curvas discretas, deixar atrás todas as rectas para ver o horizonte a se elevar
cheio de florestas ainda por se caminhar, pleno de mistérios por desvendar, poesias e histórias a partilhar
querer que nos abre de par em par, dar de nós tudo sem deixar nada para se guardar
ir de porta em porta e tocar sem querer, esperar a resposta que nos abra janelas para o ser
e humanidades, tantas! nos ecos da luz da cidade exata, música e eternidade sempre incauta
que se desprende de um olhar qualquer, que se depreende no rosto cansado de um ser mascarado de homem ou mulher...
livre entre o tempo, fiel ao fundamento, de correr sem sair do lugar e ver, horas pendentes, montes de gente e o segredo desse livre ser a cantar... recanto qualquer, história de mais querer, viver e sorrir sem ter uma razão parar e rir mais... entre tantos encantos, sentimentos e regatos a pairar nas avenidas cheias, floridas de laços e tiaras enfeitadas pelas luzes mais simples e raras, pelos recantos encontrar surpreendidas as secretas curvas das rectas avenidas nesse algo que nos faz exultar... desprender olhares garridos, por entre os seres queridos que se viam antes de o ser, agora reconhecidos pela luz terna desse desviver, que nos abraça entre a praça, que nos eleva na brisa serena que passa, que nos manda porta afora e que leva o lar para já mais não voltar... a ir embora;
e de novo o descrever,
o que te diga a vontade
voz interior sem idade
cada vez mais a sonhar
poemas nesse dia... diferente...
caminhos entre tilhos de gente
começar o dia bem devagar
passo a passo levantar o olhar
e levar as asas do sonho
ali onde tudo é medonho
plantando veredas de encantar:
encontro entre o que se procura
no tempo ali onde tudo perdura
ventura de ser livre para inventar
a melodia de não mais terminar;
um dia crer e dizer sem temer que se quer encontrar
outro dia ir embora, sair pela porta fora e regressar:
rever horizontes jamais desenhados,
locais de sonho assim... sempre amados...
nesse ser dentro da cidade
tanto passar sem notar,
vida cheia de encantos
jardins ternos a germinar;
até caminhar de novo, com passos de gigante;
ser criança de existência eterna bem renovada
indo pela avenida fora qual vereda mais amada
eternidades escondidas na luz de cada instante
ver a via aberta à tua frente, semente a germinar:
águas vivas, gentes viventes, veredas iluminadas
passos por entre locais que não eram mais nada:
pessoas na rua,
a passarem a estrada,
aventuras da vida renovada
nesse dia - sem mais:
palete de cores garridas
entre cinzas de vidas
agora quais andorinhas
por entre os beirais
rodopiar entre a brisa
encontrar a premissa
de assentir sem querer
a uma pessoa qualquer
caminhando despertos
de rostos abertos
uma outra vez...
ecos de carnavais de cores garridas;
entre as máscaras pela vida vencidas
aonde crescem
por ti adentro...
flores de Inverno
esperando nascer
na forma humana
que nos irmana...
Homem e Mulher
estradas trilhadas por outros sons a passar...
ecos de passos que estão a partir e chegar...
e nesse vidro rasgado, nesse gelo riscado...
escrever letras latentes de amor,
odes sonoras ao se compôr...
em poesias
palavras vivas!...
temas de sempre
gestos de todos os dias
na mente ainda sendo:
qual a alegria e o amor...
vivos e enamorados
espelhados e espalhados
por todos os lados...
desse teu ser
ao meu querer;
anunciados...
elevados por essa nossa nossa voz a nascer...
em bel canto entretanto encanto a condizer:
inspirados assim...
alucinados
levar a mensagem
sempre
a mais e mais gentes...
as que poisam coerentes
nos seus nichos vazios
nos seus frios despidos
de nós e do nosso querer
nessa terna idade...
eterna... sem mais
- sempre incerta...
que aparece sem querer e voga ali aonde há luz a nascer
e dia sempre dia, qual no mais escondido ser a encontrar...
nessa nossa melodia que ainda nos faz rir e acreditar,
e no adormecer do segredo... desse viver... devagar
estrela perdida,
melodia escondida,
letra viva clamando
nesse sorriso velando
por encontrar sempre a teu lado
esse conforto desse nosso lugar:
no que lês sem contar as palavras,
no que sorris sem encontrar entraves
no que partilhas alegrias serenas...
portas abertas, lugares sem chaves -
gargalhadas antigas nesses teus dias
saudade feliz que sempre nos liga...
ali aonde ainda se eleva
essa chama que a tudo chega
a que nos entretece...
e aquece...
e não queima...
diria o poeta que é qual fogo que arde sem se ver:
na luz do teu olhar iluminado, num canto enlevado
num bulir entre a gente sem sentir o peso coerente
quando a preocupação bater à porta
quando o desassossego
aparecer qual tudo o que importa...
ouvir ecos de asas a voar...
vogar cidade afora e sonhar!
encher pulmões e cantar
desenhar novos poemas no ar
esperar que a resposta mais simples
apareça, no conselho amigo do qual aconteça
ouvir o coração a falar,
qual voz no silêncio
a descender... devagar
e dar tempo, pausar,
para que o ser alado
que te tem inspirado
esteja lado a lado:
contigo a caminhar...
quando o coração doer...
vai ao teu lugar escolhido
aonde ainda esteja um amigo
procura conselho de verdade
encontra o que esconde a cidade
o trilho que leva aonde sonhavas
lugares antigos onde antes andavas...
encontros escondidos, gentes novas
as coisas singelas das antigas trovas...
procurando te elevar, cada vez mais alto
até encontrar, o teu lugar sem sobressalto
e nessa rima sempre viva,
nesse ser a chegar;
vais estando cada vez mais perto
do teu verdadeiro lugar;
e neste cansaço...
desabar nesse abraço...
e voltar a sonhar...
nessa terra prometida,
nessa tela ainda vazia:
despertar em ti um dia
aves sobre nós a voar,
asas dessa fantasia
...do querer...
se...
r...
e... encontrar...
pairar... mais um sonho, mais uma vontade, mais humanidade para se poder voltar;
a casa, quem diria? que o renascer fosse esperado, encortinado no fim de um dia...
o abeirar, desse saber fazer, entre tantos que se desfazem e outros tantos a se erguer
devagar... no fim da azáfama... voltar por entre ruas, avenidas e praças... e chegar...
ali aonde nada mais espera... o sentir sentido de quem encontrou e já não desespera;
olhar olhos nos olhos...
encontrar de sonhos...
ainda sendo dispersos...
procurando despontar...
alguma verdade,
amizades...
mão em mão:
qual abraço -
que se entrega
em cada opção...
estando presentes
nesse viver realmente
que envolve e humaniza
nos faz gente e suaviza:
a dureza desse outro ser
quem corre e discorre
no ritmo vazio de querer
num local... pequeno...
entre cidade de imensidões
onde convergem crianças e estátuas gigantes
entre as ramagens dos arvoredos das multidões
folhas... sedentes...
balançando ao vento...
vogando e pairando quais aviões...
desse papel ainda por preencher:
páginas em branco do meu querer;
vogando na brisa,
indigente até poisar
nesse rosto qual carícia
sopro desse saber amar
nessas mãos, a repousar
nesse sol pôr
entre o doirado
folhas desse saber estar
presente acompassado;
outonos discretos que os vêm a passar,
risos novos que nos despertam o olhar...
luzes sempre acesas
qual vê-las sempre à mesa
cidades que não dormem
turnos sempre a cuidar...
desses recantos - enormes
onde vivem tant@s
sem serem demais...
e nos destinos entrelaçados...
tênues laços unem seus fados;
somos qual bem se quiser...
umas vezes empoderados
outras qual coisa qualquer...
e no sonho, um abraço ilumina
a mão em mão reanima...
o olhar sereno prenuncia confiar
o estar perto
ainda longe
faz o Ser
regressar
pequenas gotas de humanidade
nesta chuva sem se esperar...
pequenos gestos de verdade
aonde a cidade diz que é mais...
ai aonde me lês, descansa
o ser que eras, o ser criança...
ali aonde ainda te espero:
lume do lugar mais belo,
ainda há tempo sem contar
damos contas à vida...
que nos foi dada a cuidar;
pelas estradas jamais traçadas
pelos caminhos desse ser a andar
pelos vales e montes amadas
pela luz serena no teu olhar...
por ti que nunca soubeste
ver e viver devagar...
chegar no sol pôr...
por ser forma de se chegar
pelos lugares aonde ainda se reuniam...
para celebrar de tudo ou nada o que bem sentiam...
pelos tantos
que eram poucos
para a grande mansarda...
imensos sem serem demais...
que seres de humanidades estreitas
quais os lugares nos que espreitas
vendo aonde ainda eram a ser...
estórias de fantasia ou imaginação...
agora terrenos vazios por falta de vós...
melodias de encontro
fosse ao sol ou luar...
gentes que se perdiam,
sem jamais perder seu lugar...
aonde o amor de humanidade
esse eco sem ter medida...
nem tempo marcado
nem do lar nostalgia...
se bem se conheciam
aldeias pequenas
cheias de gente
se bem se sabia,
qual o destino
de não se temer
igualmente...
agora o teu nome
já mais não tenha sentido
quando a voz de outrora
dava o nome de um já nascido...
futuro abençoado
grito de humanidade por todo o lado
ave das cinzas a renascer
procurar pelos caminhos perdidos
à procura desse ser Homem ou Mulher
quem se sabia assim - sem mais -
entre as inquietações mais bizarras
que nos prendem às coisas banais...
aonde os montes e vales
aonde os pequenos regatos
aonde os lugares discretos
aonde tua mão na minha poisava
aonde foi a simplicidade de se ser...
...humanidade...
aonde as aldeias bem cheias,
de tudo o que valha a pena esperar
sem mais imagens de virtualidade,
virtude de quem se manteve original...
aonde assentir e viver sem idade,
no olhar a faísca que revela a verdade
tu davas-me a mão - era por sempre,
eu dava a mão e era a fraternidade...
aonde a comunidade,
ser comum perspicaz
ser honesto em sinceridade...
garantia que de tudo eras bem... capaz...
sem provas e auditorias que velassem mãos vazias
desse dar a mão, dessa força na fragilidade...
desse amor perdido... para sempre... sem idade...
se dos teus braços abertos soubesse
se o teu olhar o meu visse e entendesse
se dos ecos de maravilha ouvisse
a melodia do teu sentir o meu sentisse
e se de tantos fossemos poucos - unidos
entre-tantos nos tempos jamais vazios...
lugares de sempre aonde sempre encontrar
uma voz eloquente que fale simples qual andar
lado a lado, aonde quer que fosse o teu ser...
estaríamos encontrados pelo facto de viver...
e do olhar, um sol pôr, poisados...
quais seres alados depois de voar
num lugar sempre novo,
sempre nosso;
sempre lar...
de um a outro lado, vago
em um ou outro emprego, cedo
e a alegria do fim do dia, dispenso
e o chegar ao lar sem abraço a reencontrar...
os momentos ocupados, por assuntos de distancia social...
lugares bem amados, transformados em outros para aprender a amar...
nostalgia do ser de fado, eco de comunidades separadas, migrar para todo o lado
destino que nos une e embala, vagas do mar escuro por sempre trespassadas...
ecos de outras vidas nas minhas melodias, ecos de povo que nunca deixamos de ser,
ecos das festas de outrora - fantasia dos lugares quentes onde jamais se perder...
se gostava, que neste nosso caminho
betão mascarado, estrada para outro lado
tu estivesses aqui, em tudo o que vejo...
...em mim;
essa alegria do regressar,
essa melancolia ao partir devagar;
esse ser sem sentido que vivo a procurar...
esse testemunho esquecido a reencontrar;
tantas possibilidades, tantos seres que se encontram nestas cidades!
e nós, gentes simples, lançados à procura dessas realidades...
...saudades:
do tempo em que tudo era bem mais simples: uma ocupação que nos preencha...
um tempo para ser preenchido por nós e tudo o que já se pensa, antes ser querido entre vós...
migrar e sentir que levamos tudo cá dentro
procurar, o lugar e o tempo... para se voltar...
a ser qual felicidade,
a sentir esperança
sem tempo ou idade;
e acreditar, que cada alegria,
leva mais perto do despertar:
um dia, uma nova alvorada,
um olhar fixo em mim -
mais nenhuma outra morada;
para quem estarei a escrever?
entre portas abertas e mesas vazias...
reencontros a horas certas...
se os olhares se cruzam nas despedidas;
e esse saber de cumplicidade
que irmana neste labirinto no coração da cidade
algo mais vivo e ardente;
algo que caminha no ser de ser gente...
simples ao se ver no olhar...
humanidade se nos deixar:
eco das horas por ser preenchidas
ruas e as avenidas por percorrer...
Ser que ignora ainda ser criança...
humanidade vestida de homem ou mulher
poesias de horas cheias
imagens de melodias
com letras qual colcheias
e ao chegar o ocaso...
sem ser por acaso
preencher esta carta
descrita para ti...
expedita de ser e encanto
fechada em envelope de ser tanto
e entregue mão em mão... assim;
lançar palavras no vento
plantar num lugar - sentimento
esse tal balcão aonde te abeiras
esse tal coração do que jorram... a meias:
por este ser espelhadas
pelo teu querer reveladas
e em cada nova leitura
uma nova conclusão...
reticências reclusas
deste ser qual irmão
e se a fraterna palavra
fosse de venda em venda pregada
ali aonde se anunciam pregões e mais nada...
assim estaríamos cegos para a reviver
pois jorra de aonde também nasce o ser
seguir assim... entretanto...
dando um pedaço de mim em cada canto;
e nos ecos que fazemos... ao se ler
os versos têm em si o dom de condizer
percorrer as avenidas
cheias de gente... vazias
desse sentido que há em ti
desse ser que - perdido
- procura o lugar em mim
encontrar, um jardim de gente
aonde se poder abeirar
água viva, fruto ardente
aonde se comungar...
de ser e estar
entre emoções ou águas
a fluírem assim devagar
para que as vejas,
espelhadas...
no teu rosto
nas tuas pupilas
...iluminadas...
um riso, um gesto de calor
uma aproximar de humanidade
neste clima que conta a cidade
Inverno parecendo...
mas quente
por dentro;
calor de humanidade
um algo que se leva
ai aonde esteja a vontade;
uma réstia de esperança
numa noite escura...
uma estrela fixa
aonde tudo muda...
ver o teu olhar iluminado
por estar lado a lado...
saber que no caminho
não se caminha sozinho
olhar esta imensidão cadente
metrópole que nunca dorme...
ouvir cantar sereno entre a gente
essa verdade, sempre forte...
sentindo que há um sentido...
dando tudo por vê-lo cumprido...
ouvir amigos por perto...
um passo que se faça certo
frases pequenas para gente grande
palavras apenas para ser gigante...
soletradas... as palavras perdem graça
a poesia rima, chega e entrelaça...
desde esse coração que a lê e entende...
saltita ao som de uma melodia cadente
está entre tudo e por entre toda a gente...
quando damos um simples abraço
de humanidade sempre quente!
quando sonhamos realmente...
cremos, nos unimos e vamos em frente!
sei que hoje é difícil seguir linhas a mais... que nos temas que ateamos nestes ecrãs virtuais teríamos de respeitar o marketing das empresas que nos vendem os mesmos temas que partilhamos... humanidades que se desprendem, sonhos que se perdem nestas avenidas, ninhos simples que se tornam guaridas e pequenas obras de mestria entre a tela sempre vazia...
se chegasse, se uma fotografia falasse, porquê escrever sempre mais? se os rios de tinta espessa brotassem a jorros no que se pensa para quê vos esforçais? poesias dos nossos dias que se penduram sempre mais, prosas serenas e discretas entre técnicas e poemas das tecnologias digitais... criamos gaiolas rosadas para pendurar risadas entre seres iguais...
e isolados, lado a lado, colocados por entre o entramado de ruas e beirais, destas cidades de letras capitais, entre tantas melodias, outrora esguias que se engrandecem sempre mais... e sonhamos e cremos que nos abeiramos quando nos vemos nem nos olhamos e quando estamos parecemos que já não há jamais... que ver e descobrir na humanidade, no estar perto sem tempo e sem idade, comportamentos sempre grupais...
crianças educadas em casas quadradas, adultos às voltas nas esplanadas e seres de idade vagando sem vontade... quadrados entre linhas planificadas aonde as letras entrelaçadas das humanidades já não parecem ter valores iguais...
e o tempo ser qualidade, marca mais a vontade que tudo o demais... preencher de mim este grito, exato pertinente expedito, lançado qual cápsula espacial ao espaço sideral esperando encontrar vida aonde nada mais havia a não ser estrelas e constelações siderais...
e nessa terra prometida, por ora ainda vazia, esperamos plantar - um laivo de esperança para todo ser criança que ouse se abeirar... desse ser recatado, que passa ao nosso lado, à procura de ser qual os demais... e nessa esperança velada - entre o tudo e o nada - berrar! e lançar num milionésimo do segundo o que está neste meu mundo, para os corações vivenciais...
e esperar... uma resposta - originais - que regressem de outras vozes que fujam dos seus algozes e nos elevem a par, que sejamos mais que um, que dos medos tenhamos nenhum e dos sonhos algo no que repousar... se desse abraço em cada espaço nos reconhecesse alguém - milhões! são milhões de corações palpitantes percorrendo cada instante e nenhum se encontra aonde já há mais?!? estranha sensibilidade de um tempo sem idade aonde a ida não tem volta e ao voltar da esquina se encontra o mesmo olhar...
ecrãs, que se levam, no bolso das calças e nos formatam ao seu tamanho singular, cortamos pedaços para entrar nesses abraços virtuais... marcamos tempos nas agendas sempre iguais, esperamos que a tela colorida nos ensine a colorir - enquanto a humanidade vazia se desfaz ao se esvair...
somos o cheiro a presença a humanidade desse gesto de eternidade que nos levou ao extremo da expansão, do nada voltamos ao tudo, sem camisa, sem mais sobretudo do que um abraço qualquer...
esquecemos depressa essa serenidade, deixamos de dar prioridade e escolhemos uma coisa sem querer, uma voz de sereia sempre na maré cheia, levando aos rochedos de praias esquecidas num mapa sem marcar... esperamos que essa longevidade nos devolva a salubridade que esta juventude deixou para atrás... e entre o sonho e a realidade a linha que nos pauta a vontade parece recuar cada vez mais...
assim fica expressa a vontade de quem meça esta humanidade a berrar, e entre canais e escolhas ficamos nas escolas do tempo virtual, realidades relativas que para uns são vidas e para outros apenas perspectivas deste novo querer... uma coisa qualquer melhor do que a anterior...
agradeceria, cometários sobre a nostalgia...
neste esperar, fazer-se algo útil
entre a arte subtil do rimar...
como um nascer do dia:
lançar pontes sobre o desespero,
para ver a luz do teu olhar de segredo
pintada sobre a estrada pavimentada
a sorrir e assentir, sem mais nada...
alvorada...
a sorrir, quem sabe...
assentir sem tempo nem idade
quiçá a ver além do ser real:
o escrever sonhos indiferentes
por entre as melodias
e os dons de gentes
que aqui pairam pelos beirais;
palavras sempre veladas
letras sempre a mais...
e doces sentidos,
para sempre vivos,
por entre os temporais;
destas sombras nas avenidas
quando se recolhe a luz dos dias
e as horas se tornam invernais...
rimar quais obras primas...
frases às que aspiras
entre olhares sempre iguais...
desencadear de fantasias...
quando os temas que dizias
eram os meus breves finais...
por entre reticencias das belas ciências sociais,
estar perto na distância que nos gela os ideais;
ao descobrir cada poema numa linha seguida dentro de uma cidade qualquer...
e entrar de investida, sem aviso prévio nem guarida, para seguir os teus ideais...
e ver que cada tema tinha uma sequela escondida esperando o teu ser de Mulher...
passear pelas guaridas das ruas e avenidas pare se ver, cuidar, assim mais os animais...
e nesse Homem perdido, entre tanto ser escondido, que espera uma esperança para renascer
voltar a crer no ninho, neste lugar - sempre sozinho - neste entramado aonde ainda as vemos iguais
a estrela cadente, nesse horizonte - a mais quente - a que anima poentes sem velar, a que te levanta na madrugada quando se apagam as demais...
nesse teu olhar, a olhar o meu...
nesse teu sentir, a viver o céu...
nesse teu querer, avivar sem mais
luz do horizonte,
linha terna que nos une,
promessa de um novo amanhã...
aonde se elevam as trevas quando tudo o que temas seja realidade sem fim
quando o nascer do dia seria nova alegria para ti e para mim... se chegasses
aqui... a este recanto, a este poema sem encanto,
a esta letra sem melodia para se poder c@ntar...
palavras ao vento,
sobre o sentimento
nesse algo que chamamos amar
a sós, nessa imensa borbulha que flutua por entre os laivos de solidão
sempre nós, ess@s que se encontram por entre laços sem voz...
e nessas telas - ecrã palpitante,
fazer surgir a emoção de um instante;
palavras a mais, sons entrelaçados,
os mesmos versos de outros fados:
destinos que são sempre unidos,
jamais separados, pela imensidão...
esperar... que me leias...
que nestas páginas cheias
possa haver espaço para mais
palavras de sonho e ideais...
reencontrar, rumo entre vagas de gente a caminhar
descobrir, plantas e mundos de sonho por colorir
partilhar, a luz da tua presença o silencio no teu olhar
e ir, para aonde ainda exista tempo para se unir...
sentir, essa maré eterna sempre a subir
vogar, no imenso imaginário e voltar
a crer, a estar, a viver no esperar...
e assentir... sem mais nada;
dizer sim em cada curva da estrada
pensar que estás em cada dedada neste poema
e em cada melodia desse teu imenso tema...
ouvir, as tuas peugadas ao chegar...
e sentir que este coração volta a acelerar...
se me lês qual por terra adentro
qual ria desse oceano sem fim...
se ouves os versos,
palavras partilhadas
por ti e por mim...
recriadas...
estar entre ondas de tormentas
e na pequena ilha aonde te aguentas
ver mais e mais ondas a passar
e essa barca incerta
que te leva pela porta aberta
e essa vontade de voltar
a crer, amar, sonhar...
remos perdidos, leme à deriva, velas roídas...
e as pessoas... a passear...
entre as ondas das avenidas...
olhando sem te ver...
quem te reconhece nesta maré?...
tantas gotas de água de humanidade...
passando nas artérias cheias desta cidade...
navegar neste mar de tormentas
e triunfar aonde parecia que tudo se perdia
encontrar uma luz na noite qual nascer do dia
e sonhar como antes esse amor que sempre condizia
pontos de encontro a se encontrar
horas vagas para variar
locais com gentes diversas
tudo alinhado entre coisas adversas
se por uma vez resultasse
bater a uma porta
entrar, encontrar e ficar
se por uma vez resultasse...
mas nestes espaços vários
neste mudar de portas e armários
neste divagar - procura-se,
experimenta-se
e volta-se a tentar...
não há chão firme, nem porto seguro
o mais sólido que se encontra está ao pé do muro
da rua, da avenida a passar,
num piscar dessas gentes
entre o verde e o vermelho a divagar...
e sinto tanta saudade
do meu sonho sem idade
e nesta imensa cidade
ir e voltar à vontade
e já mais não ver desencontros
se não olhares reconhecidos
onde antes havia apenas pessoas
que surgissem bons e verdadeiros amigos...
que enorme certeza;
entre montes de gente
encontrar abrigo, reconhecimento
não apenas um olhar ausente
e neste cantar sem questão
neste vagar com razão...
encontrar lugar
não só no que faço
assim também
no coração a passar...
na luz do teu olhar...
ir e voltar
e em cada nova vaga
o ser que não se para
recomeça a caminhar...
e vamos e vemos e voltamos
em cada espaço, em cada novo passo
um silêncio a desafiar... e em cada nova pisada
nesta via, nesta moderna estrada... seguir sem hesitar
pulsátil, ágil, volátil... qual o sonho que nos foi dado a cuidar
essa promessa de flor mais bela que se encontra à janela do nosso olhar
essa luz estranha que nos ilumina em cada novo instante desse ser humano inquietante...
esse ser efervescente que nasce e renasce entre a gente quando se junta para celebrar
esse algo efémero que se desprende qual um cabelo para vogar no sopro belo dessa vida a palpitar
e no cinzento escreve poemas ao vento e espalha pétalas de prosa entre azul e rosa...
essa inquietude que não nos larga mais, essa longitude sem medidas iguais
loucuras a horas incertas, por entre as certezas, sempre secretas
compassos sem linhas rectas... e réguas com riscos a mais...
e nessa explosão saborosa
nessa imensidão glamorosa
nesse momento... tu vais!...
descobres florestas abertas entre os beirais
encontras lumes acesos nas pedras dos locais
fazes festas quando não é tempo das tais...
e o tempo voga para lá seus segundos iguais...
ao estar sentados
ao ficar cansados
calad@s...
tantas avenidas e jardins
tantas folhas... verdes e coloridas!
tantas gentes em vestes de cores garridas...
ao se olhar
no olhar cego
desse ser de credo
que olhamos sem hesitar
que nos revela telas sem fundo
e mundos por desvendar... e ao se levantar
caminhar de novo!
respirar, sem nada a restringir o sonhar...
e do entramado de suor e umidade
entrar num outro eco que diga humanidade;
nestas avenidas sem fim
colorir portas abertas
para ti e para mim...
verdades ainda incertas...
das conversas veladas
sobre um pouco de tudo e de nada
fazer avenidas férteis de cores iluminadas
de janelas abertas ao sonho infinito!
cantares das palavras no que não está tudo dito
e do carnaval nesta mascarada
olhar além do rosto e ver o tudo e o nada
a dançar... entre o poisar célere de pés investidos
de asas de sonhos outrora prometidos...
e nestas reclusas de informação
ver águas desses lugares
dessas outras idades
desses outros portos de navegação
paragens... imensas!...
não só o que dizem que pensas...
se gostava de te encontrar
se caísse a minha miragem no teu olhar...
se tantas possibilidades fossem ecos reais:
melodia secreta que nos faz procurar sempre mais
se desta condicionalidade encontrasse uma palavra simples
um eco sem noção de nação ou idade... um eco de verdade
um grito secreto que se pudesse cantar e ser musica serena
nesta forma de caminhar...
marés de gentes...
tantos seres iguais;
e desde as nossas humanidades,
ficar à espera de outras realidades
que nos reunissem mais e mais!
neste canto de desespero, neste labirinto de medo
neste lugar... há sempre esperança para se voltar...
a começar...
pela letra mais simples...
"a" de "amar"...
e descobrir caminhos velados
que nos levem para outros lados
aonde o ser simples importa
e o amar não tem mais volta
aonde ainda existam
paraísos terrenais
e pessoas cheias
de humanidades a mais
e se ainda estamos
condicionados
pelos medos que nos vigiam
mascarados...
então abrir asas e voar
e no voo,
nesse trilho secreto
abraçar novos (e ternos) ideais...
quando se não entende
a linguagem da gente
quando tudo
parece obscuro
nem transparente
nem seguro
quando te apressas por chegar
e chegas e vais chegando...
a nenhum lugar;
quando te precipitas
uma gota neste oceano
e hesitas... por estar só
tu és a água
do rio diário
do mar que nos cerca
do oceano que nos inunda
desta humanidade jocunda
que é fértil em obra e pensar
e voa aonde não mais se pode chegar
nestas ruas de pavimento
e betão armado...
quando caminhamos sempre sós
mesmo estando tantos lado a lado
podíamos ser tu e eu
podíamos ser só nós...
podíamos assentir em silêncio
no mesmo olhar, na mesma voz
paraísos perdidos, ecos resumidos
caminhando desde vários sentidos
artérias... imóveis;
sentidos... pobres;
itinerários que convergem
ai para aonde se olhar
e não se depreendem...
é aprender a vogar
nesta onda chamada "lar"
gente aplaudindo, latejares sentindo
uma praça cheia, entre teia e teia
num entramado de suavidade
em cada eco que clama cidade!
instrumentos de percussão
que latejam ao mesmo som
na melodia do dia a dia
ecos da melancolia...
esses passos meio abafados
trazendo sons de outros lados
praças desertas desse tempero
fazendo abafar o medo...
e no caminho entre ninho e ninho
ninguém está sozinho...
nesta floresta de quem ama e não se detesta
conhecemos... desconhecidos...
estão nas ruadas sem princípio nem fim
estreitas beiradas abertas
em ti e em mim
ruas de escadarias certas
aonde só o céu não tem confim...
neste entramado coerente
neste fluxo entre gente
nestas portas sem janelas
abertas para vê-las...
neste local sem fim
nem final...
aonde as gentes
nem andam bem
nem passam mal
entre os sorrisos mais prezados
e saldos nesses outros lados...
nestas estátuas, vazias de vida...
gentes que procuram o nascer do dia
ecos de vida passageira...
por avenidas de outra maneira
sentado, lado a lado
sem nos olhar...
vemos horizontes pesados
que passam devagar
e lá ao longe
uma voz prenuncia
a paragem exata
desde onde
renasça o dia
Se penso, que houve tanto caminho para não se chegar...
Se vejo, uma a uma as imagens perdidas para te encontrar...
Se mostro, as chagas abertas neste vagar...
Se sinto, tanto deste mundo só dentro do meu olhar...
E, sem mais, deixo o presente erguido, num pedestal
Um verso escondido neste ser de cristal...
E pensar em esquecer... devagar...
as paragens secretas que me ensinaste a pisar...
Até um dia, nesta noite que não quer terminar,
nesta alvorada que ainda não nasceu
em quem vejo por aqui a passar;
Reflexo escondido desse lugar
Onde tu e eu nos encontramos
para bem celebrar...
Versos simples, palavras discretas, olhares transparentes, paragens secretas...
E voam anjos disfarçados, entre as florestas nas que me pensas...
E descarregam tempestades por entre estas planícies desertas...
Luz do teu ser, imagem do meu pensar, horizonte de linhas varadas
Barcas encontradas para voltar a navegar...
E pontes! De vida!
Essas que sempre nos uniam...
Nesse terno e discreto palpitar;
Desde águas mais íntimas que se crescem ao se corar...
E nessa tela... entre branco e cetim, onde gostava de estar;
suavidades sem idades
que nos tocam assim...
A ti
(que me lês)
e a mim
(sem fim)
Os gostos, as texturas, as emoções e os montes de pedras tão belas... tão duras!
As gentes, no seu olhar, mergulho entre ondas e ondas que se repetem sem cessar!...
As ruas, exatas, as praças que neste vagar eterno
reluzem como pratas... calor de inverno
Tão longe e com tanta vontade de se estar perto!
E o renascer,em cada dia alimentar esp'ranças e voltar a crer!
E o definhar, em cada momento no que a névoa cega o teu olhar...
Pontes que unem margens, sem rios para se parar...
docas secas... sem barcas... sem novas águas por onde se navegar...
Artérias pesadas de gentes que vogam ao som de um mesmo cantar
Coração de nação, entre tantos corações a palpitar!...
Quando procuro, o teu olhar;
Quando caminho, por entre ruas e prédios...
Sombras erguidas sobre este meu ser...
Ainda chão por pavimentar;
Quando não estás entre tanta gente!
E sinto que perco o meu lado coerente...
Quando te procuro e sei que te vou encontrar
essa força indiferente que não tem forma de parar...
E sempre, sempre encontro essa pendente
que há que subir sem cessar...
olhar o cume e imaginar
essa tua estrela a cintilar
para mim é noite,
ou lusco-fusco do ideal!
quem sabe se será premente...
apenas esta vontade de te amar
e na noite a alvorada demora
a hora é senhora
e o amor não tem forma de entrar
e eu não paro de te chamar
perdido entre tanta cinza
do que foram os sonhos
que deixei de alimentar...