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sábado, maio 24, 2014

Excertos de em relato em aberto - Livros de promoção de actividades por devoção - certas zonas a desenvolver e vales a entrever

Timor é aqui…

Eram os casamentos 
– tantos – em Setembro…

 gentes a festejar – num lugar feito 
entre palmas entrançadas… 
palmeiras daquele lugar…

"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004



E bebiam o vinho da árvore
 até a faziam destilar… 
como é gente nobre… 
as daqui 
do lugar

que fazem o mesmo com a parra… 
e com a festa de noite… 
ainda que não voltem já a caminhar…

Como faziam os de lá
que ficavam
pela noite dentro a festejar
para que o Sol iluminasse
a caminhada do regressar

Quilómetros e quilómetros para se andar
Famílias e aldeias a congregar...

Pois a vontade que os unia
por dentro ia
enquanto o corpo seguia
por fora a caminhar
nesse algo que não se "olvida"
que é o que anima
a festa
de encontro
viva
do casamento assim celebrar

e perseverar...



Eram os "baptizados", o receber os novos "padres" que eram sempre bem enraizados...



(perguntar o que aconteceu a um Ximenes internacional - que recebeu
um Prémio Nóbel e de repente pôs-se a andar...);

Eram os "Barlaques" para se combinar - como duas famílias inteiras, duas aldeias - se iriam encontrar - através de duas vidas
meias
de moço e moça a entrelaçar... eram os "catuas" sentados - no chão dedicados e as famílias em redor a ouvir, a falar - noites inteiras - de vidas cheias - sem meias medidas a ocultar...



Eram os "deslutos" nos que os "animistas" mostravam o tempo na vida que "passava", depois de um ano a esperar... 


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004


umas famílias, uns cantos, umas folhas de palmeira erguidas, um recinto para festejar...

"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004





danças leves... suaves... breves... como uns lenços a abanar.. 


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004



deixando a dor da "perda", voltar à terra, de onde se ergue 


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004



- sempre sempre - devagar...



"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004



e uma música ligeira e toda a gente companheira e a tenda que mudava 

- constantemente de lugar - 


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004



entre as mãos que entrançavam palmas e as músicas no ar a pairar...


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004


e depois - como sempre - no  nascente - regressar...


"festa de desluto" - Oe-cusse, Timor Lorosae
2004





trezentas pessoas juntas - para assim evocar - a memória de um chefe de aldeia de um certo sítio que aqui se pretende lembrar...


Ficavam as pedras entre as pedras sagradas - ali do lugar - como as nossas - tantas entre as tradições antigas ainda a se lembrar - são as voltas à igreja, pela destra ou a esquerda - para quem se lembre ou quem se da ao gosto de de precatar - dessa cultura "anterga" - de muito antes do que se pretende evocar...

pedras sagradas - que apenas os locais, os "iniciados" podem visitar... de certa maneira, uma cultura antiga e inteira, que nestes lugares ainda se pode achar...
A caminho de Pássabe - Oecusse, Timor Lorosae
2004


São as rochas que se lembram - castelos de Fraião, são os Faros de uma outra margem - um Porrinho - porque não - são lugares de devoção pois - assim, uma semelhante "nação":



Timor também é Aqui...
"Notaste algo parecido assim?"


Carros não havia naquele lugar… e os camiões que existiam – eram o transporte comum, que levava gentes para qualquer lugar para a estiva – que aqui já não temos… 

Autocarro local - gente que se desloca (nós participamos como podíamos - e íamos - o transporte para este lugar foi feito em carro semelhante que tem a traseira mesmo a se ver de forma singular - o motorista da missão olha - porque sim ou não - todos colaboravam numa certa "intenção" - reabilitar um posto de saúde que existia para quem assim acude...)
Níbin - Oe-cusse
2004



alguém se lembrou de vender o que não tem preço nem se pode perder – a vida as tradições e as gentes que valem a pena recordar/ de quem vale a pena recordar – nestes tempos “intransigentes”… a cultura popular pode ajudar a lembrar e salvar

Mercado de Tono - Árvores sagradas e pessoas - uma mesma estrada - a "tono"...
culturas antigas, escritas nas entrelinhas, que mais ninguém diga - que essa cultura aqui - também não é amiga...
Oe-Cusse - Timor Lorosae - 2004




 – o que somos, o tempo de que dispomos e as pessoas nobres que se escondem – concentram – cada uma fora do seu próprio espaço vital 

Criança Timorense a vender "bolos" à saída de um café "internacional
onde na montanha corriam livres aqui tinham de "pactuar"
Díli 2005


– sejam as crianças em caixas vazias – para escolástica decorar… 

sistema de incineração "local"
onde antes os ovos de mosquito não cresciam, entre as garrafas vazias se faziam... e dos pneus nada dizer - ardiam até mais não se ver...
Díli - 2005



caixotes de formigão… caixas vazias – maiores em cada dia… para depois se comercializar ao extinguir o sistema oficial…

antigo "super" mercado - feito em incêndio por algum descontentamento do povo local durante o 2003...
Jovens Timorenses onde - não entravam habitualmente - preços em dólares pautados para alguns... "aparheid" de forma velada em própria terra marcada...
Grades e prisioneiros ou liberdades de povos inteiros...
Díli - 2005


Os grandes igual… antes namoravam em tempo de estiva – eram as espigas de milho vermelhas…

Díli - rotunda do aeroporto - namoro "under water" 
(- como se mantém algo livre quando tudo parece dizer que "não"...
seja a chuva, seja o coração...)
2005

 rainhas… eram os cantos e as moças e moços que riam… agora nem têm tempo para dialogar…

Díli - Comoro - Sistema de Recolha de Lixo "ainda" por desenvolver 
(época prévia à Malária e Dengue - reuniões internacionais para campanhas de recolha de lixo à mão... quando se poderia financiar um camião e o combustível para tal.... coisas que as crianças não podiam deixar de comentar... 2005)


Ouço no centro – antes que não há dinheiro para que a vida siga…

Avenida principal (Díli - Junto a Caixa geral de Depósitos, Embaixada e Correios - alguém que vende cartões para carregar telemóveis - Díli - 2005)

agora que não há tempo para em tal pensar…

A caminho da Rotunda do Aeroporto de Díli - Timor Lorosae - 2005


Coisas que se estendem… mal o diga – naquela terra eram muitos e se mantinham 


Chegada a Oe-Cusse "auto-estrada" - 2004

– sem relógio, sem terra fértil, sem gado como este que cresce como as plantas e flores num certo vale…

leito de rio à beira do mercado de Tono - Oe-Cusse 2004




E não havia fome – ainda que os da capital – enviassem diplomas selados – exigindo que os programas internacionalmente gerados – para os refugiados – de guerras que os mesmos ajudaram a patrocinar –


marcado de Oe-cusse - as horas primeiras eram as melhores, a partir dai - regressam a casa os vendedores...
Oe-Cusse, Timor Lorosae - 2004

tivessem pão de dependência – quando – na sua própria ciência – viveram eras sem depender nem ajuda pedir… nem assim manifestar...

nem precisar de tanta tenda que lhes enviam – quando a carência também é aqui…


 Timor também está aqui…



Tantos  e tantas nas listas de espera
Do trabalho que mais não chega

embaixada portuguesa - Filas de espera para validar documentação de antiga "pertença" à administração colonial...
Díli - 2005


Das sopas de compaixão
De pobres sem razão…
De gentes sem atenção nas urgências
De gentes sem vestes
porta de entrada - embaixada, caixa geral ou correios de Portugal
Timor também é aqui... ainda que pareça que não... irmão...
(em Timor, calam-se as vozes... dos Teus avós
em Timor, se outros calam... cantávamos nós...)
Díli - 2005



Sem nada mais
Nem o mérito de uma vida vivida
Servindo um espaço
Que chamamos
”nação”…

recuperação de posto de saúde em Níbin - Oe-Cusse
Sorrisos entre o Pó...
Uns engasgavam-se e outros também...
Timor Lorosae - 2004




Onde SOMOS
Uma mesma língua, uma mesma geografia, uma história em comum… 
e deixamos de parte o ser que passa… sem nos olhos olhar… 
sem dizer bom dia…boa tarde… 
como as crianças de Timor diziam...




“BOM DIAAAAAA!” a cantar e encantar-…. 



E são elas que precisam as escolas
E precisam dos telhados de zinco
Das organizações internacionais
Eles que não sabem fazer telhados de palmeiras
Nem estiveram mais de mil anos… 
assim… 
sem mais…

Depois do zinco
Vem a viga
De fabrico internacional…
E vem o cimento – que se faz
De forma própria
Com a ajuda de quem é capaz...



São coisas que se partilham…
nos fins de semana
Discotecas em Díli a arder

Pedras nos telhados
De internacionais a chover

E – na montanha
Era reabilitar 

edifícios deixados
abandonados
ou queimados


Por milícias
De países pagos…



Hotel Timor
Fundação Oriente

"Paaaatriaaa
Paaaaatriaaa
Timor Leste Nossa Nação
Glória ao Povo
e aos Heróis...

LIVRIIIIIIIIII
NAÇÃO"

Díli - 2005

Os corações pequenos
depois da auto-determinação 
- plenos - 
cantavam

e os cimentos
e as armaduras
abalavam...

Uma forma nova
de demonstrar
VALOR

Uma que parece
ecoar
para além do que é
alegria
ou 
dor...

Valor Humano...
sem mais...



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