pub

sexta-feira, novembro 18, 2005

Demanda...















Mariamne foi – primeira – esposa e mártir por uma causa de milénios perdida…
Sangue de esfinges - Mãe, Glaphyra
Pai com nome Selêucida e filho de reis rebeldes…

Nascido num ano antergo… anterior a mim…
De um massacre de inocentes – pai contra meu pai…
Nu nascido, logo ungido… rei

Visitado por aliados antigos…
Vaticinado como herdeiro do que lutou contra Deus
Oculto, fugido, para terras da minha mãe…

Regressei…
Abraçado pelos que esperavam mudança
Temido pelos que se investiram de poder
Dos escolásticos nada esperei… debates, análises, estudos…

Mas – entre as seitas, clãs e castas
Apenas discórdia seguiu meu nome

Marchei…
Como Novo Judas,
E Limpei – o que ímpios mancharam

Com punho de ferro entrei
Aclamado, folhas de vitória pisei…
Emulando os fados…

Retirei efígies dos deuses pagãos
Expulsei usurpadores, soldados e vendilhões…
Icei as bandeiras silenciosas do meu povo
Para que o meu povo soubesse que era eu rei…


Preparei-me…

Um vendaval da Síria se abateria
De Cesareia o fogo choveria…

Mas eu mantive-me sobre o rochedo
Sem arredar pé, sem vacilar…
Arreda Satanás – a mim não me tentas…

Os eruditos ainda debatiam…
Seus medos e ignorância remexiam…
Mais uma vez… o povo beijará teu chão…

E eu soube

Preparei um final
Mandei perguntar ao povo o que queria
Se uma vida de escravos – mas vida
Se uma morte como homens livres… na luta

Vim trazer a espada… disse eu

Mas – os que mandam nos servos - assim falaram:

“Mais vale um homem que morra pelo povo
Do que um povo morto pela espada…”

Um homem para os unir
Um homem para os entrelaçar
Um homem para a todos juntar na terra dos que se erguem
Dos que lutam e ganham seu nome
Terra de homens e não terra de réus…

Mas falou assim o conselho,
Assim quiseram os pobres:
Que tudo o que vim para unir se quebrasse
Para que os pobres e doentes assim ficassem

Meu fiel me entrega
Verdadeira Ágape, ósculo imaculado
Nas portas de muralhas vazias
Perante estandartes púrpura e efígies estranhas

Caminhamos – não vim só…
Mais quiseram não vergar…

Vejo, nos confins do horizonte
Um tempo no que eles se erguem
Eles que hesitaram,
Desta vez, já sem duvidas,
Os encaram - de frente
Essas águias que desgarram até à morte

Massada… meu espírito sobre ti…
Judas, em seus muros, suicídio em vez de escravatura…
Foste melhor do que eu…

Caminho – para o prefeito…
Caminho – para o meu fim…

Vozes de caveiras em milhares
Sacrifícios milenares
Ao deus tirano que prende o Deus em ti

Madeiros plantados no Golgotá…
Pinheiros viventes, seiva vermelha
Penhor de Morlock, geena maldita…

Olho no alto, olho no longe…
Vejo o deus da ira
Rebento de Novo, ceptro florido…
Paredes quebradas, gente estilhaçada… shekinah errante…

Grito…
…entendo o meu pranto…
…mais vale quebrar que vergar!

Brisa ao de leve…
Luz que se expande…
Esquecimento…

Contem esta história…
Digam que me entregaram
30 moedas de prata
Filósofo que – desta - pagou…
E recebeu…

Na destra
Na sinistra
Filhos de um trovão, nunca mais silenciados

Caminhamos para a eternidade…
Passado ecoando no tempo…

Tantos outros…
Subjugados…
No jugo da águia que te rasga o ventre
E consome teu poder… mestre

Gálias

Bretanhas antergas

Lusitanias

Tantos outros que não cederam…

Preferiram partir… indo livres
Asas de vento…
A ter de ficar
Presos do tempo

Eu criei a lenda
De vergar o tirano
Em tirano me tornei…

1 comentário:

Micas disse...

Soberbo este teu poema. Não sei escrever, sei apenas sentir, com o olhar e com a alma. Deixo-te um poema em forma de comentário que, não sendo da minha autoria, teria sido eu a escrevê-lo caso o soubesse fazer. Grata pelo regresso Daniel.

" Voltar...para viver além do tempo.

Surgirá
então a outra idade
acabará este viver incerto
será o Império, único e unido
quando der o sinal o

Encoberto.

Dá-se um primeiro passo com a degradação premeditada da Ordem de Cristo, coluna vertebral do reino. Que se transformou em Freiria de Cristo, numa reforma. O que o Santo Ofício exigia da consciência a cada cristão cumpridor – a denúncia de certas das suas próprias culpas.

Assim cantaste...

Vou agora instruir-te
vais conhecer as leis
da pureza do coração
as portas do tabernáculo
se abrirão
e verás serem superiores
as de Bethzaleed.

O teu olhar
fez a primeira porta se abrir...

É o coração
do corpo do homem.

Se me perguntares qual é a chave dessas portas? – responderei: que não há outra senão o espírito que vela por cada uma delas – único - que pode fecha-las ou abri-las. Falas-me da fraternidade universal e o ecumenismo cultural que foram desvirtuados; o centralismo castelhano facultou o passo à inquisição, instaura-se o absolutismo religioso, monárquico e aristocrático e sobretudo, o absolutismo mental, degradando-se o espiritualismo de cariz franciscano e templário.


Quero
te dizer...
que eu estou aqui!
este meu olhar
é muito mais
para além de mim!
Na procura
iniciada
Ordens monásticas - de
Guerreiras - guardiãs
de conhecimentos
sentimentos transcendentais
alma escolhida
ondas de vidas heterogéneas.
Esta força que retenho
em mim
e que de mim - saio
para viajar
no espaço
encontrar-me contigo
em outros tempos – outros mundos
circuncisar a própria carne
não chamar o mar vermelho
abismo de amargura
mas sim...
rosa
a tina baptismal
da
alma una."

-Betty Branco Martins-