Peregrina: da vida, das emoções (“emovere” - o que nos
"move") que são a vela do leme da temperança - nossa firme vontade,
fiel da balança - no compromisso de rumar ao centro da esfera que habitamos...
através da qual nos entre-trocamos… que é residência virtual do ser consciente
que é através deste "mim" afinal:
Uma nota de atenção.
Neste universo para-virtual: recriado à imagem do grande
outro no que pairamos na ilusão do tempo e do espaço que pintamos na tela do
ser-coração e que define o verdadeiro traço como caminho e devoção - existem
muitos "seres criança" que - como tu e eu - se inspiram e divertem
fazendo frases de palavras soltas, trocando cores de sentir em palavras moucas
que podem dar azo a atenções dispersadas por estarem noutras ondas ou estradas
que não aquela dos peregrinos conscientes do seu vagar - sereno, lento e
consciente: com todo o ser que a sua alma alimente - em direcção a esse centro
ansiado, esse lugar mágico em devoção velado: o trono escondido onde habita o
mais alto de nós...
Traduzindo por miudinhos conceitos as amplas ondas dos
poéticos jeitos - tem cuidado ao te expor - a rede é sempre lugar de
"pesca" - e não sabemos qual o pescador, qual o seu primor, qual a
sua dor e qual a cor do seu ser para além da face rosada, divina, aperaltada -
que se nos apresenta no brilho de uma lua sem face obscura ou esburacada a
conhecer.
Senti a tua presença num determinado tempo e espaço e o doce
abraço do teu sorriso aconchegado - peço, não te exponhas - são mais de mil os olhares que me olham em segredo -
não deixes que todos os que passam te vejam - rebento de flor nesta vida de
seres que comungam da graça e primor de crerem na verdade, no que une, na virtude
e num caminho recto para os cultivar neste "amiúde" que é estar com
os nossos passos dentro - caminhando sedentos, desse nosso "eterno
lar" e - ainda por vezes - escorregar... distraídos, no mundo dos humanos
ruídos, perdendo por momentos a melodia sagrada da nossa casa amada - e, no
intento - regressando ao centro e voltando a começar: avançar...
Há irmãos de caminho, que escolhem o estreito destino - de caminhar
na dor... os que procuram o ruído na sua revolta pensando ser esse o caminho
melhor... os que ainda estão dormentes perante a sua verdadeira força ou
vontade... e se deixam iludir no mundo do espelhismo cansado de uma vida sem
rumo ou fado maior do que servir os instintos: esse caminho que descende aos
abismos e a todos aqueles que com eles são arrastados...
Tu - ser humano - que sorris com a luz do olhar iluminado -
pela vida que em ti late: que ecoa a nossa vida viva - eterna – voz materna…
paterna – nos embalando em todo o lado... tu caminha pelo caminho sagrado:
Esse - desde sempre percorrido pelos antergos, por nós: os
despertos, guardado; e vai - para o teu ninho verde... a confluência das águas
da vida... o lugar onde pura - a tua luz irradia... o lugar de onde emanam teus
verdadeiros sonhos - muito mais altos e subtis que os terrenais anseios e seus
medos medonhos...
Tua alma viva disfarçada de ave garrida pairando sobre os seus
estéreis desertos - areias acumuladas entre dias e horas vagas - sem maior
ventura que acumular contas de vidro num jogo no que todos perdem jogando a sós
com todo e qualquer um que passa nesse seu chão de devassa;
Tu - recorda tua juvenal virtude! - acende vivo esse teu
lume - facho de verdade na noite escura dos tempos que correm e - caminhando
segura... sem pressa ou premura - vai olhando o mundo em ti plantado – o eco
dessa vida para ti anunciado: e – se plantar puderes - planta sementes de
verdade; para mais tarde recolheres - quando regressares;
Desse teu primeiro salto no oceano do amor, da vida e do
primor… e nelas te sacies - da felicidade veraz - ao sentir o sereno contento,
o cálido alento do abraço antergo do teu sólido rapaz: da mão doada,
comprometida e solidamente afiançada pelo reconhecimento – além do sentimento –
do sentido de a dois caminhar:
Seja esse o momento, o ser e entendimento - que recolha a
tua vida - como água divina entre as palmas das brancas e pulcras mãos - a
ti... só a ti - estendidas...
Saúdo peregrino - nesta estrada de Santiago - via láctea
para a eternidade;
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