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segunda-feira, janeiro 11, 2021

Entre as Marés (mar de amar que não se para)

 

Caminho de Santiago Português da Costa, dist Viana do Castelo - Out 2020

Nessa linha desenhada

Pela mão sendo traçada

Amada

Delicada

Fina

Suave

Perfumada…

 

Por sonhos de alvorada

 

Pela seda mais fina

Transparecida

Pela luz da madrugada

 

Assim em traços

cintilantes

Desenhada

 

Qual estrada

No firmamento

Periclitante

Nesse alento

Algo sedento

Dessa água salgada

Que nos anima e nos afaga

Que nos fulmina para ser lavrada

 

Entre gotas

Dessa tinta

Íntima

Tão amada

 

Deixada

À solta

Nessa volta

Do destino

 

Que dá brilho

E equilíbrio

A esse princípio

Não nascido

Assim recriado

 

Pelo artista

Mais Divino

 

Em graça

Que se não passa

Se entretece

E se abraça

 

Se doa

Ainda que a mágoa

Esteja instilada

 

Entre cada pincelada

Dessa tela esbranquiçada

Esperando ser rasgada

Pela realidade mais amada

 

Ou ainda

Bafejada

Qual imagem espelhada

Assim sendo esbatida

Qual aquarela renascida

Nessa orla orvalhada

 

Onde se deixava

Prendada

Em gotas

pingentes

Transparentes

Frio fio fino

Que se destilava

 

Entre o suor

Bem quente

Que em areolas

Perladas

Se elevava

 

Calor de quem se amava

 

E nessa folha

Tão suavemente poisada

 

Na palma da mão

Sendo levada

 

No coração

Ainda guardada

 

Esperava

A palavra

 

Verbo distante

O ser substrato

Nesse solo

humidade

humanidade

sorvida qual apelo

pela pele sem segredo

 

revelada

nesse mais fino facto

 

Que se sonhava

E na realidade

A barca varada

Que se imaginava

 

E nas margens

Dessa fina folha

Ainda vogava

 

O mar de amores

Que se preparava

 

Nessas areias

Sendo aquecidas

Pelas peugadas

Assim levadas

Pelo som

Desse emoção

Quais vagas

 

Densas

Perfumadas

 

Pelo som da maré

a teu pé

nesse sopé

cume sem nome

 

Sendo lavrada

 

A imagem

Em ponto claro

Desse algo

Que se tenha amado

 

E nessa transparência

Doce sentença

Que se disfarça

 

Aparecem

Arcos de volta

E arcadas

 

E nessas letras

Sonhadas

 

Sem se deixar

Assim desenhar

Abraçadas

Nesses olhares…

Se chegar a entrever

 

Olhares de crer

E mais bem querer

 

Nesse voltar

Sem se saber

 

Nesse descobrir

Sem querer

 

Assim tanto

Se vai voltando

 

A escrever

 

O por enquanto

O momento

Que vai ficando

 

E entre tanto

Se vai passando

 

Esse fio

Mais fino

Que o cabelo

Mais pristino

Orlado

Dessas gotas

De mais puro cristal

que se têm emanado

 

Suor desse amor

Que se tem prezado

 

Calor dessa imensidão

Qual maior união

Nesse abraço dado

 

E nessa orvalho

Qual flor silvestre

Em pétalas de vestes

Que se tenham

assim desenhado

 

Nesse teu ser

Que veja sem ver

 

Nesse algo

Que ainda

chegará a o ser

 

E nesse veludo

Mais bem calado

 

Que fala e nos diz

O que nos tem contado

(…)

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