GAIVOTA

 

Essa voz

Que nos tem

Chamado

 

No silêncio

 

Segredado

 

Nesse acolhimento

Do sentido sentimento

 

Que vem e vai

por ti adentro

 

Nessa onda

de mesura

 

Que o tempo

Sempre apura

A se deixar levar

 

Até à praia solitária

Essa rotina diária

Onde venha a ancorar

 

Seus segredos

Mar imenso

Renascido

 

Em tudo o que penso

Em tudo o que sei e digo

 

Sua verdade

Sussurrada

Entre o tudo e o nada

 

Dessa praia

Nas areias esquecidas

 

E nessa espuma alva

Que se entretece

Na vida dos nossos dias

 

Na brisa que desse mar

Jamais se desvanece

E se faz vogar serena

Qual pluma

Qual pena

 

Que descreve sintonias

Palavras tão esguias

 

Para se fazer levar

 

Nesse olhar que as via

Nesse ser que sabia

Assim a mar

 

E nesse algo

Entretecido

Nesse instante

Tão vivo

Água e sal

do mesmo mar

Que nos faz de novo

Voltar a sonhar

 

Esse canto renascido

Esse lamento esquecido

Essa voz de trovão

Que ressoa

 

Nessa mágoa

que se escoa

Para bem fazer lembrar

 

O que por dentro

Sendo presente

É em nós finalmente

Meta a se concretizar

 

Nessa ave

Que voa

Que voga

no amplo

Mar

 

Nesse seu céu

solitário

Voga ergue

O ser diário

 

Ao se levantar

o olhar

 

E se deixa

Qual lampejo

Relâmpago

que não vejo

Nesse mar

Mergulhar

 

E ascendo

trazendo

esse alento

 

Volta de novo

a vogar

 

Entre as ondas

Da alta mar

 

Essa ave

A ir e voltar

 

Desde a foz

Desse rio

Esquecido

 

Até onde

Se tenha nascido

 

vêlas chegar

Nesse ocaso

Pintado

 

Nesse horizonte

Orlado

 

De cores finas

Brumas apenas

Dessas linhas

Entre tantas dezenas

 

A seguir

E a chegar

Ao lugar

Desde onde

Voltam a vir

Vagas vivas

Seres viventes

Que vivem em ti

Que as fizeste seguir

O teu olhar ausente…

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