Uma adúltera… o povo preparava-se para a apedrejar… como se, descarregando as pedras ( Cefas – ouves-me?) sobre outrem, se redimissem da sua própria falta de sentido…
Alguém se entremeia… escreve na areia… palavras que passarão… como o pó…
“Quem não tiver pecado – atire a primeira pedra”…
E assim ficou – até se ficar só…
Dois – sós…
Ela foi – se pecou ou não – nunca saberemos… são palavras no pó (pecar é latino – significa “falhar o centro” - não o livro).
O que me chamou a atenção foi – ele não atirou pedra alguma (ouviste Cefas?).
Ele não atirou pedra alguma…
8 comentários:
"O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção - a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima".
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'
Lia agora no Bhagavad Gita como Krishna lhe fala ao prícipe Arjuna acerca disto mesmo relativamente a matar os seus familiares no seu governo como rei. Como Krishna fala dos que seguem virtudes pelas recompensas que elas parecem prometer por olhos de escritos religiosos ou sacerdotes legisladores e não por força da sua alma e do seu apelo - como estes últimos são verdadeiros e como os primeiros são falsos... a próxima parábola será a do filho pródigo... ouviste Cefas... tú que eras o mais velho... ouviste?...
Em poucas e simples palavras; o homem julga e atira a 1ª pedra com imensa facilidade porque não é honesto consigo proprio, tem dificuldade em enfrentar a sua parte sombria ou negativa, e por isso não consegue ver o bem em cada alma. Enquanto o homem não conseguir resolver os seus próprios bloqueios e se julgar a si próprio irá sempre atirar a 1ª pedra a 3ºs...
Passei para te desejar uma boa semana :)
“Que atire a primeira pedra quem nunca pecou”. Estamos em presença da consciência da própria justiça.
Quanto à evocação do Bhagavad Gîtâ ou «cântico ao bem-aventurado», um dos poemas mais belos contido na grande epopeia indiana chamada Mahâbhârata, é preciso esclarecer do que se trata. A guerra nele descrita entre os Kurus e os Pândavas, representa a luta entre o bem e o mal, onde Krishna representa o Homem-Deus, o nosso ego e Arjuna o homem no seu estado evolutivo. Esta é uma das interpretações, que segundo os Mestres hindus podem ser sete. O livro é de entendimento tão difícil, como o pensamento oriental o é para nós, embora sendo um texto bramânico, está nele evidente a tradição védica.
Beijos
"A ação prende a pessoa ao mundo fenomênico (samsara) quando é ditada pelo ego, quando está inbuída do senso de fazer-e-receber. Então ela é karma bindu, a pessoa se liga à ação. Mas quando a ação é desinteressada, sem se esperar frutos, ela é libertadora. Então, o karma se torna Karma Yoga".
wikipedia
"Não se deve falar, escutar sobre, ou mesmo, pensar nas falhas e nos defeitos dos outros; então, procure suas próprias falhas e corrija-as. Amar o impossível de ser amado, ser amável com o cruel, e ser agradável com o desagradável, é realmente divino. É dito que nós deveremos prestar contas de como tratamos os outros".
Bhagavad Gita
uau... erudição no seu auge. Hum... vejo que admiras profundamente a tradição Indu. Todo um primor um comentário tão conhecedor. Fico pasmado e grato pela explicação. Bem haja
Ele não atirou pedra alguma...
Quem não tiver pecado atire a primeira pedra...
O sentido do texto era este...
gostei da forma como derivou nontheless...
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