Se nesta transparência
Entre amor e ciência
Me deixasse
E assim afundasse
Bem fundo no peito
E se elevasse
Assim a direito
Esse pilar imaginado
Aonde me tenho apoiado
Para falar sem pensar
Para dizer sem falar
O que se sente
Realmente
O que nos preenche
De repente
E depois nos deixa a vogar
Assim qual a namorar
Os momentos
Para ver nascer
Esse algo entre o crer
O querer
E o saber
Assim descortinar
O momento presente
Que se sabe e sente
Assim no peito a palpitar
A se estender devagar
Por todo o corpo
Iluminado
Por estar mais perto
Desse ser amado
Desse algo elevado
Sem nome
e sem se definir
Apenas se levando
Nessa candura
De infância
Se imaginando
E se se conseguir
Assim se achegando
A esse calor
Que se quer tanto
Dentro do peito
Aninhando
À volta do teu corpo
Esvoaçando
Aroma mais suave
Que se sente
e sabe
Assim qual Mar
Imenso
Oceano intenso
Lágrima a escorregar
Na face mais serena
Que se eleva qual na pena
Ao se deixar embevecer
Nessa tinta encarnada
No ser humano bem mada
Sendo sempre cravada
No coração ao palpitar
Onde sempre se encontra
Esse algo
entre transparente e salgado
de tom vermelho pintado
sempre sendo encontrado
No sentimento ancorado
Esperando ser chamado
assim ao despertar
Na folha serena pairando
Nessa vereda se encontrando
nesse ribeiro sendo levada
Pelas veias dessa nova morada
Até ao momento mais candente
Que nasce e cresce
Sendo o presente
Que a vida toda plena entrega
Quanto mais perto se achega
Dessa mais obscura treva
Para nos voltar a iluminar
Com tudo
o que por dentro
se leva e se eleva
Assim para dar
E em prosa ou poema
No mais sublime tema
Se chegar a poder encontrar
E nessa onda sublime
Que foi vaga que exprime
O poder desse algo
A saber a sal
Ora amargo
Se não se souber provar
Esse lamber ao relento
Que se poisa no teu leito
E acaricia o teu ser sem cessar
Vagas desse furor imaginado
Que se leva no peito ancorado
E segredam suavemente
O sentido de ser gente
No sentimento nos coroa
Assim quando magoa
E se faz alegria ao sibilar
Vaga e espuma mais alva
Que nos acaricia e nos salva
Qual criança abeirada
Nessa praia bem-amada
A fazer castelos na areia
Que a maré sempre cheia
Vem modelar sem parar…
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