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quinta-feira, maio 27, 2010
Caminante no hay camino... se hace camino al andar
CAMINANTE NO HAY CAMINO...
...sabes, hoje falei sobre paixão com uma funcionária da escola - muito simpática ela...
falava sobre sentir-se apaixonado;
ela dizia – “não é fácil, nos tempos que correm, com o passar dos anos...”
essas coisas “giras” que os "adultos" costumam segredar pelos cantos da casa de quando em vez e que as crianças apanham de vez em quando
(depois ninguém entende porque é que as crianças, quando chegam a jovens, não querem ser adultos, enfim…)
eu lá lhe perguntava - então, à quanto tempo está apaixonada?
ela lá vai dizendo - estou casada faz...
“Sim, compreendo isso, mas – lembra há quanto tempo se apaixonou?
Ela olha para mim, aparentemente sem compreender (ainda que o meu “dedo mindinho” diz-me que uma luz se vai acendendo no fundo do túnel, uma luz que – habitualmente – incomoda muita gente)
“não, não falo do contrato social - isso foi você que escolheu!”
ela agora olha para mim, entre curiosa e perplexa,
“eu falo daquilo que A ESCOLHEU A VOCÊ!”
Ela permanece com a cara de quem não compreende e com o olhar de quem sabe bem do que se fala…
“veja - o contrato social é quando combina sair ao mesmo tempo de casa, chegar a horas, pagar as contas juntos, programar crianças para vir ao mundo em x época…”
O seu olhar “vê para dentro”, revivendo todos esses “detalhes” re-conhecidos da vida da maioria da “gente graúda”…
“o estar apaixonado escolheu-a a você!”. Talvez seja a única força no mundo que não controla, talvez exista uma razão maior do que a razão para que isso aconteça ;)
é claro que, quando lhe perguntei à quanto tempo estava apaixonada não se lembrava…
Lembrava a data do casamento, os compromissos sociais.
Tinha presentes as pedras do caminho e a linha traçada no mapa ao caminhar, ainda que não lembrava as florestas e os rios nem a causa pela que iniciara a caminhada…
assim, é complicado explicar o que é o amor...
...SE HACE CAMINO AL ANDAR!
Como diria um sábio Gaulês:
estes humanos são doidos!
segunda-feira, maio 10, 2010
Artes Marciais
Nesta dinâmica das artes marciais, é importante facilitar ferramentas de trabalho válidas para a vida do aluno… atitude, capacidades de raciocínio, cálculo de distâncias, orientação espacial, ambidestrismo, consciência do corpo, capacidade relacional, auto-confiança entre outras… bases de qualquer arte marcial que se preze.
Neste âmbito, vai-se criando um ambiente familiar, que se pretende intenso e agradável – o ser humano apenas desabrocha por inteiro no solo fértil.
As adversidades (os desafios) que lhes apresentamos são criados para reforçar a consciência das suas capacidades e da capacidade de transcender-se, não como formas de estabelecer limites estanque que os prendam desde dentro numa tenra idade.
Neste contexto, foram criadas equipas para torneio e demonstração. O estímulo para o desenvolvimento é enorme e, como contagiamos as crianças com a sede de aprender e de amar o que fazem na arte, torna-se complexo explicitar a criação de equipas diferentes dentro do seio da família mãe.
Como vão ter de competir uns com os outros, mesmo que entendam que são todos companheiros de trabalho, no fundo é complexo dissolver a sensação de vencedores e vencidos, de melhores ou piores…
A essência da arte marcial implica unificar a humanidade (como a dança, nascida ao mesmo tempo).
Como é complicado dar esta ideia a entender, dialogava com o grupo explicando perante as suas caras “virgens” neste assunto, que agora - ainda que fossem a mesma família e que continuassem a ser como irmãos, teriam que competir como equipas separadas, pois as normativas assim o exigiam.
O Gonçalo, de 7 anos, que tem sempre umas saídas engraçadas, chamou-me - dedo no ar:
“Professor, professor, tenho uma dúvida!”
Lá olhei para ele, com aquela cara castiça que o miúdo tem, procurando discernir qual a novidade que sairia daquela cabeça nesta ocasião.
“Diz Gonçalo”
“Quando disse que éramos como irmãos, queria dizer irmãos como filhos do mesmo pai e da mesma mãe?”…
Bem, o sorriso aflorou, e os de 10 anos lá se riram da pergunta do moço.
“Não Gonçalo, é porque suamos juntos, damos o máximo juntos e crescemos juntos debaixo do mesmo código de valores” – esta seria a resposta que lhe poderia dar logo que a pergunta aflorou.
O interessante é que as crianças conseguem trazer à superfície o fina que é a camada de verniz que os adultos aplicaram sobre a sua estrutura social para que esta aparentasse coerência e sentido…
Bem-haja as crianças que nos desafiam a mantermo-nos fieis à honestidade original.
MARCIAIS