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quinta-feira, dezembro 17, 2020

Fado Migrante

 

Neste nosso fado

Dessa caminho passado

Dia a dia, noite sem findar

 

Sonho coerente,

entre calma brisa e gente

Que nos levou do campo ao mar

 

E nessa meta sorridente,

entre tanto e tanto ser crente

Voltamos a arribar…

 

À margem nesses encontros sonhados

Comunidades que idealizamos

 

Que nos contavam sem se deixar levar

Sobre essa palavra… saudade…

 

Sonhos para se voltar… a avançar

 

Nesse tempo sem ter conta ou maldade…

Entre os que lá se ficavam e viviam e estavam…

 

Nessas aldeias pequenas;

Nesses lugares lado a lado

 

Até que dispersos pelo destino incerto

Cantando um fado de peito aberto

Nos pusemos de novo a sonhar

 

Agora diáspora migrante

Sentimento errante

De ser sem ter lugar

 

Essa magia que nos unia

Essa simplicidade na noite e no dia

 

Esse celebrar cada efeméride, comezinha…

Esse algo que nos reunia na mesa da cozinha

E nos punha à roda dessa via de vida a falar;

 

Esses lugares sonhados

Agora idealizados

Onde era tudo bem familiar

 

Cantamos tantos poemas

Poetas e poetisas nos guiavam

Para fazer ressurgir Portugal

 

Agora as comunidades separadas

As outras bem sonhadas

Seguem além do mar

 

E em cada lágrima em silêncio

Exprimimos esse incendio

Que por dentro queima sem mais

 

Essa saudade de se estar à vontade

À beira de seres sem idade

Com tantas histórias para contar…

 

E no lusco-fusco desta vida

Quando tudo e todos nos convida

À volta do lume, porta a porta a entrar

 

Ainda se ouvia, quem tão bem dizia

Como se era feliz sem ter mais

Do que a vida do campo, desse mar

 

E esse feliz recanto onde cada noite

Deixar no colo amigo amado

Essa cabeça sem enfado a repousar

 

Vidas de outrora

Heranças de agora

Que vale sempre a pena

voltar a cantar…

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