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quinta-feira, janeiro 14, 2021

Da transparência à água salgada

 

Se nesta transparência

Entre amor e ciência

Me deixasse

 

E assim afundasse

Bem fundo no peito

E se elevasse

 

Assim a direito

Esse pilar imaginado

Aonde me tenho apoiado

 

Para falar sem pensar

Para dizer sem falar

 

O que se sente

Realmente

O que nos preenche

De repente

 

E depois nos deixa a vogar

 

Assim qual a namorar

 

Os momentos

Para ver nascer

 

Esse algo entre o crer

O querer

E o saber

Assim descortinar

O momento presente

Que se sabe e sente

Assim no peito a palpitar

 

A se estender devagar

Por todo o corpo

Iluminado

 

Por estar mais perto

Desse ser amado

Desse algo elevado

 

Sem nome

e sem se definir

 

Apenas se levando

Nessa candura

De infância

Se imaginando

 

E se se conseguir

Assim  se achegando

A esse calor

Que se quer tanto

 

Dentro do peito

Aninhando

À volta do teu corpo

Esvoaçando

 

Aroma mais suave

Que se sente

e sabe

Assim qual Mar

Imenso

Oceano intenso

Lágrima a escorregar

Na face mais serena

Que se eleva qual na pena

Ao se deixar embevecer

Nessa tinta encarnada

No ser humano bem mada

Sendo sempre cravada

No coração ao palpitar

Onde sempre se encontra

Esse algo

entre transparente e salgado

de tom vermelho pintado

sempre sendo encontrado

No sentimento ancorado

 

Esperando ser chamado

assim ao despertar

 

Na folha serena pairando

Nessa vereda se encontrando

 

nesse ribeiro sendo levada

Pelas veias dessa nova morada

 

Até ao momento mais candente

Que nasce e cresce

Sendo o presente

Que a vida toda plena entrega

Quanto mais perto se achega

Dessa mais obscura treva

Para nos voltar a iluminar

 

Com tudo

o que por dentro

se leva e se eleva

Assim para dar

 

E em prosa ou poema

No mais sublime tema

 

Se chegar a poder encontrar

E nessa onda sublime

Que foi vaga que exprime

 

O poder desse algo

A saber a sal

Ora amargo

Se não se souber provar

 

Esse lamber ao relento

Que se poisa no teu leito

E acaricia o teu ser sem cessar

 

Vagas desse furor imaginado

Que se leva no peito ancorado

 

E segredam suavemente

O sentido de ser gente

No sentimento nos coroa

 

Assim quando magoa

E se faz alegria ao sibilar

 

Vaga e espuma mais alva

Que nos acaricia e nos salva

 

Qual criança abeirada

Nessa praia bem-amada

A fazer castelos na areia

Que a maré sempre cheia

Vem modelar sem parar…

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