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segunda-feira, novembro 12, 2012

O Cego e o Vidente


Éra uma corrida injusta... todos viam... todos sabiam...

A Multidão observava... contemplando de forma parcimoniosa, como aquele pobre homem seria humilhado naquela praça... naquela estrada... naquela vida;

Aceitara o desafio: de rumar contra a corrente de uma forma... digamos... desastrada;

Mas os tempos se não escolhem e estes eram os ares dos tempso de hoje em dia...

Que faria - um cego... UM CEGO!... contra um de vista fina e mente adestrada?

Que faria um homem... um triste e desalinhado contra um que corre como forma de vida?

Como todos diriam... como todos fariam... absoluta - impunemente - NADA!

Então a corrida começou... o tambor ribombou... o chão estremeceu com a espectação da multidão a ver o que iria acontecer - mais um tombar, mais um a naufragar - no mar da vida: pois assim tem de ser!... está escrito... matar ou morrer

O Cego - correu... a bom correr - como lhe foi dado a um cego fazer...

O outro - marchou... simplesmente - marchou... nada a temer - é a vida - como se pode de outra forma vencer?...

"É a vida" - meditava o atleta da treta - é a vida... "vencer ou perecer"...

E lá foram os dois: dando a volta ao povoado... um alvo de chacota de toda a gente... o outro vitoreado;

Assim... chegou a corrida ao fim... ainda o tal cego vinha no adro...

E levaram o vencedor em fragor... e comes e bebes... tudo pago!

E - do outro - ninguém lembrou: pois é a sina do parvo... neste mundo trengo - algo covarde e sem fundamentos -  que permite cegos concorrendo com os de vista aberta para que os tais fiquem de sábios e gestores do mundo que lhes foi entregue por tiranos e traidores...

Mass- como boa fábula de encomenda - a história não acaba aqui... pois - na noite: quando tudo fora dormir - o cego visitou seu rival... e assim o desafiou a novo duelo singular...

Desta vez - sem ninguém para ver... sem noticiosos a documentar: "apenas para alguém entender pelo que estamos aqui a lutar" - dizia o cego sem se ver, entre as sombras de um escuro luar...

E o outro - altivo - sem pensar - lá se comprometeu a ripostar - guardando sua reputação de campeão sem par e deixando mais uma vez incólume o seu ego desolador...

Assim se lançaram, os dois protagonistas desta nossa história de ficção... um - nas névoas da noite escura e fria, o outro baixo o Sol do dia que conhecia desde o dia em que nascera e assim reconhecera na sua estranha sina...

Certo é que - baixo lua Nova tudo importa - seja som, seja odor, seja brisa que acaricia ao de leve... seja inclinado terreno seja burburinho breve que anuncia uma sebe, árvore ou torre de castelo...

ou rebanceira que leve ao rio do Inverno onde todo aquele que é escuro se perde para sempre...

Desta vez - sem ninguém para vêlo... o Cego chegou único, o cego chegou primeiro... pois do outro - tão "nobre" companheiro - não se falou mais desde então...

Se caíra numa ravina e arrastado pela enchurrada da vida e se foi a um grande e eterno Mar, se perdido entre as névoas pelas feras se deixou apanhar, comer e desgarrar...

O Certo, é que o cego regressou para contar - a história destes tempos sem par...

Quem dita as regras comanda a partida - se cada qual corre com sua forma e força e lugar - de nada tem medo;

Se convencido fica a correr como a lutar - como outros correm - depressa ou devagar... cedo ou tarde perde o zêlo... perde a tradição e o lar... perde tudo no degredo: de se ter deixado levar - por todos aqueles que vendem histórias e que este povo de gente boa já muito se deixou enrolar...

Seja "à grande e à francesa", seja vida de "Lorde"... o certo é que ficou o nosso cantar - contado talvez por algum qualquer cego que recorde - quantos por aqui já se "dignaram" a passar...

Com nobres honras nos tratam - para depois deixar a gente na sua triste sorte - levando o que havia a levar e deixando de sua marca - o vazio de nunca mais cá pousar...

É tempo de tornar obrigatório aprender o HINO NACIONAL - o de verdade e a completo - e investigar cada linha e cada estrofe e saber porque esta nossa fala milenar se mantém viva e com apreço mesmo entre tanta adversidade aparentemente "casual"...

Certifiquem-se estas gentes - que as guerras entre ententes, que as frias que já passamos ou as quentes de catorze anos - tinham mais adversário do que o solo colonial... eram determinações dos novos patrões que os novos mapas queriam criar...

As regras da banca pertencem aos povos que inventaram as artes das trocas douradas... das joias endinheiradas e das tramas económicas como linhas finas e fortes que engoliriam palavras escritas com sangue e mortes na nossa constituição como Nação Milenar...

Os outros - os tristes fantoches que se fazem seus algozes... os outros - os de voz branda e fala mansa... os outros - que se ajoelham e humilham por uma côdea de pão da mesa do patrão... esses que voguem no mar: do "João sem terra", de traidores que tudo ou nada poderiam engendrar com tal de manter sua riqueza, seu estatuto, sua fama internacional... seu lugar de assento - como personagens sem mérito - no teatro das sombras dos que REALMENTE se atrevem a nos governar...

E - esses - vão mais longe das estrelinhas de bruxelas, das conspirações vermelhas ou das barras e estrelas de Ultramar... são aqueles que sempre estiveram - e hão de estar - infiltrados como semelhantes - nesta caverna imensa que nos calhou partilhar...

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