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segunda-feira, abril 10, 2006

Azofra

Estou num albergue de luxo... nem sempre o peregrino anda com a penitência em cima.
Ainda que temos a semana santa à porta - hoje entrei num albergue recém inaugurado, entre terras de nenhures e - voilá!

O vento de Oeste marcou grande parte da jornada - frio e cortante.
A chuva fez-se notar e - o barro do caminho - tornou os pés como chumbo.
No fim - lá usei o material de chuva - mais como protecçao contra o frio do que própriamente contra a chuva.

De certo que - uma das liçoes do caminho - é a da Humildade.
Lembro no meu primeiro caminho Francês - lá pelo 2001 - a entrada em Lugo e uma tempestade que nos apanhou em plena floresta. Os galhos caiam sobre nós, o vento impedia avançar, a chuva era tanta e tao densa que nao se via mais além de um par de metros, o frio era cortante...
Só podia esconder-me detras de uma árvore e sentir-me pequenino...

Os campos da Rioja iniciam-se com milhentos tocos de vinha que - depois - darao origem ao famoso vinho Rioja.
Por enquanto sao apenas pequenas protuberâncias no chao, orientadas em mil direccoes diferentes.

Até Nájera, o dia foi cinza puro, glacial... foi de introspecçao, de olhar para dentro, de baixar a cabeça e estar no "aqui e agora", mais do que vagar nos sonhos levado pelas asas da paisagem anterga.

Nájera - Vila de grandes dimensoes e entrada gentil, através de ruas com alguns edifícios antigos - foi o palco da minha grande surpresa no 2001.
No dia 11 de Setembro - entrava eu pela primeira vez num café para comprar um geladinho, depois de alguns dias de ascetismo peregrino - quando a televisao (e a consequente explicaçao, entre o parcimonioso e o indiferente, do dono do bar) me introduziu num novo mundo de medo global e coisas afins... caía uma das torres mesmo ao entrar no café... impossibilidades horas antes eram possibilidades macabras naquele momento.

A saída de Nájera trouxe algo de sol.
Com ele - as montanhas coroadas de neve que rodeiam o meu horizonte revelaram parte da beleza de colinas ondulantes, mar de erva agitado por vento frio, terra e pedra vermelhos em redor...

Cheguei à pequena povoaçao que outrora tivera um refugiozinho minúsculo, com uma pedra da catedral de Colónia, trazida pelos Alemaes que tinham aberto o Albergue... mas - agora - este albergue Municipal, oferece Internet, Bebidas quentes e frias, quartos de duas camas, duches e toilettes impecáveis... enfim - a ver o que se passa na meseta...

Amanha é dia de passar onde o galo canta, depois de assado, por Milagre de Sao Domingo de la Calzada... a igreja tem um par de galináceos vivos em sua recordaçao... imagine-se!

2 comentários:

Micas disse...

Humildade é uma virtude que a cada dia vai rareando mais.

Uma pedra da catedral de Köln?? sabes qual a razão dos alemães abrirem aí um albergue??

Fica bem!

Onen í Estel

Xandra disse...

eu n sei mas gostava de saber..