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terça-feira, novembro 09, 2010

Os tempos que CORREM


O sprint começou… é tempo para pensar o mínimo; para sentir o estrondoso explodir da hormona ou a eterna liberdade do ideal vago e utópico – aparentemente perto e nunca alcançável – mas sempre optimizável: (compre complementos e a sua vida melhora!), acessível a qualquer pessoa – “Você tem o direito de ser feliz – se não o é – é SUA total responsabilidade!” ("INCoverTo" não assume responsabilidade pela penosa existência a que TODOS estamos sujeitos: Qualquer parecença entre “isto” e algum período feudal medieval é pura coincidência e se  - por acaso - pensar que paga mais impostos do que outrora é apenas porque o argumentista da tragicomédia onde navega todos os dias se esqueceu de colocar o asterisco no local correcto para corrigir a afirmação de que nada mudou e apenas o aspecto parece diferente).





Faça o curso "I", aumente com o anexo I’, faça o seguimento do curso com o complemento “m”, seja melhor do que o vizinho com o suplemento especial “f”; consiga duas vezes mais pelo investimento inicial com o complemento “you”; poupe tempo e dê mais tempo aos seus com a actividade “ck”; desenvolva o seu poder de opção e dê sentido aos complexos da sua vida com o título “ed”; no fim: porque você e os seus precisam de se divertir, vá desfrutar do filme estrondosamente 3ds “up” – “Altamente”! e ria e chore com a avozinha, o avozinho e a criança virtual - enquanto os seus estão algures numa instituição particular qualquer a apodrecer – ehem – a crescer: como cidadãos (porque somos modernos, responsáveis, civilizados e conscientes, claro!).


Cena 1 – objectiva sobre a cenoura…
A cenoura abana, ondulando – plano detalhado da cenoura em varrimento – cores douradas e amarelo entre um laranja “kiche”…
Um fio – pendendo frente a atrás – tenso como uma linha de pesca… a câmara sobe, acompanhando um vermezinho que se arrasta fio acima: ondulação atrás de ondulação.



Cena 2 – objectiva ao longe – as ondulantes extensões de erva ao vento, o canto de uma águia ao fundo – ecos de liberdade. Riscos montanhosos em fundo avermelhado, enquanto o Sol se faz ocaso.
Eco da águia sobre o fundo do vale câmara que varre o céu outrora azul, tingindo-se de cores escuras enquanto as primeiras estrelas acendem no firmamento…

Cena 3 – Um som irritante vai ecoando sobre o grito da águia que se esvai. O terreno acidentado vai-se observando em detalhe – os cristais perfeitos dos pedacinhos de quartzo - vão cedendo lugar aos pedregulhos escancarados de um caminho de cabras entre um monte íngreme, tão íngreme que o “me” escorrega e cai.

A parte de trás de uma carreta de madeira - toscamente trabalhada - balouça nas tais ondulações harmoniosas, enquanto a câmara vai subindo lentamente para identificar o condutor do veículo móvel. Tralhas sem jeito – televisões usadas, pedaços de porta de carros velhos, cobertores com tomadas pendentes… um sem-fim de "ferralha" compõe o cenário, enquanto o zoom máximo da câmara virtual leva o espectador até à ponta da barcaça móvel onde estará o condutor…

Cena 4 – O eixo da roda - a roda que roda… o vento que sopra e uiva e o pó que se levanta. Verde de fundo na erva que ladeia o caminho estreito, vermelho fogo enquanto o sol se despede por debaixo do carro que roda em velocidade estonteantemente… lenta; mórbido: o som de roda sem lubrificar vai enchendo o espaço da sala virtual, onde o espectador assiste impávido ao filme última geração da experiência IMAXina.

Cena 5 – a câmara mergulha – ouve-se o batimento cardíaco pausado e profundo, sente-se um respirar cansado, a humidade da sala aumentar e a temperatura ambiente a ficar quente. A cadeira vibra como se os músculos tensos não pudessem suportar mais tensão, os óculos virtuais fecham-se sem mais foco do que um ponto de luz brilhante que se vai perdendo na imensidão – de repente a imagem passa para o exterior – o espectador última geração vê a imagem do burro, olhando extasiado para um espaço infinito onde dança - de forma cada vez mais lenta e pausada - uma cenoura pendurada de um fio, em um pau esticado...


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