Os caminhos
Existe uma força que unifica e prevalece... se chama em termos banais... comuns: vida;
Existem desvios... tendências laterais - que levam curso dessa vida que se estende - rumando de forma natural - para o seu rio... do seu rio: para o seu Mar...
Neste sentido - é bom acompanhar - como a forma que definimos não tem sentido sem o conteúdo que lhe dê lugar ou como a vida sem um eixo específico se espalha e assim fica - como um pântano - que não avança prevalecendo em vida que se tende a estagnar...
Assim - sem querer dar margem a dúvidas... sem querer duvidar - há forças que espalham chamas e forças que tendem a essas chamas acalmar...
Há desvios de guerras antergas - como cicatrizes que ficam num corpo que se quer amar...
Opções de passados escritos à moda dos povos - que hoje em dia se podem recuperar: aprendendo dos enganos feitos e regressando ao curso de vida que a própria vida nos quer contar...
Hoje - mais do que nunca - Adão e Eva podem aprender a cooperar: pois o desafio é bem simples - é a própria vida em ameaça - a vida que lhes foi dado a guardar...
Tal como a imagem de uma criança - levada pelas mãos pela mãe e pelo pai - também o destino das nossas vidas: do rumo das águas desta vida que nos é dado a partilhar - depende das consciências despertas... das mentes abertas - para o desafio que se nos está a apresentar...
Não é porque o feminino prevaleça... ou porque o masculino se deixe dominar; não é porque eles ou elas tenham maiores qualidades para fazer, ser ou governar...
É - simplesmente - porque as regras do jogo mudaram - e os que nelas se entretecem devem parar
Sentir, ouvir: ponderarde novo - qual o seu rumo, caminho e lugar...
Imagina um intervalo - num jogo eterno e singular - no qual a equipa adversária levasse vantagem em golos e a nossa equipa tivesse de realinhar...
Que ideais simples... que palavras evocar - para lembrar a estrutura inicialmente proposta - para que a equipa pudesse finalmente triunfar?...
Como numa dança singela, ou num combate espectacular...
Se a coreografia se desalinha, se a linha de escudos se desfaz...
Toca e congrega - realinha - a estrutura: para que a dança possa seguir e a batalha não termine em arremesso de vidas sem igual...
Assim - pondera: que te faz sentir ao ouvir...
Que os desistentes desta vida aumentam... que o amor se separa e já não se consegue unir?
Sente... na alma: que às crianças falta quem as defenda - porque medo nos média pretendem servir...
Invoca - a tua própria vida - e recorda... agora que olhas para um presente que te quer fugir...
Vês teu leito... teu corpo imóvel... só... num quarto asséptico... sem ninguém a teu lado para te abraçar, beijar ou ungir - de cuidados - doce calor humano - de quem ama e não apenas - de funcionários - para o efeito pagos - e que pretendem sair do turno para regressar a suas casas e fazer mais uma refeição?...
Vês os sem abrigo - avançando como exército vil? Teus irmãos semelhantes transformados em legiões de escravos de uma tirania vil e servil...
Como é possível - amigo - que deixasses comprar o teu passado - que era firme e sereno... no que podia não haver tanto dinheiro para aparelhos vários e marcantilismos mil -mas havia tempo para os que se conhecia e - não haviam - filas de desalojados de prato em mão prostrados às portas dos vários "exércitos de salvação" que nos mostram essas torres brancas: de marfim erguidas sobre poços humanos de despojos destroçados - entre guerras de mil anos e desigualdades sociais sem por-vir?...
Somos parte do problema ou sua cura - somos gente sem honra e sem raiz ou cerviz - que pensemos que a nossa cultura, a nossa vida e o nosso caminhar pausado - não são bem singular a conservar neste país?...
Queremos ruas de nomes em parede, queremos fatos bonitos para luzir... desigualdades cada vez maiores e pensamento de que nada da desgraça alheia nos vai atingir?... de que o que dorme no banco é outro que não o semelhante e que isso nunca aconteceria a ti ou a mim?...
Pois é esse o negrume que vem avançando... a nuvem obscura que sobre nós se pretende cingir...
Pensa - sente um bocado - que seria do humano sem o humano porvir? Seria a máquina por ele criado ou seria o sistema de compra que o abraçaria assim?...
Seriam os sofás de uma casa - que não tens tempo de usufruir... seriam as contas bancárias que com tanto esmero te atreveste a gerir?...
Seria o trabalhador delegado ao que - num negócio - sabes mentir.... ou talvez a família aos retalhos - que crias entre o café das cinco, o spa, o ginásio e os mil e um contos que te fazem crer e ouvir?...
Quem amigo - quem... quem pode substituir? O verdadeiro abraço humano, o verdadeiro amor que se faz sentir - pelo tempo e as batalhas juntos... pelos caminhos a dois trilhados... pelos gigantes e marés ultrapassados - pela devoção e compromisso firme de gerar prioridade naquele ser que é tua contraparte e em todos aqueles - que sendo diferentes partes - de ti são o mesmo ser neste eterno devir?...
Como anular a verdade - que se faz em ti sentir - em cada latido, cada gota de sangue - na história que livro algum poderá algum dia reproduzir?...
Como anular a verdade - daquilo que és - sem nunca te atreveres a duvidar - que as raízes que crias nesta vida.. as que descobres neste teu eterno divagar - são verdadeiros pilares que irradiam - calor e vida a os invocar?...
Verdade: Honra...
Justiça, temperança, coragem e fortaleza ao avançar... prudência... paciente e de passo constante - nesse objectivo de vida a trilhar...
Agora - lembra - todo e qualquer Pilar... apenas existe como templo se o templo tiver - lá dentro - um coração PURO a palpitar...
E que templo se pode erguer - sem mãos que dão as mãos - sem braços a abraçar?
Que templo - qual tempo - terá existido sem as vidas que lhe são dadas a guardar?
Que casa tem sentido... sentimento - se não há risos, alegrias... vidas para o habitar?...
Pergunto agora - peregrino neste lugar...
Se as gentes importam ou se são os valores de cobre, latão e papel tingido - os que pretendes salvaguardar...
Agora pergunto - guerreiro sem espada, mulher sem filho a guardar: quais as linhas que recobrem tua alma -qual a linha que comanda a vontade que te vai a elevar?...
São as rotinas que tu mesma criaste - para a vida amparar - são os relógios que geraste para que a vida pudesse estar no centro deste divinal lugar?
São os esteios frios que as ruas recobrem e que as parecem fazer refulgir ao luar?...
São os valores negros... poços vazios... degredo desse "querer é poder" do "bem" material?...
Então - se a todas estas perguntas encontraste resposta já - agora é tempo sublime para encontrar caminhos que deiam nova vida à vida neste NOSSO lugar...
Uma delas passa por reconhecer: a cultura que te ajudou a aqui estar... honrando os passos... com os seus acertos e desvios - que te ajudaram a ti a aqui chegar...
Outra passa por questionar - esse teu ser que se move em corpo - copo belo e singular para quê tanto tempo morto a fazer o brilho brilhar - se não sobra tempo nesse tempo para o dar a abraçar?...
Finalmente - explica - como poderás avançar... se os Lobos se estendem por onde quer que olhes e o dia cedeu o seu brilho à noite sem Luar...
Se assinas teu nome em contratos - que a ti e teu SER não procuram honrar - distribuindo teus tempos entre tempos que não voltarão para te alimentar... vendes assim tua alma num vazio destino... vendendo os teus e tudo o que te foi dado a amar?...
Terra, vida, coragem... tradição, bandeira... as margens - do teu amado rio e do teu jacundo chão?... vendes o sangue derramado por tantos outros que lutaram todas as seguranças que tu entregas assim de mão?...
Ensinas as gerações futuras - a terem digno orgulho - amor a este chão - através daquilo que dizem demonstrado naquilo que são?
Tens tempo para lhes contar por ventura - a história dos seus dignos egrégios avós?
Ou contas mil e uma noites... cinemas, pipocas... e "shopingas" na lama toda a herança que se te legou?...
heróis e gigantes de celulóide para que novos e não tão velhos creiam que a nossa vida assim começou...
Pergunto - a ti que juraste - defender uma ideia, uma terra - bandeira ou nação...
Ou como tu - que de branco pintaste - teus sonhos - tua vida... teu coração?
Como jurastes - pelo mais sagrado da vida que nos dias de amor encontrastes... e que agora - como essa jura se estende neste frio chão?...
De dias de rotina e distância vazia... de orgulhos velados, horários apertados e escolhas vis - como facões afiados - entrando na manteiga do vosso terno e uno coração...
Evoca a certeza anterga - a razão primeira - que te levou ao altar: dos teus valores, dos primores que te foram dados a plantar - em dias de outrora - passados de boca em boca: herança de sangue, de vida que tu te atreveste a abraçar...
Lembra - eis ai a verdade - que as aparências vão procurar ocultar...
Detras de cada escolha errada - vem a aprendizagem singular... e - ainda assim evoca - qual o caminho de regresso... que dia a dia - leva de volta ao teu lar...
Essa eternidade feita gente... esse sagrado feito terra ou lugar - é caminho vivo - para toda a gente - fácil de reconhecer e amar...
Depois - lembra - evoca - esses sonhos que te querem fazer abarçar- se se comparam eles aos verdadeiros: esses que tens em frente.. basta abrir os braços e nesses abraços voar!....
Vai - vai mais fundo - em todo o anseio terrenal... evocando, no entanto, a consciência - de que são eles teus caminhos de vida e de paz...
Os valores são o ouro que te foi dado a guardar... não apenas aquele - que na vergonha - te estão obrigando a empenhar...
São as histórias vividas - de um povo bem real... são a tua própria linhagem vendida na praça deste triste tempo a passar... pois - de certo - não crês tu nem ninguém - que seja certo esta forma de andar e rumar... precisamos de homens do leme - rijos e despertos... e de padeiras ou marias da fonte que os ajudem a navegar...
Precisamos dos "antigos" - agora cobertos - pelo pó da histórias que nos querem contar... precisamos dos avós rijos pela aprendizagem de muitos anos neste nosso sagrado lugar...
Precisamos de mulheres fortes - não apenas porque aguentem o peso de um trabalho e de um lar - mulheres firmes e decididas que saibam quando as estão a ludibriar...
Sejam imagens, cremes, pasmaceiras - histórias de "faz de conta" que cedo tendem a acabar - pois as pontes que ligam aparências são como vidros pintados que se quebram na primeira queda no chão...
Enquanto os sonhos verídicos - são como sementes de emoção - finas flores no coração plantadas - esperando tempo, vida e devoção... essas - como lírio do campo - não necessitam se disfarçar - quem tem virtude É virtude... e brilha de dia, de noite ou ao Luar...
Trinta e seis anos de uma vida é muito tempo a entregar - a um estado que é empresa ou a uma carreira que nos vai nesse estado dar um lugar...
O que vendemos são filhos e filhas... noras... cunhados... famílias e amigos por cultivar... vendemos companheiros de vida e as mil histórias que os nossos teriam para contar... vendemos os avós internados em lares para terceiros ocupar... vendemos os filhos de relação incerta aos seis meses para outros criar... vedemos - não é só para o ouro que nos fazem entregar - vendemos tudo - as mãos e as jóias - que outrora esse coração de Viana fazia Brilhar...
Vendem os homens sua honra - pois há tanta coisa boa a comprar - há caras lindas nas histórias que as feces de livros nos pretendem de mão beijada arranjar... e há lugares cimeiros em empresas, carros novos, viagens caras... novas epopéias a conquistar - já não a glória de um nome nem o compromisso com o apelido a guardar...
E - para esses que - incipientes - se deixam levar: pelas modas que o povo engana - pelas vagas de um horrendo mar - recordem que navegamos todos em barca sem remos - apenas um leme e uma vela para nos fazer avançar...
Se peso colocamos e nada temos para o barco vogar.. mais cedo ou mais tarde teremos - tanto lixo e penedo - neste barco a arrastar - que será difícil ver entre o degredo desse lodo todo empilhado em nada servindo terra, vida ou o lugar...
Por isso - com apelo ameno... com evocação da vida que nos foi dada a trilhar - que companheiros queremos e que estrada queremos pisar?
Uma de curvas e contratempos, enevoada e de sombras a iluminar.... uma de vida e verdade: de sonhos partilhados... de caminhos de mãos dadas e a cantar... de cantos gigantes com vozes clares - timbradas pela confiança e o sereno som da vida em peito a palpitar... fazes morenas... rosadas... de quem é livre em terra próprio e não escravo além mar...
Aqui fica mais uma memória - mais um apelo para este tempo cão: no que se vendem valores em casas de penhora, se vendem pessoas a preçõ de grão... sejam os maiores e as suas memórias, sejam as crianças e o seu sorriso canção... sejam as experiências dos mais velhos... seja a vida e os sonhos dos mais jovens neste chão...
Vendemos o tempo no que criamos alianças... e as alianças retiramos da mão - seja por soberba, desígnio ou vergonha - ficamos assim livres sem compromisso... sós...
E assim podemos ir e vir... até sós terminar: no banco de jardim em dia de inverno ou no anonimato em lar ou hospital...
Placas frias ecoando... entre nichos de um cemitério qualquer...
Sem ninguém que honre e visite... a memória de quem lá morou... em vida e coração marcado.. apenas sementes verdes pairando no nada da memoria deste tempo cão;
Nichos vazios - como os prédios andares que se nos dados a habitar - cubículos estéreis que rápidamente podemos entregar... como pratas de plástico e comida a condizer... como aviões no espaço e rastos de fumo a desvanecer...
Eis a marca para a etrnidade que nos querem fazer comprar - sejam filmes nos que o violino toca... sejam novelas nas que tudo é simples e acaba bem...
As vidas e as memórias - daqueles que as não têm... são ecos, são histórias: que ninguém honrará no além...
E - além - como sabes - é o eco singular - dos teuis passos... derrotas e vitórias... que - quem te ama - aprendeu a reconhecer, guardar... e respeitar...
Honra assim teus ancestros... tua memória imemorial... honra tua vida - teu valor interno - teu carácter e sentido nacional:
Nação é "natus" - e provém de algo normal - provém da vida concebida para ser vida - com valor, honra, princípios, caminho, estrutura, sentido e com gente firme e graúda - verdadeiros esteios - de virtudes para a resguardar...
Se vender vendes a gente - não vendas ainda teu coração - nem tua honra ou coragem - nem tua côr - oh nação!...
Não por separatista, nem por modelo de ocasião - simplesmente porque: sem raízes: não há tronco firme nem ramos abundantes que deiam as flores belas e os frutos importantes que nos alimentem na nossa humana condição;
Fica assim o diálogo - desta voz neste nosso ar... espaço de virtudes (virtualmente falando) como tudo aquilo que nos vendem nestes tempos em turbilhão...
Caminho depressa - sem rumo - e vou dar de caras no chão... ou caminho sereno - sem pressas - de volta ao eterno coração;
Saúdo de quem te saúda - em cada dia ao passar: homem, mulher - criança - ancião neste nosso e antergo lugar...
Todos - palavras num vento, todos notas de uma melodia sem par... que - ou queremos seja pura, singela... de harmonia singular... ou queremos seja torta... ruído de fundo de um mundo ainda por germinar...
Abraço amigo... até já!
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