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quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Historic Stories




Que diria se – com o passar do tempo relativamente a um evento – mais e mais dados fossem conhecidos de forma a que, em vez de o evento ter sido descrito ou sequer conhecido inicialmente com alguma definição, tivesse sido (RE)CONSTRUÍDO gradualmente?
Que a recordação fosse mais clara do que a experiência?...

Este é o processo que leva à criação de um mito, de uma lenda, de uma história forjada (como a Terra Média de Tolkien – que se foi expandindo desde os seus esboços iniciais, muitas vezes confusos e gerais, até se tornarem num vasto mundo de complexos entramados, bem definidos e com lógica sequencial mas existindo apenas na mente de um homem e na imaginação dos seus fãs… ou não?).

A nossa história – tal como a tal “Terra Média”, começa num determinado ponto a ser (re)construída e – com o passar do tempo, torna-se mais complexa, interrelacionada, definida e divulgada… da ignorância do momento presente (no passado) passamos para o conhecimento do momento passado (no presente).

Pode parecer-lhe estranho, mas – apenas desde a Renascença tardia – mais concretamente com I. Scaliger (1540-1609) e, finalmente com D. Petavius (1583-1652), é que uma certa cronologia com eventos globais pôde ser reconstruída e se tornou mais ou menos aceite.

Até ao séc. XVI-XVII, os manuscritos e fragmentos de “história” não se encontravam datados, usavam sistemas de datação desconhecidos ou arcaicos e – muitas vezes – apenas referiam uma sucessão de eventos localizada no tempo, circunscritos a uma certa região ou país e sem relação com um enquadramento mais amplo.
Devemos frisar que – a maioria dos documentos históricos disponíveis actualmente e relativos a tempos da “antiguidade” ou à época “medieval” não são originais – são cópias realizadas em tempo indefinido, muitas vezes sob circunstâncias dúbias (um exercício curioso acerca deste tema das "falsas aparências" da história encontra-se no “Códex 632” de José Rodrigues dos Santos).

Ao contrário do que aprendemos – rápida e pouco criticamente – nem todos os especialistas estão (ou estiveram) de acordo com o sistema cronológico actualmente utilizado.
No mesmo momento da elaboração da cronologia de Scaliger/ Petavius - actualmente utilizada - muitos investigadores levantaram objecções;
D. Arcilla – Universidade de Salamanca em Espanha – referia que a história antiga tinha resultado de uma fabricação do final da idade média;
Jean Hardouin – director da Biblioteca Real Francesa, declarava que as antiguidades e textos antigos haviam sido criados (ou falsificados) após o séc. XII…

O mais famoso cientista contemporâneo à criação da cronologia actual – Sir Isaac Newton – mostrou-se também em contra da cronologia de Scaliger e Petavius.
Newton publicou uma monografia “Cronologia dos Reinos Antigos Corrigida”, na que apresentava muitos dos maiores eventos da antiguidade deslocando-os vários séculos para a frente…

Cientistas, filólogos, historiadores e juristas levantaram a voz contra o sistema de datação que terminaria por ser globalmente introduzido. Actualmente as vozes discordantes mantêm-se vivas.

Nicolai A. Morozov (1854-1946), proeminente cientista Russo – publicou uma monografia que, usando métodos de análise matemático aplicados às descobertas de foro da astronomia, linguística, filologia e geologia, implicava os eventos tidos como do “mundo antigo” como apenas possíveis a partir do séc. III da Era Comum (E.C) actual.

A partir de 1970 – na Universidade Estatual de Moscovo – Anatoly A. Fomenko em conjunto com graduados em matemática desenvolveu as teorias de Morozov.
Com uma precisão sistemática – modelos sequenciais de genealogias e governantes do mundo antigo foram analisados e contrastadas com os da era moderna.

Destes – sacamos uma conclusão curiosa.
Através de análise estatística, Fomenko revelou “coincidências” nas dinastias de regentes que levavam a duplicados – mudando apenas o nome, época cronológica e/ou localização geográfica…

Estas coincidências – que são estatísticamente quase impossíveis se tomarmos em conta apenas sequências de 10 elementos – tornam-se uma evidente prova de construção artificial na história visto que Fomenko analisou dinastias de até 15 elementos, adaptando até os possíveis erros de interpretação com +- x anos relativamente ao factual histórico registado e continuou a encontrar as ditas "artificialidades"…

Outro dado curioso acerca das sequências – as coincidências dinásticas apenas se davam até ao início de dinastias bem documentadas – ou seja – elas cessavam a partir do séc. XVI…

Como exemplo ficam as dinastias comparadas do Sacro Império Romano-Germánico (séc. X-XIII E.C) e uma outra dos Reis Judeus de acordo com a bíblia (séc IX-V A.E.C).
No gráfico que se segue mostram-se ambas as dinastias, começando num ano “0” – que não é um início de acordo com alguma era, mas sim o início da dinastia em questão.








Há mais paralelos semelhantes. Como outro exemplo, o primeiro período do Episcopado Romano (141-314 E.C) e o segundo período do Episcopado Romano ( 314-532 E.C):






Os paralelismos encontrados ao longo de múltiplas ocorrências do mundo antigo sugerem que se trata de múltiplas versões de um mesmo acontecimento espalhadas em várias localizações geográficas ao longo de várias épocas cronológicas.

A análise de dados astronómicos apenas confirma os dados que Morozov e Fomenko (entre outros) têm vindo a analisar e questionar.

Se Scaliger tomou grandes eventos (como a batalha do Peloponeso, a fundação de Roma, a guerra de Tróia) como referências para organizar a sua sucessão de eventos, de forma a construir uma progressão global e sistemática à que pudéssemos chamar cronologia, os dados astronómicos constantes em documentação atribuível à época situam a batalha do Peloponeso (antiga Grécia) não no séc. VI A.E.C, mas sim no séc. XI E.C…
Ou a documentação disponível terá sido forjada em datas muitíssimo posteriores aos possíveis acontecimentos registados ou os acontecimentos registados ocorreram em data muitíssimo posterior a aquilo que cremos na nossa cronologia actual, ou…

Poderíamos dizer que – métodos como o carbono 14 interfeririam com esta tese e dariam uma aura de credibilidade aos achados e sua contribuição para a cronologia tal como a conhecemos mas – realmente – ditos métodos de datação química necessitam de um objecto contemporâneo (ao achado) para realizar o contraste da datação… ou seja – se a referência cronológica é a que está adulterada, a datação por método químico dará um dado consentâneo… adulterado.
Já agora - num futuro - será impossível usar este método de datação para objectos ou restos a partir de 1940... a invenção da radioactividade controlada torna este método variável (imagine-se se alguém andou a brincar com radioctividade no passado... o tempo ou destempo que teremos em cima !).

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O Xadrez da História…

O famoso jogador de xadrez – Garry Kasparov – pertence ao grupo de notáveis que, actualmente, dá voz à contestação de muitas das premissas internacionalmente tidas como correctas cerca da história e da cronologia.

Tendo uma grande capacidade analítica e uma memória portentosa – dedica o seu tempo livre a analisar a história e a procurar enquadra-la dentro de moldes sistemáticos.
Neste seu “hobbie” – como se de uma partida de xadrez se tratasse – muitas das jogadas do seu rival aparecem descontextualizadas, sem nexo, fora de uma linha de continuidade…

Numa incursão através do que actualmente é o (aparentemente) bem conhecido Império Romano e suas origens e - antes de analisar algum outro aspecto em pormenor - o autor refere que – na vastidão do império no seu auge – resulta complexo imaginar como se organizavam os serviços e a gestão sem mapas geográficos, sem sistema bancário; como o exército romano (de quem o império dependia para se prolongar no tempo e no espaço) foi incapaz de realizar incrementos e inovação nas suas armas e técnicas militares durante nove séculos de guerras contínuas

Vamos agora aos números e à matemática.

Usemos para a análise em questão o trabalho monumental “Declínio e queda do Império Romano” – do historiador e erudito inglês Edward Gibbon (1737-1794), que marcou cânone e estabeleceu as bases da análise do mundo romano tal como o conhecemos hoje em dia.

Maravilhemo-nos em como as contradições e falta de sentido dos dados que – como os referidos – não levantaram questões ou nunca desafiaram o mais leigo de entre os leitores (para não falar dos eruditos) a questionar a autenticidade e a natureza das elaborações que – actualmente – conhecemos como “história” ou "cronologia”.

Se estas contradições, omissões, impossibilidades existiram nos momentos “iniciais” da “redescoberta” do mundo antigo é certo que – à medida que foram evidenciados – tiveram uns retoques de forma a eliminar possíveis arestas demasiado bicudas para que não pudessem caber numa visão holística do mundo que deve mais à teimosia em a perpetuar do que à sagacidade em a questionar

Assim, E Gibbon descreve em pormenor o exército romano, a sua organização, números, materiais e tácticas.

A muito conhecida “legião” era composta de 10 coortes (a primeira coorte composta por 1105 soldados as nove restantes por 555 cada uma; a totalidade da infantaria legionária seria de 6100 homens).
A cavalaria seria dividida em 10 tropas ou esquadrões – o primeiro com 132 homens, enquanto os outros 9 eram compostos por 66 cada um – ou seja, um total de 726 homens montados ligadas à sua legião.
Um total de 6826 militares aos que teríamos de juntar os seus auxiliares, o que seria um total aproximado de uns 12 500 homens.
A paz estabelecida por Adriano e seus sucessores estava garantida por - nada mais nada menos - do que 30 Legiões… o que formaria um conjunto de 375000 homens – em tempos de paz… este era um exército muito maior do que o disponível por Napoleão no séc. XIX! (frisar aqui questões estatísticas de relação populacional entre as duas épocas para que se entenda o ponto exclamativo).

Para abastecer um exército de tal envergadura – seria necessária uma indústria de armamento extremamente desenvolvida.
E Gibbon explicita armas de ferro (e mesmo de aço):
“Para além da sua lança ligeira, o legionário agarrava na sua mão direita o Pilum, cujo comprimento total era de uns seis pés (uns 182.88 cm) e que terminava numa massiva ponta triangular de aço de umas 18 polegadas (45.72 cm). Noutro local refere o uso de “…maças e lanças de ferro…”.

É crença comum que a extracção de ferro dos resíduos mineiros era prática habitual no Império Romano.
No entanto, para derreter ferro puro, necessita-se de uma temperatura de 1539ºC – que não se pode obter apenas através da queima de madeira ou carvão - sem o afluxo de ar que só as modernas fornalhas inventadas mais de 1000 anos depois podem fornecer

Mesmo em pleno século XV, o ferro produzido era de uma qualidade relativamente pobre devido a que grandes quantidades de carbono deviam ser absorvidas de forma a baixar a temperatura de fusão até aos 1150ºC.

Temos ainda o impedimento da escassez de recursos – as fornalhas de explosão do séc. XVI requeriam grandes quantidades de madeira para produzir carvão – um método caro e sujo que conduziu à desflorestação de grande parte da Europa

Como teria conseguido suster a Roma antiga, uma tal produção de ferro de qualidade em escala suficiente para suprir os milhares de toneladas de armas e equipamentos do seu vasto exército?...

Apenas pelo tamanho do exército, poderíamos concluir que a população do Império Romano de Oriente e Occidente no séc. II E.C seria de – pelo menos – 20 milhões de pessoas, podendo ter chegado aos 40-50 milhões.

E.Gibbon fala de 1197 cidades na península Itálica.
A cidade de Roma – só por sí – possuía mais de 500.000 habitantes, havendo no entanto outras grandes metrópoles ao longo do Império.
Todas estas cidades estavam ligadas por vastas redes de vias públicas pavimentadas ("auto estradas" ou "avenidas" no caso da ligação entre cidades) – com o seu comprimento combinado superando os 6420 km!
Isto apenas seria possível numa sociedade tecnologicamente avançada…

Segundo J.C Russell - no séc. IV E.C – a população do Império de Occidente era de aproximadamente 22 milhões de pessoas (incluindo 750.000 pessoas na actual Inglaterra e 5.000.000 na actual França) e a de Oriente de aproximadamente 34 milhões.

Não é muito difícil notar que há um sério problema com estes números…

Na Inglaterra, a população de 4 milhões de habitantes no séc. XV subiu para 62 milhões no séc. XX.
Da mesma forma na França, uma população de 20 milhões no séc. XVII (reinado de Luís XIV) cresceu para 60 milhões no séc. XX.

Este crescimento ocorreu mesmo tendo em conta as perdas devidas a numerosos conflitos atrozes.
Sabemos pelos registos históricos que – nas guerras Napoleónicas – cerca de 3 milhões de pessoas pereceram, na sua grande maioria homens jovens.
Mas também temos a revolução Francesa, as guerras do séc. XVIII, a primeira guerra mundial…
Assumindo um crescimento populacional contínuo, é fácil calcular que a população da Inglaterra duplicou em cada 120 anos enquanto que a da França duplicou em cada 190 anos no período de tempo em causa.


De acordo com as projecções – os habitantes da Inglaterra em pleno Império (séc. IV e V) teriam de ser uns 10-15.000 enquanto os da França seriam uns 170-250.000… No entanto, de acordo com a estimativa com base nesses tais “documentos históricos”, o número teria de ser de milhões, não de milhares!


Explicações lógicas para a estagnação ou decréscimo populacional no início do séc. V falham… falta de higiene, epidemias, menor tempo de vida - simplesmente esmorecem se tomarmos em conta que desde o séc. V até ao séc. XVIII não conhecemos nenhuma melhoria significativa das condições sanitárias na Europa Ocidental.
Aliás – a introdução de armas de fogo no séc. XV - resultou num incremento no número de vítimas de guerra…

De acordo com os serviços demográficos da UNESCO – é necessário um acréscimo de 0.2% anual na população como forma de manter um crescimento demográfico sustentado.
Um decréscimo – ainda que de apenas 0.02% anual - seria tido como uma catástrofe demográfica.

Não há evidências de uma tal hecatombe na história da raça humana.
Assim – não há razões para assumir que o crescimento populacional nos tempos da antiguidade diferiria significativamente do crescimento populacional em épocas posteriores. Como justificar este total desfasamento entre as fontes “históricas” e os dados demográficos?...

Mas há mais discrepâncias.

Note-se que o conhecimento e tecnologia tradicionalmente associados com o mundo antigo presumivelmente desaparecem durante a “Idade das Trevas”, ressurgindo apenas no séc. XV com o início da Renascença.

A história da matemática promove uma análise desta situação bizarra, usando-se como referência os grandes triunfos do pensamento tal como preconizados – desde a aritmética e geometria gregas até à invenção do cálculo por I. Newton (1643-1727) e G.W. Leibnitz (1646-1716) contemplamos um vazio de 1000 anos separando a antiguidade da era moderna.
E que dizer sobre a astronomia, química (alquimia), medicina, biologia e física?

Actualmente somos incapazes de construir objectos simples criados na antiguidade emulando a forma como – supostamente - foram trabalhados na altura!
Isto, neste tempo no que a tecnologia produziu o vaivém espacial e a ciência está prestes a clonar o corpo humano!
Será deveras improdutivo manter a culpa destas incapacidades nos segredos perdidos do passado ou até na destruição da livraria de Alexandria…

Parece a muitos que a cronologia da tecnologia e desenvolvimento científico deveria ser estudada mais a fundo – e não apenas por historiadores - mas por equipas das áreas do saber que são abrangidas por esta revolução do pensamento e da forma de se pensar na nossa cronologia e história como espécie.

Produção dos monólitos do Egipto em plena idade do bronze, cálculos astronómicos precisos sem auxílio de relógios mecânicos, objectos de vidro e espelhos de há mais de 5.000 anos… tudo contradições que não se sustentam no modelo cronológico actual

Mas – voltemos à matemática e à suposta Roma antiga.
O sistema numeral romano simplesmente desencorajaria qualquer cálculo sério.



Como poderiam os romanos construir pontes, templos, e aquedutos sem um método de cálculo preciso e elaborado?

O principal problema dos numerais romanos é que resultam completamente obsoletos para realizar a mais simples das operações (como a soma), já para não falar da multiplicação ou divisão.

Nas primeiras universidades Europeias, os algoritmos para multiplicar utilizando numerais romanos eram tema para teses de doutoramento na área da pesquisa.
É absolutamente impossível utilizar os mal acabados números romanos em operações de estágios múltiplos consecutivos.
O sistema Romano não comportava o numeral “zero”.
Mesmo as operações decimais mais simples eram impossíveis utilizando numerais romanos (procure somar utilizando os valores romanos):

MCDXXV+MCMLXV22

(ou multiplicar):

DCLIII ×
CXCIX23

Melhor ainda – cultive o ócio (deixe de ver telenovelas e tal…) e procure construir uma tábua de multiplicar utilizando números Romanos.
E fracções?
E – operações com fracções?...



Apesar destes rombos enormes – é suposto o sistema romano ter-se mantido como a principal representação de numerais na cultura Europeia até ao séc. XIV

Como teriam os Romanos sucesso nos seus cálculos e na sua complexa contagem astronómica?

Mais desconexões…

É suposto que o matemático Grego Diofanto (200/214 - 284/298?) conseguiu solucionar o seguinte sistema de equações (diofânticas em sua memória):

x31 + x2 = y3
x1 + x2 = y

De acordo com a nossa cronologia e segundo os historiadores, no tempo de Diofanto, só se usava uma incógnita em equações, o símbolo de adição não existia nem o símbolo para “zero”.

Como poderiam as equações Diofânticas ter sido resolvidas usando numerais gregos ou romanos?...
Podemos reproduzir essas soluções com o material supostamente disponível na altura?...
Estaremos a lidar com mais um dos “mistérios” da antiguidade que tanto pão dão a cartomantes, revistas sensacionalistas e aos próprios média?...

Meus caros – o próprio Leonardo DaVinci - no início do século XVI – tinha problemas na resolução de potencias fraccionais.
É interessante notar que – nos trabalhos de DaVinci - não há tampouco rastos de “zero” e que usava 22/7 como aproximação de Pi (provavelmente seria esta a melhor aproximação de Pi disponível na altura…).

Mais um dado para pensar – a invenção dos logaritmos (o logaritmo de um número X – de base 10 – expressa o número de dígitos da representação decimal de X) está directamente ligada à ideia de posicionamento do sistema numérico – ergo – os numerais Romanos nunca poderiam ter desencadeado a sua descoberta

A prison that you can’t smell or taste or touch… a prison for your mind