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terça-feira, fevereiro 08, 2005

Trabalho no ar saudavel das montanhas

Como prometido – hoje iniciamos um percurso, um caminho comum, no que vais trilhar junto comigo algumas das terras Maubere…

Vais ver o que os meus olhos viram… um pouquinho só – para que a tua imaginação faça o resto…

Hoje começamos com o atendimento… não pretendo inserir muitas imagens de gente doente – por um lado é difícil evitar a sobre-exposição dos que recorrem à consulta, por outro – não é essa imagem sensacionalista, de venda fácil, que pretendo imprimir neste blog.

Gostava que viesses comigo e os meus colegas, que sentisses o contexto, sem entrar em sobre-dramatismo.. nós não o sentimos no terreno! Para te dizer a verdade, na montanha, apesar das possíveis dificuldades, havia sempre uma sensação muito forte de utilidade e positivismo flutuando no ar da missão.

Sente a diferença – do povo, das condições…

Como já deves ter reparado, não cheguei a nenhuma conclusão acerca do tipo de vida – se melhor, se pior – desta gente em relação ao nosso.

Mas fiquei com a forte impressão de que – colocado perante a opção – preferiria estar aqui, ser um deles…

Esta opção já não é possível.
Para bem ou para mal, fui “formatado” como Occidental e não é possível desenraizar-me do meu contexto…

Mas, para esta gente ainda há a esperança de que melhoria de vida não implique desenraizar-se das suas tradições, que a sua cultura linda não seja engolida pelo grande avassalador – a máquina pesada que cilindra a diversidade por onde quer que passa, terminando a possibilidade de que este mundo unificado seja composto por um mosaico multifacetado e colorido de povos e culturas…

Sente-se – com uma certa urgência – a necessidade de começar a pensar seriamente em como podemos dizer “sim” ao progresso que unifica os povos, conservando a essência e características que poderiam e deveriam tornar-se patrimonio para o resto da humanidade.

Aprender a reconhecer com humildade as grandiosas características de outros povos tecnologicamente diferentes do nosso é lição a enquadrar no livrinho desta nova "Sociedade das Nações" versão pós Segunda Guerra Mundial...

Não cilindrem as minhas gentes da montanha… que as suas vidas possam ter alguma abundância sem que para isso se vendam ou se percam na confusão!...

3 comentários:

Red Boys ESTAÇÃO disse...

É pena q isso seja tão difícil de conseguir... Para sobreviver, para evoluir, sempre algo fica pelo caminho na urgência do viver...
Gostei mt do post.

Micas disse...

Viajei contigo. Estes povos são uma lição de vida para nós ocidentais, não tenho dúvidas. Por voçês, voluntários que deixaram tudo para trás para ajudar, fazendo com que a esperança desses povos continue a crescer, tenho todo o respeito e admiração. São as pessoas como voçês que considero realmente herois, herois anónimos, mas que estão lá e fazem com que esses sorrisos não se apaguem. Um grande BEM HAJA a todos vós. Fica bem. Beijinho

peciscas disse...

Vim aqui por interposto contacto e que agradável surpresa...
Vivi, há muito tempo, dois anos em Timor.
Os teus textos, as fotos,foram um reavivar de emoções e sentimentos.
Reavivar, não digo bem. Porque essas gentes tão longínquas, permanecerão para sempre na minha memória.
E as crianças, sobretudo as crianças, o seu sorriso, a sua esperança,a sua ingenuidade em estado puro!