Ao longo da existência, vamos tomando consciência da plasticidade do nosso ser. Em especial, de afinidades – como se fôssemos tons musicais entrando em sintonia.
É dentro desta visão que enquadro a “simpatia”.
Tenho reparado que muitas pessoas entram em sintonia com o estado de saúde ou doença de outras – tenho notado como a ansiedade de uma mãe na sala de espera se “contagia” à equipa de saúde que atende a criança, se esta não estiver consciente de focalizar a função que se executa; tenho notado como uma pessoa em depressão atrai para o seu baixo nível de vibração o interlocutor incauto. Tenho notado como pessoas com alterações respiratórias, como a bronquite ou asma em fase aguda, atraem por simpatia pessoas em seu redor para que fiquem com sintomas semelhantes.
É que a mente funciona como um espelho dos estímulos sensoriais e, ao captar impulsos emanados do “exterior”, evoca esses impulsos no nosso interior, tornando-os tão reais como se fossem gerados por nós mesmos. Há pessoas com maior capacidade para evocar imagens de outras fontes e as reconfigurar no seu interior. Este caminho tem dois sentidos e pode ser usado no sentido ascendente ou descendente...
Ao longo do tempo, creio que até doenças mais crónicas, podem ser causadas por “simpatia”. A consciência modelou-se à imagem da patologia que gerou em determinado momento ou à influência sobre a que esteve durante determinado tempo e com determinada intensidade. A miséria, o abandono poderiam caber aqui…
Por outro lado, também tenho notado que a “simpatia” gera em nós as características dos ícones ou personagens que pretendemos imitar. Isto funciona actualmente com os estereótipos sociais – como o belo, o forte, o atractivo, o poderoso – e funciona com os ícones espirituais que nos têm sido sugeridos. Funciona com os modelos que definimos para o nosso caminho e funciona com aqueles que – mesmo inadvertidamente – se transformaram de uma forma ou doutra em modelos para nós: por isso a importância das companhias que escolhemos ou dos papéis de autoridade e da forma como desempenham as suas funções.
As simpatias vão mais além de meras “tendências” para com alguém ou alguma ideologia. São tão estranhas como a modelagem das caras de pessoas que se amam, e que ao fim de alguns anos desenvolvem características faciais semelhantes.
As simpatias são como cruzamentos de onda no entramado do “real” – cabe-nos a nós tomar consciência delas e começar a ser artífices despertos das mil e uma formas de as combinar: para o bem-estar da humanidade, para o enriquecimento próprio e daqueles que nos acompanham nesta peregrinação no caminho chamado “vida”.
Até breve!
Sem comentários:
Enviar um comentário