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sexta-feira, maio 11, 2012
Peregrino
Quando as brumas ofuscarem teu ser
E a clara visão de quem és se perder...
Quando caminhares por terras de além
Sentindo-te o estranho que as percorre por bem
Ouve o teu próprio cantar
Tua voz a germinar
Saberás que não estás só
Que és paixão e vida neste pó
Quando as direcções forem muitas
E ninguém te disser como chegar
Quando as tentações puderem mais que a tua vontade de lutar
Ouve bem... no silêncio da floresta, junto às vagas do mar
Há uma voz que suspira... há uma brisa a vagar
"Confia filho da aurora, confia gaivota do ar
os passos te guiam sem demora
para o teu eterno lar"...
Assim... simplesmente... saberás o caminho
E caminho é ao andar
Cada passo de mansinho
Cada avanço ou tropeçar
Serás reflexo noutras gentes... nelas pintarás teu olhar
Serão outros cantos tua vida, para juntos voltar a cantar
Entrelaças destinos na tua sina: envolves na luz ao abraçar
Todo belo e imenso das gentes que levas contigo ao passar...
Sejam os entes queridos ou o vagabundo com quem quiseste conversar...
Os grandes e estóicos pilares ou aqueles que varrem a rua ao luar
Seja o jogral da corte ou o rei com séquito a desfilar
Em ti todos ganham sentido, no teu coração os fazes palpitar...
Ama ser livre, ser puro
Ama a vida a rodopiar
Nas crianças de barro de cabeças graúdas
De vestes garridas à luz do despertar
Todos eles ocupam um espaço, na tua alma de ser a vagar
Todos eles uma sintonia, na melodia que tens de tocar
Aprende peregrino das eras, aprende a ser músico e a cantar
Cantarás com as sombras, sorrirás para o Luar
Verás além da mente... com teu suave olhar
Irradiará luz do peito e com luz vais iluminar
Verás o mundo de novo... outros olhos para plantar
Sementes de luz e verdade no coração dos que te são dados a amar...
Ama o rio que flui, como amas o seu grande mar
Aconchega a gota de chuva no cabelo e com ela dispõe-te a vogar...
Ama o sorriso da criança e a lágrima de quem quer já descansar
Leva seu sal na tua pele e dilui-te com ela ao deitar...
Olharás o horizonte um dia... novos tempos a dealbar
Aurora raindo de mansinho, Oriente puro a despertar
E poderás sentir-te perdido: oh peregrino neste lugar!
Lembra que nem as vestes são tuas e - assim livre - dispõe-te a passar...
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