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sábado, setembro 02, 2006

O Coran e as Estrelas










O Amor que damos é sempre nosso… aquele que mantemos dentro perde-se…”


Esta é uma história que entremeia exclusão, afectos desencontrados, regras e imposições sobre humanidades simples…

É uma história que fala de afectos, de partilhas, de confiança e intimidade…

É um tempo de celulóide que entretece a essência e a forma e questiona a razão pela qual a última se sobrepôs à primeira…

É um momento subtil de análise à intolerância, é um mundo que fala dos medos que se sobrepõe à presença verdadeira do humano – é ver como as fachadas podem danificar o lar que era suposto protegerem e convidarem a se visitar…

Por detrás do Judaísmo e do Islão, entre as aparências, as normas e a essência humana, com a história de uma criança que pretende conhecer o mundo para além do seu balcão, além das paredes da sua casa, sobre as regras de um pai que se destrói a si mesmo e de uma mãe ausente.

É uma exploração do sensual e afectivo nos braços de prostitutas que – com experiência de fachada e emoção no íntimo – guiam Momo (não o de Michael Ende) para o mundo da afirmatividade além das restrições, enquanto um velho vendedor de mercearia – Ibrahim – com um Al-Coran interpretado na forma Sufí, abraça o nosso rapaz ao longo de minutos frente a um ecrã que se transforma em espelho de um qualquer anseio interior de paz e encontro…

Tell me why, tell me why, tell me why
Hum… why can’t we live together?
Everybody wants to live together – why can’t we live together?
No more wars, no more wars, no more wars – just a little peace in this world
…”

Assim reza a música do DVD enquanto escrevo estas linhas depois de ver o filme.

Agora – após falar com uma amiga no Messenger (no “Anjo” para quem gosta destas “traquinices” das coisas) – sobre as Estrelas e o Amor…

Sentindo a frase de cima penso em estrelas e buracos negros. Sei que é algo de Astronomia e Física – mas que não são as ciências dos homens senão esboços do ser do Cosmos?


Estrelas – que quanta maior massa – maior probabilidade de gerar buracos negros. Massa – que é energia… Amor que se dá – nunca se perde, enquanto aquele que se prende nos devora… buracos negros… gravidade humana que descamba sobre si mesma… cancro civilizacional… amor que se limita… opções que se deixam passar… luz que se retém e devora… estrela que morre… escuridão ao se não entregar.

O mistério está em como uns se entregam e outros não, como uns parecem fluir com o Cosmos enquanto outros se trancam nos miasmas mentais… como uns dançam nas fogueiras de Belthane enquanto outros morrem trancados em Palácios de Pedra…

Não tenho respostas… apenas perguntas e algum sentir.

Hoje as flores do Corão levaram às estrelas… sempre ao amor – não há palavra que o não contenha, pois a palavra embeveceu-se na sua substância para ser gerada.

1 comentário:

Micas disse...

Uma frase de reflexão e ao mesmo tempo tão simples e tão verdadeira...
O amor que mantemos dentro perde-se entre o nosso egoismo, orgulho, solidão...
O que damos é sempre nosso porque é sempre mais feliz aquele que mais amou.
A tua associação e buracos negros!!
“veio do escuro só o escuro existia e nada mais constrangia, pois, não havendo o que se lhe opusesse, tornava-se o apenas necessário”. Até que “uma porção sólida do escuro se desfez”, fazendo surgir a luz.
O homem é filho das estrelas, irmão dos animais selvagens, primo das flores do campo; todos nós somos apenas poeiras de estrelas...
Também não tenho respostas mas sei que nunca vou deixar de dançar nas fogueiras de Belthane...
Abraço