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quinta-feira, agosto 16, 2012

O Gosto de Re Viver



Gosto de ser quem sou... gosto de estar no que estou...

Mundo de magia, de vida e folia - no que as personagens que cruzam o meu dia são a mais completa bizarria segundo os canones do meu absoluto viver!

Curioso - quem me mergulhou no mundo da noite esperaria talvez mais um recluso... mais um servil: servente de sombras que se arrastam e capitão daqueles que se escravizaram por um lugar na frente do comboio dos eleitos para o reino do "do-li-dol"

Desde o esgotamento que quase me limpou da memoria de mim até à "limpeza" física bem real por parte dos que deveriam tomar conta do meu percurso vital (pesadelos vivos feitos concretos que não ficam bem num ambiente virtual), o certo é que foram uns anos de mergulho na escuridão... até começar a despertar... a vir á superfície e sobre águas começar a caminhar.

Agora sei - um dia num gabinete - quando confrontei a Psiquiatra e lhe dizia que apostaria nas artes marciais (que bem me deixaram pendurado faz já mais de um ano) e nas terapias complementares... a senhora - com toda a boa vontade - lá dizia: "que o último que lhe tinha passado pelo gabinete e nesse meio alternativo se tinha metido - tinha - simplesmente - o suicídio encontrado...

Lindo! Seria um Romeu engeitado? Uma Julieta fora de prazo?... seria um romântico empedernido? Um quixote esbaforido e cansado de afiambrar tanto e terrível gigante num tempo no que os moínhos eram prédios que levavam a multinacionais irracionais brincando aos legos com os seus funcionários e capitais?...
Seria um Sócrates ou um Nero... seria algum grande feito pequeno que decidiu deixar exemplo antes de vergar - como o faziam os "d'antes"... oualgumpequeno armado em grande procurando deixar vacante o seu lugar no paraíso suicida occidental (40% de aumento de taxa anual - isso só entre os homens - acha a senhora que me surpreende a sua extrondosa vaguedade?!?!)?

Bem - pelo menos - algo encontrou... não foi daqueles que - sem provar cicuta alguma por causa nenhuma... se deixou levar sem saber se o que Sócrates afirmara fora verdade ou não...

Eu - firmei minhas razões - e olhem que - num meio hostil, frente a quem nos vê como uma mais uma hora entre muitas horas e nos encontra VERDADEIRAMENTE entre nomenclaturas de livrinhos de conta inventados por génios das classificações patológicas que chamariam "quadripolar" à mamã natura - tristes nomenclaturas do livrinho da classificação suprema da superpsiquiatria moderna - gaiola triunfante e plena de medalhas reconhecidas - de vidas renascidas e revividas (não?!?!... então e aqueles zumbis a arrastar de medicação... não são triunfos para os laboratórios que os mantêm na mão?) e fruto de centenas de anos de condenados ao oblívio - boca negra de serpe esperando assim - algum dia - definir e enclausurar-te de forma definitiva para que a tua incómoda humanidade deixe de ser obstáculo para a ciência e o método que passam. enquanto tu és espremido pelas suas rodas de betão!

Mais um pequeno passo para o Método (S. Descartes nos perdoe) mais um triunfo para o estatuto omnipotente do médico estudante...

O facto é que - não sendo compulsivo - apenas tive de dizer não... seguir o meu caminho e procurar fazer sentido naquilo que tinha trazido confusão...

Este é o rugir do tigre e a chama do Dragão - naquele consultório solitário, frente a um adversário cem mil vezes mais poderoso - representando o omnipotente sistema e todo o risco que maneja - todo o peso da sua opressão - um ser pequenino - por acreditar nesse grito de desafio que provém do coração: ergueu um bocadinho o olhar, aclarou o tom de voz e disse "Não".

A partir dai foi dançar, namorar, optar por ir para este ou aquele lugar...

Foi procurar a praia ao fim do dia, escrever o que podia...

Abraçar com o coração, ser honesto com a emoção.... dar o que há cá dentro para dar...

Gostar de novo de namorar... convidar para dançar... ir para a pista... beber umas bejecas... "passear a franga" como me disse uma cachopa simpática!...

Despir as roupas petrificadas e as maneiras tão estudadas que já agiam em piloto automático em vez do eu que lhes dera ser...

Foi descobrir Dionísio sorrindo matreiro, ou reencontrar me ser verdadeiro por detrás de um muro de betão, encerrado num pétreo caixão de rotinas sem sentido e de ditames perdidos: oriundos de mensagens gravadas por verdadeiros loucos na mente da criança ainda sã...

Por isso - agora - faço o que estava numa carta - com uma flor branca - enterrada baixo o busto da Senhora de Magdala algures num caminho na terra das brumas, meigas e trasgos.

Dizia algo assim como: "ama a vida e vive o amor"

Assim - sim - encontro meu Deus e Senhor...

Habita o peito, está presente e se inflama com furor quando se desreipeita sua mensagem viva, pulsante e sentida em troca de palavras ocas, gestos vãos... vidas vividas sem paixão;

Hoje a medicação da psiquiatria já era: prefiro uma conversa vera com um par de colegas - sejam eles da passa ou da cúria... o que importa é o que nos unia:

Afé no poder do amor:

O que Une e Liberta

Vamos nessa - que a força que nos atravessa - é tudo menos mansa,balofa ou branda: é dura e fria como escama de dragão sempre que ameaçada pela luz da razão; é quente, intensa e fundente como sua chama em bulição quando consome e destrói a gradada degradação... desgarra do comodismo, escangalha cristalismos e põe os vendilhões de pregões a esvoaçar - pois é tão forte e livre que vê por dentro aqueles que se lhe querem impôr... e nos seus olhos límpidos - espelhos oblíquos e cristalinos - lhes revela sua verdadeira imagem para que se alimentem de pavor...

E dom da vida - fulgor como lava activa - que penetra as veias do bom vividor.

Ao Dragão... Anima Mundi... todo o louvor

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