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segunda-feira, novembro 02, 2009

Bicicletas e caminhantes


É curioso pensar nas combinações possíveis que a realidade pode tomar, uma vez que as nossas opções a colocam em movimento. Pode-se pensar que o caos e o erro trazem consigo mais caos e erros mais severos – ainda que é nestas situações que se pondera seriamente acerca das nossas opções e atitudes e se pensa em alterar comportamentos.

O caos oferece sempre a opção de se alterar o rumo dos passos que tomamos e uma oportunidade de avaliar a nossa conduta e descobrir as verdadeiras motivações que a regem.

Por outro lado, a ordem e o fluir encadeado de opções correctas, podem levar ao “adormecimento” da consciência das coisas e do próprio. Um adormecimento tal que submerja o indivíduo num estado no que se sinta estar tudo está a fluir conforme tem de fluir…

Quando uma vicissitude de maior porte aparece no caminho, então desperta-se do estado onírico e depara-se com uma realidade algo diferente daquela que se sentia viver.

É algo assim como andar de bicicleta nos primeiros tempos nos que se aprende a pedalar. Se adormecemos no encanto da viagem, o velocípede embala sem que haja grande esforço, mas basta o primeiro pensamento que nos transporte à realidade do medo para que o equilíbrio se rompa e o ciclista caia da sua trajectória recta e harmoniosa.

Alguns já sabem pedalar, já ultrapassaram os primeiros medos e conseguem corrigir em viagem, mesmo quando as dificuldades parecem muitas. Outros simplesmente caem e não levantam ou perdem embalamento e terminam por ficar cada vez mais incipientes, cada vez mais deslocados… até terminar por cair… ou ganhar novas forças e novo ânimo para voltar a pedalar com o vigor necessário; acelerar o seu veículo, sem o fazer tombar para o lado com a falta de perícia das primeiras pedaladas de maior força do que saber.

Nos tempos que correm, o medo é regra geral. Esperemos que se saiba pedalar com arte e graça, sem perder o centro nem a noção de Norte, sem cair no desespero, sem tombar.

No fundo, cada passo na vida, representa a arte da alternância - deixar o seguro para uma situação nova de instabilidade… e voltar a pousar o pé e sentir-se seguro… até se ter de levantar o outro pé novamente.

Força! (com precisão)

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