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segunda-feira, dezembro 31, 2007

Paz



Quando olho os sorrisos das crianças ao colo dos seus pais, quando vejo as mãos entrelaçadas daqueles que se amam…


Quando vejo as famílias que se encontram e se unem no Natal, quando os amigos se sentam à mesa do café num dia de chuva…


Quando um sorriso se acende por um gesto de carinho e, quando se caminhava nas sombras, uma mensagem num ecrã de telemóvel desperta a esperança …


Quando há alguém com quem se pode contar, mesmo que tudo em redor pareça ruir…


Há muitos inimigos da esperança hoje em dia.


Mas os aliados, esses são aquele tesouro que convém cultivar.


Um feliz 2008, com saúde para poder desfrutar a paz e amor de se estar com os que são prezados ao coração.

quarta-feira, maio 23, 2007

Sinais dos Tempos

Passeando pelas ruas de Tuy, encontrei este cartaz:


A caminho do meu trabalho encontrei esta casa:


Formas de ver o mundo com humor...

domingo, maio 06, 2007

Se eu fosse voar…


Se eu voasse, diria às árvores que as suas raízes as prendem… mas não voo, nem sou anjo, nem tenho halo nem asas, nem o meu pensar e sentir se encontra isento de humanidade…

Se eu fosse rocha, diria às gaivotas que as suas asas as arrastam para nenhures… mas nem sou duro, nem sólido nem sou pertença de nada ou ninguém e a minha alma não se encontra isenta de saudades da sua casa…

No entanto, olho as árvores e vejo como voam…
Como – tendo as raízes na terra – elevam os seus ramos aos céus…

Sinto dignidade ao estar protegido baixo os seus ramos, ao sentir a solidez do seu tronco… gostava de ser árvore: com raízes na terra e folhas nos céus; com um tronco sólido e firme que ligasse ambos…

Se eu fosse árvore – voava…

domingo, abril 15, 2007

Segundos de Vida


Tenho apenas uns segundos de vida… que fazer?

Cheirar o ar da noite e sentir esta serena humidade envolta num silêncio de paz…

Passear com pés descalços pela beira-rio, sentindo a areia e os pés e como ambos fazem música na caixinha mágica que me puseram sobre os ombros…

Enveredar por entre a multidão de uma noite de festa, sorrir com o cheiro de algodão doce, apaixonar-me por todas as garotas que passam, achar piada ao mar de cabeças saltitando ao som de uma orquestra local, rir com as peripécias de um gajo desajeitado ao volante de um carting…

Ouvir as duas últimas músicas da “Irmandade do Anel” - revendo a morte de Boromir, enquanto uma mãe cuida e mima uma bebé linda bem na mesa em frente num restaurante onde vou comendo descansado o bife que rompe com as minhas dietas sem carne…

Jogar uma partida de xadrez taco a taco, pedir que o meu parceiro não faça o movimento que lhe expõe a Dama, sorrir de mansinho enquanto o Porto vai ganhando o jogo e o resto do pub se divide entre dois tarados à frente de um tabuleiro e mais um golo do clube do dragão, ganhar a partida e dar um “hifive” que sabe a vitória conjunta depois de levar ambos os relógios até aos trinta segundos do fim…

Depois vir, sentar, ver a praça solitária lá fora baixo as luzes da madrugada e ir escrevendo para que possas ler e ver o quanto se pode fazer com apenas uns segundos de vida.

São sempre os últimos.

É bom quando sei que é assim.

Boas noites…

quinta-feira, abril 12, 2007

O Tempo


A quem pertence o tempo que utilizo na minha vivência diária?
De que forma oriento as minhas opções na utilização desse tempo?
Será possível “roubar” o tempo das pessoas mudando para isso o contexto das opções diárias?

Se fizer as contas do tempo que consumo a trabalhar (ou a ser “produtivo” – entendendo por isto as actividades utilizadas para corresponder às normativas sociais preestabelecidas; ex: cuidar da imagem); somar esse tempo aos períodos de sono/ repouso (cada vez mais curtos devido à expansão das horas de “ócio” pela noite dentro) e o subtrair ao tempo no que – efectivamente – decido investir em coisas que REALMENTE opto por fazer (e que não parte do “pack” de actividades obrigatórias/ condicionadas) certifico-me efectivamente do meu “saldo negativo” em termos de tempo.

A conclusão seria que fico a “dever” tempo – a algo ou alguém.

Poderá parecer uma conclusão fora de contexto e completamente fora de propósito mas, num meio cultural e social no qual a frase “não tenho tempo para…” - geralmente acompanhada de “gostava de… mas” - aparecer como uma das frases ouvidas com mais frequência (como razão ou desculpa perante o próprio e os outros), talvez seja momento para “arranjar tempo” e reflectir.

À conclusão acima referida associam-se todos os efeitos secundários do “distress”.

O di-stress é uma forma de paranóia existencial moderna, uma doença que se vai instalando e se faz crónica.
Sendo o primo mau do “eustress” - que é uma reacção fisiológica normal perante qualquer mecanismo agressor - esta “mancha de crude” no mar da vida tem vindo a alastrar, colocando em risco a fauna e flora locais (como os momentos de verdadeiro relaxamento – a tal ponto que se necessita actualmente de “aprender” a relaxar com técnicas de cariz mais ou menos oriental, toma de ansiolíticos para combater os efeitos da “maré negra”, pagar a psicólogos ou psicoterapeutas para que nos “re-eduquem” na arte de voltar a ser criança).

A invasão deste negrume tem sido tal, que em muitos arquipélagos deste continente cultural até já se acha que é este o estado natural das águas da vida, pelo que já nem se nota muito o contraste das reacções tomadas baixo o efeito do di-stresse versus as acções escolhidas baixo uma perspectiva relaxada e amena sobre a vida e o próprio.
Aqueles que não estão constantemente a correr para cá e para lá são referidos como “preguiçosos”. Os que dão prioridade à sua própria vida sobre a da empresa/ negócio são traidores, pilantras sem compromissos e os povos que não estão ainda totalmente infectados por esta maré negra são preguiçosos, indolentes, pilantras sem compromissos e safados por natureza…

Propõe-se a leitura urgente de um livrinho de Michael Ende, titulado “Momo”.
Para mais informações, contactar o Sr. Minutus Secundus Hora – que mora algures no coração de cada ser humano.

Um bom dia para vocês…

sábado, abril 07, 2007

No Calmo do Luar


Hora de ninguém e como ninguém escrevo acerca desse límpido vazio preenchendo ruas enquanto luz de luar passeia paz por entre espaços deixados nos ecos humanos que esmorecendo se esvaem…

A memória das ondas prateadas sobre a Dama do Rio vai trazendo ao de cima paz anterga desde as profundezas da evocação do lar longínquo que se fez marca indelével por entre portais de alma…

Brisa subtil envolve braços em sereno abraço o mundo cobra vida o lugar deixando de ser fachada para ser coisa de sombras se movendo ao som das cítaras de outras eras passos se fazendo dança guiada nas mãos invisíveis afagando o ser dorido canções de calma segredadas através das feridas abertas pelo ruído da vida diária entre Homens sob a luz de um sol impondo formas a um sonho colorido…

quinta-feira, abril 05, 2007

A Ditadura das Aparências - I


Quando é dor que sinto ninguém quer ouvir, partilhar, sentir… por isso aprende-se a mentir de boca cheia apresentando uma maquilhagem cuidada para ocultar a face triste de viver de fachada…

“Inside my heart is breaking, my makeup maybe flaking but my smile still stays on”…

O mais lógico é que te enviem ao Professional e que te digam para ser Profissional… como se pudesse comprar ou vender a minha humanidade e compactar a sensibilidade desta esquizofrenia diária numa caixinha de botões…

Diariamente um par de dezenas de pessoas vêm passear os seus despojos para o local centralizado onde os detritos são armazenados ou tratados. Compactados no mesmo espaço físico e confinados aos mesmos horários de atendimento, os bultos outrora humanos deslizam em silêncio imposto pelos corredores agrestes, enquanto os funcionários deverão mostrar as suas faces pétreas ou as suas técnicas de tratamento aprimorado que emulam a realidade humana outrora existente na fauna terrestre…

Como um bom cão amestrado, sinto a dor e fico no meu lugar… vaga após vaga de solidão, abandono, frustração, apatia, desespero, raiva, revolta… como um rochedo sólido, o profissional serve de consolo vendendo a imagem do ser inamovível que inventa os ícones sociais do sucesso, estabilidade, felicidade, conforto, estatuto; aumentando por sua vez a frustração, dor, raiva e afins dos do outro lado da bata por serem eles os únicos a sentirem que a sua vida está em frangalhos…

Aparências que conservamos para bem do sistema, dos outros, da sociedade, da empresa, da família, do vizinho… de algo ou alguém indeterminado… em qualquer lado… mas continuamos a representar…

É suposto que se conserve a fé num sistema que aumenta diariamente o seu número de utentes, de técnicas, intervenções, medicações quando era suposto ser ao contrário se realmente funcionasse como sector de Promoção de Saúde?...
Promoveremos por acaso a Doença e da Doença até já teremos começado a fazer negócio?...

Não creio que enfiar os doentes a molho num mesmo local e numa mesma “cadeia de montagem” seja “saudável”.
Não creio que ser profissional seja sequer humano e que ser humano tenha alguma coisa a ver com profissionalismo… se não tivéssemos idiossincrasias seríamos cibernéticos e – por enquanto – ainda não estou transformado de todo numa lata executora de leis externas…

sábado, março 31, 2007

The two Thrones


Neste mundo de luz e sombra – onde o de fora é aparência e o de dentro convulsão – o caminho para que as forças que nos compõem se façam harmonia tem sido complexo e, de certo, abrupto.

Em cada ser que desperta - a batalha pela “terra do meio” - de onde a sua consciência se eleva nas asas do espírito ou mergulha nas sombras do caos, tem semeado roturas na nossa forma de ver a vida, o mundo e as coisas… acima de tudo, na forma de nos encararmos a nós mesmos como humanos.

Se por um lado, as lendas do passado nos falam dos critérios antergos – ora como demónios ora como anjos, ora como mães perversas ora como pais tiranos – o certo é que, pugnando pela contextualização dos fenómenos observados, duas forças se debatem com igual pujança no teatro da actualidade.

Não sabemos hoje o que é a verdade, o que é verdade, se uma verdade existe ou se existe a “nossa verdade” sequer...

Tudo é rebatível desde o ponto de vista lógico, mutável desde o ponto de vista quântico ( invoca-se a mecânica quântica e seus sucedâneos como arma de arremesso contra o modelo “clássico” do mundo, das leis sociais e da vida).

Uma batalha entre a energia masculina e feminina está a arrebentar por entre todos os redutos de resistência que ainda possam existir.

Poderá parecer libertador, livre e harmonioso o tal mundo que se nos apresenta com os valores do boné frígio… mas há algo dentro – no profundo da consciência – que adverte sobre as suas benesses aparentes e sobre a beleza dos seus ideais pregados aos quatro ventos.

Se num triângulo de vértice que aponta ao alto os valores da aspiração imperavam, neste novo tempo de triângulos de vértice cravado na terra, os valores implicam um regresso à tradição obscura que se estende nas áreas mais intuitivas (ou caóticas) da nossa natureza.

Nesta pugna entre energias masculina e feminina, do deus e da deusa, da razão e da sombra, da ordem e do caos emergerá uma nova civilização…

Como Hegel postularia – entre uma tese e uma antítese - apenas poderá surgir uma síntese.

Esperemos que seja uma síntese de seres livres e não de escravos docemente atados às cadeias das artes subtis.

Bem haja.

quinta-feira, março 22, 2007

O amor de Sócrates…


Sócrates era “feio”… pelos cânones de estilo e beleza atribuídos a aquilo que se vê desde fora…

Sócrates não era “poderoso”… pelos cânones de poder e riqueza que se interpretam desde fora…

Sócrates era Mestre – pelos cânones que se interpretam por aquilo que desenvolveu nos seus discípulos (como Platão).

Sócrates seduzia as mentes jovens e – utilizando Eros no seu auge – depositava uma semente de luz no interior dos jovens, uma luz tal que nenhuma regra ou parede social podia ocluir…

Sócrates foi condenado pelos Tiranos – os anciãos – da metrópole.

O poder do amor dito “platónico” – não consumado na carne mas sim orientado para libertar os Homens da sua Nêmesis: o Medo – foi tão forte que uma revolução do coração estava prestes a estilhaçar o poder e aparência desde o seu âmago… o próprio coração dos Homens que se expuseram à escravidão…

Sócrates poderia ter salvo a sua vida… se arredasse pé do seu caminho, se o seu Eidolon submetesse o seu Daemon. Se tivesse sacrificado o seu “eu superior” pelo medo do seu “eu inferior”…

Sócrates – usando de alguma ironia - ofereceu como preço “justo” da caução que os Tiranos lhe propunham, trinta minas (moedas de prata)…
Um preço risível e que denotava o quanto o Mestre estava decidido a não abdicar do seu caminho e da sua entrega à verdade que habita o coração dos Homens – essa verdade que propôs as leis de convivência entre os homens e que os homens tantas vezes tendem a explorar em benefício próprio…

Sócrates teria sentido verdadeira admiração por um outro Mestre – “nascido” 400 anos após a sua morte.
Este mestre – vendido por trinta moedas de prata pelo Judas (que não o Judas Tomé Didumo, gémeo do Mestre) – pregou a boa nova do coração.

Seduziu com a sua mensagem libertadora todos aqueles que eram oprimidos pela ditadura das regras que matam a alma – desde dentro e desde fora…
“O Sábado foi feito para o Homem e não o Homem para o Sábado”…

Pregou o amor como medida das coisas e dos homens…

Foi condenado pelos poderes religioso e político por ter ousado amar para além daquilo que as normas de decência, moral e bons costumes advocavam…

Reformulou a lei transformando-a num mandamento novo… que amássemos…

Nestes tempos de leis e legisladores, seria talvez importante relembrar o espírito da lei em simultâneo à sua letra…

quarta-feira, março 21, 2007

O meu dente do juízo…foi-se!


A minha criança Sol tem andado a treinar tiro com arco sabem?…
Fez uma desenho – garrido e enorme nas paredes da nossa casa – com uma Diana daquelas de arcos concêntricos que os das olimpíadas usam para ganhar medalhas…

Sempre que aparece algum convidado, ela vai a correr lá para fora – arco em punho – e lá vai mandando as suas setinhas com ponta de ventosa, para ver se impressiona quem passa…

De vez em quando lá vem algum vizinho queixar-se (de seta colada à calva) de como a minha criança Sol anda a fazer disparates…

A nossa conta com o arranjo dos vidros é que já vai numa quantidade larga de euros… cada vez que a minha criança Sol pensa em impressionar os convidados à nossa casa, lá vai partindo algum que outro vidro das janelas que ligam ao exterior…

Eu bem que não queria meter umas persianas de madeira ou mesmo ferro (já tenho visto umas quantas em algumas casas por ai, mas todas parecem escuras, sombrias… enfim – assustam mais do que convidam a espreitar), mas um dia destes lá vou ter mesmo de forrar as minhas janelas com grades…

Ou isso, ou ensino a criança Sol a usar o seu arquinho para acertar no centro mais do que para mostrar a todos como é boa naquilo que faz, para chamar a atenção dos vizinhos e assim…

E é que gostava que as pessoas pudessem olhar bem cá para a nossa casa e que vissem que bela ela é e – sobretudo – que as janelas seguissem abertas de par em par, pois servem para deixar a luz entrar e para que a beleza da nossa casa também possa irradiar…

Até lá, teremos uns quantos de vidros para o arranjo, suponho.

Ai, estas crianças Sol dão cá um trabalho…

quinta-feira, março 15, 2007

Palavras ao Bento


Há Ventos de mudança, há luz a irradiar do túmulo fechado, há vida no barro frio, há amor na roma mundana…

Palavras ao Vento – ecos de passado – que relembrem aos que servem em ministério de igreja – do grego “Ecclesia” ou "encontro dos convocados" - como o "ósculo santo" era um beijo na boca que antecedeu o abraço que antecedeu o aperto de mão que antecedeu o receio do toque e do outro quando sinalizamos a tal “paz” de Cristo que hoje as pessoas duvidam em dar ao “próximo” em cada vez que vão ao templo de pedras sem ser templo vivo…

Ecos de passado – palavras ao Vento – que lembram como o AMOR tem três faces – máscaras ou “persona” em grego - Eros, Filos e Ágape…

Eros – que todos transportamos e irradiamos – não fosse entusiasmo derivado do grego “enthousiasmos” e significasse estar também em Deus…

Filos – o amor amigo, amigo de vários, amigo do saber como o Filósofo, amigo da humanidade como o Filantropo, amigo da beleza, das coisas e formas, das ideias do mundo e dos ideais dos Homens… esquecemos – óh vento – essa tal paz de se sentir amigo de nós mesmos?...

Ágape – o amor místico, o amor que impregna e transcende a forma, a gota que mergulha no mar e mar se faz… era este o nome da Eucaristia… ecos e palavras ao Vento… comunhão com o todo, comunhão em ecclesia… verdadeira “Catholicos” – verdadeiramente “Universal”

Palavras ao Vento – que se esqueceu – como “Eva” significa "Vida" e como sem ela a igreja dos homens se faz apenas um “Adão” ou barro seco…

Palavras ao Vento para que arrede a culpa – primeiro sinal da queda – quando antes a nudez era pura, simples e apenas deixou de o ser quando nos disseram que não o era… diz óh vento à criança nua que "pecado" – do grego “hamartia” e significando “falhar o alvo” – não é falhar ao livro ou ao ditame - por muito que estes preguem bons conselhos e intenções - mas trair a tua própria natureza… e o ser humano existe para amar… foi este o maior mandamento...

Ele disse “Ágape” ao divino nas coisas acima das coisas em sí… mas “Ágape” nontheless…

Vento que relembres o quanto Pai, Filho e Mãe são três e são um.
Quanto que o amor entre eles é vida e vida é amor.
Não te fiques apenas por ler a letra lendo na letra ao contrário... e vendo Roma não vejas amor.

Somos filhos da lua e do sol.
A terra o ventre que acolheu sua luz.
Nós a luz que se fez gente e gente que caminha para a luz…

Vento – óh vento – ajuda o caminhar…
Mais do que mandar – convida…
Mais do que definir – confia…
Palavras – Vento – que esquece quando “teme” significa “conhece”

Inveja


Ao espreitar a edição do “Guerreiro da Luz Online”, dei com este excerto sobre um dos pecados capitais, a inveja:

Para o cientista e pesquisador Dr. William M. Shelton, a inveja é uma reacção provocada por pessoas fracassadas, que buscam evadir-se da realidade escondendo-se por detrás de uma cruzada visando restabelecer “valores morais”, “ideais nobres”, e “justiça social”. A situação ganha uma dimensão perigosa quando o sistema escolar começa a desenvolver no aluno o condicionamento para desprezar todos aqueles que conseguem ser bem sucedidos, atribuindo sempre qualquer êxito à corrupção, manipulação, e degradação moral. Como a busca do sucesso é algo inerente à condição humana, os estudantes terminam em um processo esquizofrénico de odiar justamente aquilo que os levaria à felicidade, aumentando desta maneira as crises de ansiedade, e diminuindo a capacidade de inovar e melhorar a sociedade.”

Para quem - como eu - já passou algumas crises de absolutismo déspota em versão patriarcal sem graça, este texto veio mesmo a calhar.

quinta-feira, março 08, 2007

Dia das Crianças Sol


Quando olho em volta, vejo apenas crianças sol com fatinhos de barro de formas engraçadas.

Umas brincam a serem meninas, outras a serem meninos… mas são luz encarnada no ventre da Mãe Terra, são Sol que se fez gente…

Tenho reparado que os vendilhões de sombras estão a plantar ovinhos de casulo de aranha cada vez mais perto dos corações das crianças Sol.
Conseguem colocar pais contra filhos, religiões contra religiões, benfiquistas contra portistas, chefes contra subordinados, ricos contra pobres…

A última guerra que poderá terminar esta humanidade (esta versão do amor do Sol e da Terra… do Pai e da Mãe) é a que separe homens e mulheres.

Concordo – todos, mas todos mesmo! (crianças e idosos, adultos de ambos os sexos, empregados de qualquer condição, patrões de qualquer raça, crentes de qualquer credo) precisam de mais mimo, de mais atenção, de mais carinho, de mais compreensão…

Agora – não concordo com vítimas, vitimizações, demonizações, culpabilizações(a palavra culpa faz doer o meu ser Sol, prefiro “responsabilidade” que implica caminho, aprendizagem e possibilidade de crescimento)…
Creio em opções – e, sim, muitas crianças sol fazem opções com repercussões que geram barulho em vez de harmonia… nunca conheci nenhuma criança Sol nesta escola planeta que não tivesse essa forma de aprendizagem pendente…

Creio em ideias – e sim, algumas levam a que as crianças sol andem aos encontrões em vez de dançarem num bailado que os faça sentir belos… tal e como são…
Se as crianças sol fizerem silêncio, encontram as ideias harmonia bem dentro do coração, mas por enquanto ainda se divertem com a ópera da vida nas suas versões de ensaio geral…

Uma das ideias que faz com que andem aos encontrões é a de que existem “inimigos”.
Os “inimigos” são os políticos corruptos, os patrões egoístas, os companheiros pilantras, os homens abusadores, as mulheres manipuladoras, os americanos imperialistas, os judeus capitalistas, a beata corta casaca, blá, blá, blá…

Todos os anos temos “modas” de ideias que promovem o rancor, o medo ao próximo, a hostilidade ao vizinho, a falta de fé na humanidade… e isto traduz-se em rancor, medo, hostilidade e falta de fé na nossa própria humanidade.

Se as crianças sol usarem os seus olhos de ver ( e não os seus olhinhos de faz de conta – que servem para tecer as histórias e os papéis nos quais elas gostam de se investir para fazer decorrer a peça da ópera da vida), repararão que são os tecelões de sombras que estão a deixar ovos de aranha para lhes roubarem um pouco da sua luz de viver.

Um abraço para todas as crianças sol…
Com maminhas ou pilinha, com peles de cores garridas ou não…

quarta-feira, março 07, 2007

Contra Hitler…



Para além dos demónios e demonizados da história, está a consciência de que os vencidos são vestidos com cornos e rabo pelos vencedores que libertam de tiranias imaginárias…

Desde um núcleo esmagado pela gravidade, hélio e hidrogénio expandem luz para dar vida… no coração da estrela palpita, no entanto, o seu némesis… o buraco negro…

No centro da galáxia espiral da existência, fluindo desde o núcleo de luz, a força centrífuga da nossa criação assume-se matéria… no ventre da Mãe a consciência vagueia na forma.

Alguém apagou o registo… um patriarca pensou… pensou de mais… e quis guiar as crianças sol apenas de sua mão…

Mas as crianças sol – sem o cuidado e amor materno – foram tecendo casulos de teia. E as sombras envolveram o seu olhar luminoso, a culpa toldou a sua inocência, o beijo gratuito fez-se distância e a paixão acesa fez-se reserva.

Contra aqueles que defendem os grilhões nada tenho – são crianças Sol que se vestiram de negro em casulos de teias-sombra.

Mas – a minha batalha é contra as suas escolhas quando impostas e as suas ideias quando repetidas como “A” verdade em vez de uma verdade a meias.

Uma guerra travada cada vez mais perto dos portões do paraíso, pois cada vez mais dentro plantam seus ovos os tecelões das sombras e névoas da alma.

Bem haja aos livres.
Bem haja aos que vivem no coração – esses estão no centro e todo o mundo passa por ali.

Os outros vão e vêem; procuram, pensam, encontram, perdem e seguem a inventar histórias e a fazer história…

sexta-feira, março 02, 2007

Guerreiro Pacífico


Um bom livro do Senhor Dan Millman.


O caminho do guerreiro pacífico... uma antítese aparente que revela o quanto as verdadeiras batalhas para mudar o mundo se encontram pelo lado de dentro do espelho...


Um mundo de tempestades e encantos para explorar.


O livro é bom, a viagem interior sempre foi necessária (não fosse "Temet Nosce" uma das máximas mais conhecidas da antiguidade clássica) e agora temos um filme... esperemos que a produção seja melhor do que a da "Profecia Celestina".


Fica o link do filme para quem goste...

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Música para pensar... e sentir IV


Talvez a responsabilidade seja da Margarida Pinto... obrigada a ti pelo "Diário da Tua Ausência", tem-me feito tão bem.


Talvez seja responsabilidade da Ana que mo emprestou e sublinhou... obrigada por deixares bem presente aquilo que eu tenho sido bem cego para ver.


Talvez porque a solidão mostre como o medo e a desconfiança, o orgulho e a vaidade, a imaturidade ou a revolta podem deixar tanto de parte no conteúdo da alma...


Talvez tenham sido as orações enviadas em corrente e que, finalmente, me tenho decidido a reenviar... contra toda a lógica, o bom senso ou a desconfiança reinante nestes dias de final de Inverno...


Cá vai uma música que tem ritmo e letra para falar disto... espaços vazios que apenas se preenchem por dentro... lá fora está o vazio à espera de que algo de calor humano lhe dê sentido... talvez por isso andemos por cá... não uma praga como alguns dizem - mas uma benção para encher este mundo de sentir.


Vou tentar fazer melhor do que até agora.


Obrigada.

http://www.youtube.com/watch?v=KSpcaEjSYBo

(devido a questões de propriedades de ideias - como se tudo pudesse ser capitalizável... enfim - o excelente video clip foi retirado das bancas públicas... fica aqui a versão "aborrecida")

http://www.youtube.com/watch?v=zxXwIIBlSgw

O "Chasing Cars", dos Snow Patrol, ficou com este "tag" no "YouTube":
This video is not available in your country. Skipped to the next available video.

E ainda dizem que há liberdade de expressão...

(cá fica mais um link alternativo: Snow Patrol - Chasing Cars)

(e aqui a famosa versão americana do vídeo: Chasing Cars vesão U.S)

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Música para pensar... e sentir III


Entre o antes e o depois... uma visão da memória acerca aqueles que nos precederam. Possam os nossos passos trazer luz onde antes havia sombras.

Música para pensar... e sentir II


Para sentir o espaço daqueles que realmente importam. Ás vezes não há maior cruzada para salvar o mundo que amar quem está à frente dos olhos... antes de que já não os vejamos mais.

"Everybody's Changing" - Keane

Música para pensar... e sentir - I


Para sentir a responsabilidade de se construir um mundo melhor através de afectividade saudável...

"Because of You" - Kelly Clarkson

sábado, fevereiro 17, 2007

Como?...

Temos dois caminhos à nossa frente…

Num deles, pé ante pé, espreita-se entre as sombras… procurando, com medo, aquela besta que nos persegue; o ser tenebroso que nos assombra e que se reflecte no olhar do desconhecido que passa, do “outro” sempre distante…

Diferente é o trilho no que evocamos a criança que queria abraçar o mundo e as gentes, quando rimos com o “tudo” ou o “nada”; um chão suave onde corremos com passo leve pousando pés descalços sem olhar.

Neste tempo sente-se o zunir destes dois mundos em tensão… estática no ar que vibra com ambas as saídas possíveis, potenciais…

Atenção consciente necessita da escolha de uma vontade esclarecida: que mundo pretendo ajudar a construir com a minha visão das coisas, com as minhas pequenas escolhas diárias… que mundo?

Um pequeno gesto vai mudar completamente a sucessão dos acontecimentos do resto do dia… consequentemente, de toda a tua vida!

O mundo é tão interactivo que responde às nossas escolhas… grandes benesses são o fruto de coisinhas insignificantes que se acumularam e formaram caminho de luz. O simétrico parece que também é verdadeiro...

Quantas vezes a dádiva foi mais forte que o medo?
Quantas vezes a disponibilidade foi mais intensa do que a fuga?...

Até agora houve sempre um terceiro que arcou com a responsabilidade alheia…
Foi Deus, o Rei, os políticos, a igreja, os ricos ou nobres, os pais…
Foram os terroristas, as multinacionais, o gajo aproveitador ou a gaja matreira…

E nós? Que fizemos nós das nossas escolhas e do tempo que nos é dado?...
Que posso fazer logo, daqui a nada, agora?
Procurar o silêncio onde havia uma palavra rancorosa… ouvir.
Esboçar um sorriso onde havia um olhar ausente… aconchegar.

Marca-se a diferença: salva-se o planeta, as minorias étnicas, as crianças maltratadas, a economia… começando com um pequeno gesto… a dádiva mais simples… a dádiva de nós mesmos num momento concreto…

Depois faz-se “cut & paste” e é só voltar a começar…

Se a coisa não funcionou num determinado momento – não te zangues contigo mesmo! O facto de ainda estar por aqui, implica que te será dada nova ocasião para procurar o caminho.

Não há política, líder, religião ou filosofia que te possa substituir…
Crê em ti. Dá-TE… todo e qualquer pedacinho que for verdadeiro salva o mundo…

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Onde está a questão?



Nestes tempos não se fala de outra coisa – referendo.
Para dissipar desde já qualquer dúvida: este texto não pretende ser a apologia de nenhuma corrente pró “Sim” ou “Não”.

Quanto mais falo com pessoas, expondo a minha visão das coisas e ouvindo a sua, noto que tanto os que defendem o “Sim” como o “Não” pretendem o mesmo.
Dito de outro modo: os partidários do “Sim” não pretendem que a vida em termos legislativos seja posta em causa e os partidários do “Não” não pretendem o castigo das mulheres que recorreram ao aborto…

Então, onde estará o atrito?...

Vamos por partes.
Uma primeira questão relaciona-se com aquilo que se considera “desenvolvimento”. Isto porque, de forma mais ou menos constante, invocam-se as estatísticas, dados e observações subjectivas acerca dos “países desenvolvidos” para qualificar e inflacionar o nosso “atraso”.


É um orgulho estar num país onde não se exige pena de morte, contemplando alguma esperança no ser humano em vez de lhe atribuir uma sentença de castigo que o impeça de poder aprender dos seus erros. Acho esta uma das características do “desenvolvimento” do povo português em claro contraste com outros estados “não desenvolvidos” e sem liberdade, por muito grandes que sejam as estátuas em nome da dita cuja.
É bom sentir que ainda há muito do “Portugal profundo”, onde os familiares cuidam dos seus idosos com qualidade em vez de os internar em instituições próprias. É bom ser-se assim de desenvolvido.
Lembro um distrito de uma das nações mais desenvolvidas do mundo - Timor Leste – onde, em plena montanha isolada as pessoas me davam o bom dia, sorriam, convidavam-me para entrar na cabana de folhas de palma e a comer arroz branco e comparo-os com um pais com fraco desenvolvimento onde se pode olhar os portões do palácio de Buckingham mas não o ser olhado nos olhos entre a multidão que passa, sem um sorriso, sem um “Olá”, muito menos ser convidado nem que seja a uma tosta...
É bom ver o que "desenvolvido" significa.

Sendo nós um dos países mais "desenvolvidos", poderíamos recorrer à originalidade que nos caracteriza e, em vez do carreirismo a que nos condenam os líderes que a democracia impõe, exigirmos algo de responsabilidade e trabalho a sério para representar os reais interesses dos portugueses.

Desde o último referendo, o único que mudou foi a letra da pergunta que compõe o mesmo.
Não se viu a famosa educação sexual nos estabelecimentos de ensino, vimos recortes nos programas de planeamento familiar, assistimos ao descambar do serviço público de saúde, notamos o “alto” investimento no apoio à mulher e criança (sobretudo as de risco), vimos estratégias sólidas de suporte a uma saúde sexual e reprodutiva com qualidade…

Sinceramente… sejamos responsáveis!
Se eles não fazem nada, nós pelo menos não devíamos de encarrilar tão depressa pelas soluções fáceis sem ter garantias de que tudo o resto está a ser feito.

Mais do que um voto, mais do que um papelzinho na caixinha da desresponsabilização, o que precisávamos era de pedir aos senhores da política - que mudam de poleiro como quem muda de camisa - que trabalhem.
Que, em vez de zelar pelas percentagens de voto, pela sua figura mediática, pelos interesses do partido, zelem mas é pelo bem estar dos portugueses.
Quem, em vez de procurar lavar as mãos de decisões polémicas que possam perder votos da maioria conservadora deste país ou em vez de teimarem nas soluções simplistas, se esforcem por uma verdadeira promoção da qualidade de vida.

Atacar estes ou aqueles, alinhando nesta ou naquela posição, apenas divide os portugueses.
No fundo, todos pretendemos o mesmo.
A questão é que, as circunstâncias são-nos apresentadas de forma a que tenhamos que escolher ou boi ou vaca… mas não aquilo que todos queremos.

Eu não quero pôr em causa a vida.
Eu não quero condenar mulheres.
Eu não quero votar nem “sim” nem “não”.



Quero verdadeira educação sexual nas escolas.



Gostava de ver espaços de partilha nos meios de comunicação social, nos quais se convidasse os pais a serem os meios privilegiados de suporte à formação escolar na área da sexualidade.



Quero um sistema de saúde que sirva a todos em termos de ginecologia, obstetrícia e urologia – sem necessidade de encaminhamentos privados para os que podem e clandestinidade para os que não.
Quero um sistema de cuidados de saúde primários que promova a saúde mais do que servir de homocherifado para receituário que engorda laboratórios e deixa milhares de portugueses de bolsos vazios com despesas em medicação e exames.
Quero um planeamento familiar com qualidade e verdadeiramente virado para os utentes, não para os interesses das instituições.



Quero equipas específicas de atendimento a jovens em cada comunidade local, e quero ver as escolas, as associações de pais, os centros de saúde, hospitais de referência, assistência social e parceiros a colaborar para fazer isto funcionar; e que não seja só aqui ou acolá porque há dois ou três carolas que dão o litro para que funcione – quero legislação que faça recolha de situações problema, tenha metas e objectivos, trace estratégias, desenvolva acções, seja avaliada e forneça os meios humanos, económicos e materiais para ser eficaz.



Quero ver equipas de protecção de menores com horários dignos, com especificidade, com critérios e mecanismos de acção claramente definidos e válidos.



Quero ver verbas reais, instituições públicas reais e de qualidade para apoio a mães solteiras… que não sejam os da caridade a fazer o que o estado podia fazer melhor.



Gostava de ver que as pessoas se mobilizam fora dos tempos de referendos com a mesma força que os média lhes impingem sempre que se atira a culpa e a vergonha para homens e mulheres a quem a sorte não sorriu e não apenas nestes momentos nos que canções soam e pessoas famosas vêm dizer palavras bonitas decoradas de livro minutos antes da câmara acender.



Quero que se pare com a farsa, que não me digam que é necessário tudo isto quando defendem o “não” ou o “sim” e depois adormeçam oito anos para voltar com a mesma lenga lenga de ontem para adormecer a gente… já chega!

Depois disto e de muito mais, senhores da política e senhores votantes, depois disto, ai talvez pudéssemos falar de referendos.

Agora, vir de referendo em punho tendo todas estas disciplinas pendentes… ai é muita teimosia e pouca ciência.

Que ganhe a abstenção, para que os senhores de fato e gravata se sintam chumbados e comecem a trabalhar. De outra forma, sentam-se à sombra da bananeira por outros oito ou nove anos até tirar da cartola outro referendo para ocultar a sua inutilidade.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Desde o fundo do coração...


Tenho assistido, com algum cepticismo, ao desmoronar dos valores ditos “clássicos” e ao dealbar de uma “nova era”.
Tenho ouvido os discursos retóricos que anunciam todas as vantagens e benesses que esta “era dourada” implantará.
Tenho visto as convulsões que acompanham o arrancar de raiz do velho mundo – em prol dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade.
Tenho observado como se pintam os derrotados de negro e se tingem as vitórias sangrentas em tons rosa.

Compreendo os argumentos apologistas da compaixão sobre quem é inculpado de crimes, apresentando-se à sociedade como vítimas de injustiça social por parte de uma legislação tirana e “bota de elástico” e que raramente alguém ousa já cumprir.
Assim sendo – mude-se a lei…

Enquanto estes argumentos velhos vão sendo relembrados, observo os mil e um casos publicitados de abandono, maus tratos, confusões de paternidade e afins, antes e durante um processo que é suposto ser isento e que apela à consciência de cada um.
Os mass-média servem um senhor bem ardiloso, o marketing é o seu negócio e o subliminal a sua arte.

Conheço as razões políticas que geram referendos, tal como sei como havia quem lavasse as mãos para ditar sentenças – como se isso levasse a responsabilidade das decisões e poupasse votos a estes ou aqueles; votos oriundos de camadas ditas mais “conservadoras”, mas ainda bastante numerosos numa cultura “enquistada” em valores “à antiga”.

A Lei e os Homens… qual dos pilares será pintado para se adequar às formas estilizadas do novo templo?

Senhores, por muito que compreenda a decisão pessoal de cada indivíduo face à sua própria soberania e identidade.
Por muito que entenda a miséria e a dor de se nascer humano.
Não compreendo que a lei se desfaça do seu pendor de guia para cobrir a falha e transformá-la em dom. Dito de outra forma, se erramos, não é disfarçando o erro através da mudança do termo que o define, que vamos terminar com o erro em questão.
“Mea Culpa” aqui.



Era época passada na que outros dispunham da vida alheia para sacrifícios e rituais, para satisfazer deuses e deusas, para tudo e algo mais.

Certo é que, actualmente, apenas mudamos os nomes das coisas.
Uns são vítimas de terrorismo e outros danos colaterais.
Talvez a pressão económica seja tanta que já estejamos no ponto de dar e vender o corpo e o sangue em troca de melhorias no estatuto, de forma a que a riqueza flua profusa - como nesses outros tantos países que tão incansavelmente se citam como exemplos de coisas civilizadas, desenvolvidas, industrializadas ou sei lá bem o quê… como se isto classificasse humanidade.

Uns invocam o seu saber para dizer que vida é assim ou assado, uma coisa ou um ser, que a personalidade se forma a partir de tal ou qual semana. Vaidade e ignorância a dançar alegremente a dança do desalinho…

As leis existem não para penalizar – mas para orientar, proteger ou até redimir talvez.
Se não, teríamos castigo mais do que justiça. Certo.
Fomos mudando o código básico e criando um alternativo, mais à medida. Vamos ver.
Nesta viagem de tentativa e erro, talvez estejamos a pisar linhas demasiado vitais para serem abolidas ou simplesmente ignoradas.

Penetrando o contexto da linguagem sibilina da pergunta do referendo de Fevereiro, pensemos:

Se o “Sim” ganha, demorará o mesmo período de tempo a ser desenvolvido um novo referendo para ver se as pessoas querem um “Não” novamente? Deixem que ponha as minhas dúvidas
Se o “Sim” ganha, haverá nova recontagem de tempo para aumentar as 10 semanas… digamos que para 12, 15, 20? Talvez a ciência dê uma ajudinha e cheguemos lá.

Pergunto-me também sobre quanto tempo passará até uma nova proposta de referendo em caso de haver vitória do “Não”.



Agora, sejamos francos.
O referendo é aleatório; é a consciência de cada um, assim como os valores que norteiam a nossa existência que estão em causa.
Enquanto uns polarizam a questão para um lado e outros para o outro: entre feministas e católicos com políticas oportunistas de entremeio – a pergunta é para o teu ser, não para a lei.

Podemos mudar a lei a qualquer momento (fazemos isso constantemente), como podemos mudar o nome de algo (como embrião e feto) e pensar que se atinge um qualquer descanso existencial com trocadalhos do carilho.

A questão é mais – quem és, em que crês, que valores trazes no teu coração?

Sabemos quando erramos – e todos erramos; por isso estamos aqui, diariamente lutando para dar e fazer o melhor, errando e novamente procurando levantar.

No entanto, algo ameaça a consciência do erro; algo ameaça quebrar as linhas orientadoras que nos levam a caminhar numa direcção e sentido. Por muito indefinidos que estes pareçam à mente embriagada de si mesma.

Lenta e imperceptivelmente, caminhamos para a apatia total, para uma anestesia de seres máquina desempenhando tarefas, desprovidos de consciência e valores.

Algo ameaça com apossar-se de tudo – terminando na própria vida.

Por muito que compreenda as opções pessoais de cada um, se me questionam acerca da legislação e se esta deve ser omissa relativamente à defesa da vida – respondo “Não”. Por muito hábil, subtil e amenizadora de consciências que a letra possa parecer.


Agora, já sei que cada pessoa fará as suas opções, cometerá os seus erros ou encontrará o seu centro ao caminhar.


De certo que nos países “liberalizados” existem os mesmos dramas relativamente a crianças nascidas em meios sociais depravados, abandonadas; mulheres oprimidas e homens irresponsáveis… e também existirão todos os casos simétricos aos descritos. Aqui não mora a questão, apenas os fogos de artifício.

A questão aqui são os valores que cada um traz dentro e de que forma lutará para os fazer valer. A questão aqui é saber quais são esses mesmos valores e de que forma queremos que sejam representados para o bem comum.

Se um só ser humano tem o poder de julgar sobre a vida e a morte… então estamos numa idade estranha…