Neste nosso fado
Dessa caminho passado
Dia a dia, noite sem findar
Sonho coerente,
entre calma brisa e gente
Que nos levou do campo ao mar
E nessa meta sorridente,
entre tanto e tanto ser crente
Voltamos a arribar…
À margem nesses encontros sonhados
Comunidades que idealizamos
Que nos contavam sem se deixar levar
Sobre essa palavra… saudade…
Sonhos para se voltar… a avançar
Nesse tempo sem ter conta ou maldade…
Entre os que lá se ficavam e viviam e estavam…
Nessas aldeias pequenas;
Nesses lugares lado a lado
Até que dispersos pelo destino incerto
Cantando um fado de peito aberto
Nos pusemos de novo a sonhar
Agora diáspora migrante
Sentimento errante
De ser sem ter lugar
Essa magia que nos unia
Essa simplicidade na noite e no dia
Esse celebrar cada efeméride, comezinha…
Esse algo que nos reunia na mesa da cozinha
E nos punha à roda dessa via de vida a falar;
Esses lugares sonhados
Agora idealizados
Onde era tudo bem familiar
Cantamos tantos poemas
Poetas e poetisas nos guiavam
Para fazer ressurgir Portugal
Agora as comunidades separadas
As outras bem sonhadas
Seguem além do mar
E em cada lágrima em silêncio
Exprimimos esse incendio
Que por dentro queima sem mais
Essa saudade de se estar à vontade
À beira de seres sem idade
Com tantas histórias para contar…
E no lusco-fusco desta vida
Quando tudo e todos nos convida
À volta do lume, porta a porta a entrar
Ainda se ouvia, quem tão bem dizia
Como se era feliz sem ter mais
Do que a vida do campo, desse mar
E esse feliz recanto onde cada noite
Deixar no colo amigo amado
Essa cabeça sem enfado a repousar
Vidas de outrora
Heranças de agora
Que vale sempre a pena
voltar a cantar…
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