Porque, se não, ficamos iguais a um ser oco que caminha, pensa e fala mas que não sente.
Às vezes questiono-me sobre as razões que motivam as pessoas a avançar, a perseverar, a concretizar sonhos…
Podemos fazê-lo pelo mero instinto de sobreviver – e ai somos predadores ou vítimas, ultrapassamos as regras sociais - idealizadas para facilitar o convívio entre diferenças que não se medem nos seus contrastes.
Podemos fazê-lo pelo prazer de caminhar – e ai necessitamos novamente dos limites para que o nosso bem-estar não afunde o mal estar alheio na completa falta de sentido. De novo voltamos às regras e limites.
Podemos testar os nossos limites até encontrar as fronteiras do que somos e embater numa parede que é mais forte do que a vontade – é a parede que marca as fronteiras da promessa que nos é dada e das terras áridas que são o mundo obscuro que se estende para além do que nos foi dado a viver.
O truque será que, para além do mundo tal como o vemos, poderá haver um mundo novo, que nos espera. A ilusão é a fronteira que tecemos com as nossas mentes – guardada pelos medos, pela frustração, pela falta crença nas nossas capacidades.
Mas há uma força, bem à mão, que se acende quando confiamos. Que aparece quando damos passos sem pensar uma vez marcamos uma linha orientadora para a força que levamos dentro.
Essa força é o substrato dos sonhos. Essa força é a água que nos alimenta, essa força é a criança dentro de nós entusiasta com a vida e o mundo e as maravilhas que se escondem numa rua que nunca visitamos muito ou na pessoa que sempre julgámos conhecer.
Assim, para além da formatação dos dias e das horas, para além das rotinas que são sulcos na lama, temos o novo e o criativo. Temos a arte de fazer uma vida nova de entre a multiplicidade das vidas em redor.
Também há harmonia no encontro de novas formas de se entrelaçar na dança da vida de uma forma livre. A questão é gerir a abertura desde a tirania das actividades programadas para a imensidão de um tempo não pautado.