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domingo, abril 09, 2006

Navarrete

Ontem nao houve net - pelo que hoje saem mais dois "capítulos" do caminho.

Já tou lavadinho, já lavei a minha roupita (uma rotina do caminho que eu gosto de practicar todos os dias - que reforça algo a disciplina que me falta na vida diária) e agora venho sarapintar um pouco antes de voltar para os "tolinhos" que me acompanham e que eu acompanho.

Atravessamos Logroño - tal como Pamplona, é uma cidade doce, que se faz mansa para os pés peregrinos em demanda meio errante. Entra-se suavemente por sobre uma ponte antiga e logo se caminha entre casas medievais e igrejas de ordem vária.

Atrás fica um dia cinzento e algo frio - que terminou com Sol e muito calor.
Atrás ficou a casa da Doña Felisa - que estava todos os dias na sua pequena banca - oferecendo figos (na época) e bebidas, conversa e boa onda... ela já tinha morrido na ultima vez que passei cá (no 2003), mas eu conhecera-a nos dois anos anteriores.
A sua filha ocupou o lugar e - depois dela - está lá agora a neta... há loucos pelo caminho, há loucos no caminho, há loucos em todo o lado - que ainda dao coisas em troca de sorrisos, uma conversa, um algo de novo vindo de algures bem longe... como aqui.

Atrás ficou também o lugar do Marcelino - este ser simpático aparece em todos os cafés do caminho; emarcado numa foto - com a sua mula e o seu traje do caminho tradicional (sandálias de couro, boné de feltro e hábito castanho de lä pesada, bastao em mao) este sujeito trilhou o caminho tantas vezes que - depois de parar - lá se estica ao final de um parque, com a sua barba de "Gandalf" e bolachas, frutas, um livro para que escrevamos uma dedicatória ou façamos um desenho... tem imensas histórias para contar e muita vontade de meter conversa com todos...

Este ano o Marcelino nao estava lá - talvez so apareça no Verao... mas eu revivi a sua presença ao passar no seu banco ao final do jardim... tantos outros vieram a mim, tantos...

Encontrei uma colega Enfermeira - de cuidados de saúde comunitários - de Chicago.
Está para largar a profissao - dado que lhe acabaram com o serviço publico de assistência (ou seja - o dos probres - os que nao teem seguro de saúde) e anda por cá a ver que vai fazer da vida.
Falamos de Deus nas guerras quando passamos pela estátua do Santiago "Matamoros", numa Igreja de Logroño - chegamos à conclusao que, afinal, é um ideal comum o que se encontra na nota de dolar "In God We Trust", mais do que algum deus Bíblico ou Alcorânico.

Falamos da guerra actual - da sociedade movida por medo versus a movida pela esperança... das crianças que ontem corriam alegres à frente das vaquilhas em Viana e das outras que nao saem à rua com medo de serem raptadas, violadas, abusadas... dos pais de umas que as metiam a frente dos touros e sorriam e das outras que as tiravam da rua com medo de que fossem maltratadas... ambos as amam - mas vivem em dimensoes diferentes deste mesmo planeta nosso...

Agora um pouco de "arejar" aqui nesta vilazinha pacata com pouco mais do que um belo jardim no topo, uma igreja e um cafezinho para a refeiçao comum...

Bem haja

2 comentários:

Micas disse...

Li os 2 textos ontem, li e senti-os, mas não estava em condições de deixar qualquer comentário.

Abraço

Anónimo disse...

Estou a seguir a tua jornada, passo a passo!
bem hajas!