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quinta-feira, novembro 27, 2008

Idades

Quando se navega no mundo das realidades, cedo se precata o navegante, da falta dos sonhos concretizados em tais imagens.

No mundo, a justiça é um ideal, o amor uma quimera, o sentido da viagem irreal e a sensação de certeza uma ideia.

No mundo real o poder reina mas não impera, pois é oco e baço e não traz verdade ao ser que anela.

Assim, louco num mundo de sãos ou são num mundo de loucos, procura-se uma veste cinzenta, que passe por entre o branco e negro sem muito chamar a atenção; até que um certo dia… se desperte numa qualquer casa alheia, cheia de gente alheia que corre ao ritmo das agulhas do relógio alheio; gente que nos trate como parte do seu trabalho e nos diga como fazer as coisas…

E nós ficamos a ver a esfera dos dias passados, rodopiando como que se deleitando com o vazio de cada inspiração do agora, presos na intensidade dos dias de outrora; partilhando alguma que outra conversa mais banal, dando toda a intensidade em cada passo ou em cada colherada de sopa que nos vão metendo à frente dos olhos…

E é que a vida corre e nós temos de ser rápidos nas escolhas de cada entroncamento que se nos depara, rápidos e certeiros, para não ir perdendo o tempo que nos é dado malbaratando-o em devaneios enfatuados ou entre fantasias idiotas.

O real são as pessoas e os laços que com elas estabelecemos… e lembrar que a primeira pessoa que (dês)conhecemos, desperta todos os dias connosco ao espelho.

Abraço e até breve.

segunda-feira, julho 28, 2008

Escrever




A escrita relaxa… inspira e deixa a mente fluir - como se de um regato bravio se tratasse - entre colinas correndo.


A escrita retira o homem do ruído comum e o eleva ao silêncio das palavras, seus ecos mudos ribombando na mente.


Deixar as letras se entrelaçar e delas fazer arte é tão maravilhoso como transformar números em catedrais.


Enfim, um bálsamo para a pressão dos dias que correm, num correr devagarinho entre o que habita cá dentro; um soletrar ao de leve as coisas que se sente, vistas desde o pensamento e esboçadas em símbolo na folha que se lê.


Até breve.

quarta-feira, março 26, 2008

The Shadow of the Day


Estava a ver e ouvir uma nova música de um grupo estrangeiro de actualidade – os “Linking Park” – intitulada “The Shadow of the Day”.

Onde nos esquecemos que o mundo não é como é - mas como nós o vemos - devo lembrar que não vou deixar um tema musical, uma notícia, uma telenovela de guerras encadeadas roubar-me a esperança.

Se a sombra do dia envolve o mundo em tons de cinzento, então eu devo procurar um Sol que brilhe para mim, mais do que sentar e ver como o Sol se põe para mim (tal como sugere a letra da música).

Que o Sol da esperança, que os valores que aninham no nosso peito, brilhem sobre a sombra do dia sempre que este pareça encoberto em tons de cinza.

Abraço
P.S - fica um link, não para um park mas para um artigo que me enviaram e que achei interessante:

sábado, março 01, 2008

Escrever

Escrever…. Para deixar fluir a inspiração que levo dentro, para dar azo aos horizontes longínquos, para voar onde posso e devo….
Escrever.

Entrelaçar ideias nas linhas, paços na miragem, encadeando pensamentos em catadupa que jorram como cristal de mil imagens.

Escrever porque sei, escrever porque gosto, escrever porque libertando a mente liberto o meu ser dos grilhões de ideais já trilhados, de momentos já vividos, de invenções que se ficaram e que passam agora no canal dos dias perdidos.

Neste tumulto de becos sem saída, este vibrar que não cessa nem medra; ficar-se nas ondas suaves de ideias amigas, ecos distantes que nesta cabeça aninham.

Uma a uma palavras passando, como ondas num mar de veludos esbatidos; uma a uma as saboreando, como mel de jardins outrora perdidos.

Fico no sopé da colina, na margem do mar, no limite da ravina – olhando ao de longe como o meu verso se vai fazendo cantar… cantar que corre, cantar que quebra as linhas nas que se confina e vai para além do pensar.

Emoções aos milhares, séculos de pensamentos arrumados em gavetas de sonhos podem assim voar… Vão! Não se deixem ficar, vão!

Não soçobrem perante o vento da ira nos dias de hoje, não fraquejem perante os medos que nos farejam como animais, não se deixem ficar… vão!

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Quando caio



E que acontece quando caio?

Que acontece quando falho, quando não consigo chegar mais longe, quando sinto que a história da infalibilidade do poder humano cai por terra?

De certo que se pensa em recobrar o ânimo, reconhecer as limitações próprias e alheias, procurar paz e segurança junto de algo ou alguém que sejam fortes o suficiente para me amparar na própria queda.

Quando se sente que as forças são poucas e a inspiração não consegue penetrar o véu de desesperança que me rodeia, então apela-se a mais qualquer coisa – a algo transcendente, se o houver.

Bem, fica um vídeo que questiona o que acontece quando caímos.

DCTalk - What if I stumble

Até Deus caiu sete vezes e teve alguém que ajudou a carregar a cruz.

Tenhamos nós forças para nos levantar, não sete mas setenta vezes sete e sempre alguém para nos ajudar a levantar o peso quando o peso esmaga e não se vê saída.

Abraço

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Coisas de Amigos


Um amigo Católico mandou-me este texto que achei bastante interessante:
DEFICIÊNCIAS de Mário Quintana :

'Deficiente' é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

'Louco' é quem não procura ser feliz com o que possui .

'Cego' é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

'Surdo' é aquela que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

'Mudo' é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

'Paralítico' é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam de sua ajuda.

'Diabético' é quem não consegue ser doce.

'Anão' é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

A amizade é um amor que nunca morre.
Depois deste texto, o link para um evento de um amigo Evangelista:
Porque religiosidade é dar as mãos e, com o coração, elevá-las ao alto.
Abraço

domingo, janeiro 20, 2008

Caminhando

Lembro no caminho de Santiago, quando chegava um monte – como o “Alto del Perdón” ou o Cebreiro – o caminhar tornava-se vagaroso, o rosto contorcido pelo esgar de esforço, as gotas de suor começando a aflorar na pele.

Nesses momentos, baixava o olhar até apenas ver a ponta das minhas botas, sem me assustar com o que ainda faltava de encosta. Empurrava o corpo algo para a frente para suportar melhor o peso da mochila e caminhava em passos curtos, sem esticar muito as pernas.

Com humildade ia-se subindo. Com perseverança – pequeno passo a pequeno passo. Nada de festivo nem espalhafatoso – apenas um bamboar suave de lado a lado, o som da respiração pesada e a concentração da tarefa a realizar.

Subir na encosta da vida poderá parecer semelhante. Quando caímos há que voltar a subir – com passos pequenos e olhar posto na ponta das botas.

Assim me parece agora o caminhar…

terça-feira, janeiro 15, 2008

Quem sou eu?


Quando nos interrogamos sobre "Quem sou eu?", algo nas nossas vidas está a pedir atenção; algo está a bulir cá dentro de tal forma que nos desloca da corrida da vida diária e nos põe face a face com aquilo que fazemos, dizemos e pensamos…

Quando assim confrontados, só podemos ir ao coração e lá nos demorar.
Todas as respostas que a mente possa idealizar se tornam insuficientes ou mesmo vazias.
Todas as conquistas relativizáveis e as glórias passadas momentos efémeros que não nos alimentam no presente.

Uma música para meditar em “Quem sou?” à luz da fé.


segunda-feira, janeiro 14, 2008

Caminhos

Quando ajudas alguém que o necessita – não sentes alegria?

Quando dás – não te sentes liberto?

Quando és parte de algo maior que tu mesmo – não te sentes útil?

Há muitas maneiras de “escapismo” que levam à solidão e à ilusão de liberdade.

Existem no entanto outros caminhos que nos levam ao encontro do próximo, à dádiva de nós mesmos.

A opção é sempre nossa; ainda que não seja fácil de discernir, de certo que existe um caminho que leva ao coração, para cada um de nós.

Abraço.

domingo, janeiro 13, 2008

Caminhando com Amigos

Há amigos que nos acompanham dia a dia; estando perto ouvem as nossas queixas e triunfos, deles fazendo parte. É neles que se procura apoio, quando parece que as pernas esmorecem e se vai deixando de caminhar.

Há amigos perto do coração, mas longe na distância. São eles como uma luz de farol distante, iluminando a costa para que não se perca o rumo do caminhar.

Há um amigo dentro do coração, acessível em qualquer momento. Esse amigo está lá nas horas mais intensas, quando o fardo parece maior. Está lá quando os outros amigos não estão – pois nem sempre se pode apoiar nos ombros de quem nos é querido.

Um amigo ao que se fala no escuro e silêncio do nosso quarto. Alguém que está lá para dar conforto às mágoas mais profundas e que recebe as alegrias com carinho quase maternal.

Para os Cristãos esse amigo é Cristo.

Bem haja aos que mantêm caminho entre a incerteza e a sombra.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Simples

Hoje foi um dia bom porque foi um dia simples.

Uma simples carta a um amigo que está longe;

Uma simples conversa com uma amiga que já não via faz algum tempo;

Um simples gesto para fazer sorrir a minha mãe;

Um simples quarto de hora à beira do mar;

Que possa concentrar-me nos momentos simples, com eles aprendendo a ser simples.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Oração


Na maré que empurra o barco na noite, uma oração tem a força viva de um farol que aponta o rumo e avisa das pedras da costa traiçoeira.

Aos passos cansados carregando o madeiro da vida, a água viva dos amigos da alma aligeira o caminhar.
Dos ecos errantes entre moradas vazias, uma vela acesa reacende a esperança e afasta o pesar.

O Homem do Leme


Para aqueles de entre nós que encontram luz por entre as sombras e coragem para guiar seu barco a bom porto entre o mar da vida em tempestade.

Uma música maravilhosa dos Xutos:

Sozinho na noite
um barco ruma
para onde vai.
Uma luz no escuro
brilha a direito
ofusca as demais.

E mais que uma onda,
mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo
impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade,
rompendo a saudade,
vai quem já nada teme,
vai o homem do leme...

E uma vontade de rir
nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir,
correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo do mar
jazem os outros,
os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.

E mais que uma onda,
mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo,
impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade,
rompendo a saudade,
vai quem já nada teme,
vai o homem do leme...

E uma vontade de rir
nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir,
correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo horizonte
sopra o murmúrio
para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro,
é tarde demais...

E uma vontade de rir
nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir,
correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder

domingo, janeiro 06, 2008

Caminhar


Quando parece não haver mais caminho em frente, é confiando nos passos que até aqui nos trouxeram, que se faz caminho… e caminho novo.

Chega-se a um certo dia e os dias parecem iguais, como se algures me tivesse enganado num qualquer cruzamento da vida e tivesse vindo parar enfrente a um muro enorme, sem portas nem janelas.

Nesses momentos, só crendo que a vida tem um sentido (e que também os muros imbatíveis fazem parte dele) é que se pode avançar.

Talvez já não se vá em frente, é certo.

Talvez apenas se contorne um muro sem fim, mas será esse sentido encoberto o que promete algum futuro ao meu caminhar.

Por isso, confie-se na vida e no seu sentido.

Conserve-se a confiança no sentido da nossa peregrinação nestas terras. Pode ser que ainda se encontre muita coisa boa de se viver e alguns momentos que enriqueçam o íntimo do caminhante.

Abraço para quem lê.