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quinta-feira, abril 12, 2007

O Tempo


A quem pertence o tempo que utilizo na minha vivência diária?
De que forma oriento as minhas opções na utilização desse tempo?
Será possível “roubar” o tempo das pessoas mudando para isso o contexto das opções diárias?

Se fizer as contas do tempo que consumo a trabalhar (ou a ser “produtivo” – entendendo por isto as actividades utilizadas para corresponder às normativas sociais preestabelecidas; ex: cuidar da imagem); somar esse tempo aos períodos de sono/ repouso (cada vez mais curtos devido à expansão das horas de “ócio” pela noite dentro) e o subtrair ao tempo no que – efectivamente – decido investir em coisas que REALMENTE opto por fazer (e que não parte do “pack” de actividades obrigatórias/ condicionadas) certifico-me efectivamente do meu “saldo negativo” em termos de tempo.

A conclusão seria que fico a “dever” tempo – a algo ou alguém.

Poderá parecer uma conclusão fora de contexto e completamente fora de propósito mas, num meio cultural e social no qual a frase “não tenho tempo para…” - geralmente acompanhada de “gostava de… mas” - aparecer como uma das frases ouvidas com mais frequência (como razão ou desculpa perante o próprio e os outros), talvez seja momento para “arranjar tempo” e reflectir.

À conclusão acima referida associam-se todos os efeitos secundários do “distress”.

O di-stress é uma forma de paranóia existencial moderna, uma doença que se vai instalando e se faz crónica.
Sendo o primo mau do “eustress” - que é uma reacção fisiológica normal perante qualquer mecanismo agressor - esta “mancha de crude” no mar da vida tem vindo a alastrar, colocando em risco a fauna e flora locais (como os momentos de verdadeiro relaxamento – a tal ponto que se necessita actualmente de “aprender” a relaxar com técnicas de cariz mais ou menos oriental, toma de ansiolíticos para combater os efeitos da “maré negra”, pagar a psicólogos ou psicoterapeutas para que nos “re-eduquem” na arte de voltar a ser criança).

A invasão deste negrume tem sido tal, que em muitos arquipélagos deste continente cultural até já se acha que é este o estado natural das águas da vida, pelo que já nem se nota muito o contraste das reacções tomadas baixo o efeito do di-stresse versus as acções escolhidas baixo uma perspectiva relaxada e amena sobre a vida e o próprio.
Aqueles que não estão constantemente a correr para cá e para lá são referidos como “preguiçosos”. Os que dão prioridade à sua própria vida sobre a da empresa/ negócio são traidores, pilantras sem compromissos e os povos que não estão ainda totalmente infectados por esta maré negra são preguiçosos, indolentes, pilantras sem compromissos e safados por natureza…

Propõe-se a leitura urgente de um livrinho de Michael Ende, titulado “Momo”.
Para mais informações, contactar o Sr. Minutus Secundus Hora – que mora algures no coração de cada ser humano.

Um bom dia para vocês…

4 comentários:

Jaqueline Sales disse...

Cheguei aqui via Mikas, e devo dizer-lhe que as coisas que leio aqui remetem ao tempo de criança, quando fui apaixonada por um professor que tinha um coração e as idéias parecidas com as suas. Como foi bom ter vindo aqui e lembrar de tão bons tempos!

Espero você nos Uivos da Loba, pode ser?

BeijUivooooooooooooooosssssssss

perplexo disse...

Dei uma volta por vários meses (do teu blog) e fiquei muito impressionado. Vou voltar mais vezes.
Abraço

Simbelmune disse...

Keila, tentei postar no teu blogue mas o sistema de filtro não permitiu.

Um abraço e obrigada

Micas disse...

Todos queremos agarrar o tempo e tentar que ele pàre. Mas o "Tempo" não tem qualquer importãncia desde que os sentires e os sentimentos sejam intemporais, a um tempo sem tempo...
Abraço, redondo.