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quinta-feira, setembro 13, 2012

REVOLTA-ME! um apelo à indignação... primeiro passo para o sangue que palpita num coração vivo desde as sombras da inércia diária


Revolta-me!

Revolta-me que o amor e deleite com o que preparo o pequeno almoço apanhe com o tempo que gastas à frente do espelho para te preparar para mais um dia de trabalho; revolta-me que o tempo que quero passar: para viver contigo e contigo estar -  seja diluído em milhares de afazeres sem sentido que em nada contribuem para a nossa humanidade;
Revolta-me os milhares de rotinas que tenho de fazer para preencher uma vida vazia – quero lá saber de tai-chi de manhã se te tenho a ti para abraçar!
Mas – lá está – se não há humanidade na vida vou ter de aprender qualquer merdice vazia para me anestesiar… a diferença é que o Prozac custava uns tosões, a terapia uns milhões e o Tai-chi é só abanar…
Revolta-me a mentira que arranca as pessoas queridas dos braços umas das outras com a desculpa de que “é o mundo no que vivemos!”

Revolta-me!
A ti não?!?

Prefiro Morrer a ter de ver como –todos os dias – personalidades vazias teorizam acerca do mundo e da vida em cafés “chiques” :sem sentir sequer um arrepio –
 é o vosso filho o que está a morrer!!!: quando to arrancam todos os dias, dos braços e do carinho que tinhas para lhe oferecer – para o lançar nos braços do mundo que corre – é para morrer!

Mas – tu – não!...
Tu tens outra opção – que é “viver”…
Vamos lá ver então:

Revolta-me!  Tu não?...
Que ninguém fique literalmente louco ao sentir tanto outro ser humano a caminhar em passos de gigante para esta morte constante e – mesmo assim - se mantenha activo – soldado fiel do inimigo – que nos escraviza a cada instante e nos rouba o dom de amar… e o tempo para o fazer… e a qualidade para o dar e receber…

Revolta-me… deixa-me doente… como queres que sorria – para a mentira do dia a dia – quando te sinto esvair… vou sorrir? Vou-me divorciar? Vou lutar?... que faço – diz!...

Mas não dizes… ficas… nessa coisa indiferenciada: que às vezes é um tudo e outras é um nada… nessa amalgama de coisas bizarras que leste e ouviste… nessa cultura de retalhos onde as verdades são fáceis de inventar, e de retalhar… e de modelar – como plasticina…

Antes – dava um trabalho do crlh mudar um texto de vencedor em vencedor… hoje – basta correra  voz que o zum zum e o diz que diz que já fazem tudo – o pessoal já nem se rala sequer de verificar – tanta é a tralha que lhes metem pela goela que… hoje – é só comprar…

Chama-se cultura “pop”… e nós lá levamos com a coisa quando nos deixamos vergar… mas tu não sabes oq eu é cantar os meninos da Fogueira – porque Huambo já não te diz nada e os gajos apagaram tudo… só o ouves daqueles que ainda se dão ao trabalho de falar…
Mas – lembra!
Revolta-ME!
Revolta-me que uma menina produzida, em horas de maquiagem garrida, se sente todos os dias num vidro frio – à minha frente e à de mais uns quantos seres vazios - que olham copos de cafeína fumegante – e com total desatino…

Isso – antes – era nas tascas e os que olhavam os copos de tinto eram os que não tinham escolhido a vida e a família e que andavam perdidos… somos agora assim tantos? E a coisa vá assim tão disfarçada que tantos somos para não nos precatar?
Mas a menina la está  – vai passando imagens de medo degradante, de horror calcitrante, de desporto vibrante, de alegria inquietante e – na fábula do dia – compara-se tudo no espaço de vinte minutos para que o meu ser fique tão confuso que já não note a diferença da merda de mistela que lhe deram a comer…


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