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quinta-feira, março 12, 2009

Difícil de compreender… como Amar





Era um dia para acompanhar os jovens do projecto, durante um tempo que lhes permita divertir-se, sonhar e estar para além das fronteiras que a vida diária lhes impõe.




Por motivos vários, cada um dos meninos do "Projecto" está longe das suas famílias e o "Projecto" procura dar-lhes um lar com tudo aquilo que lhes falta.



Estávamos a jogar futebol ao ar livre, chegou um pai com o seu filho de uns quatro ou cinco anos. Jogámos todos juntos. Outro pai e outro filho se nos juntaram e assim já éramos oito a gerar a ilusão de estar juntos, de cooperar para um mesmo fim e de nos divertirmos a tentar...



Tudo correu bem até que dois dos jovens se pegaram.



As crianças do projecto estão longe da sua família biológica. Os mais crescidos têm algum grau de atraso no desenvolvimento.



O Sebastião é bem emotivo e revela, em certas ocasiões, uma maturidade emocional que tira o fôlego. Desta vez procurava leccionar o André e fez o seguinte comentário:
“Lá na escola, quando os outros rapazes me chamam «deficiente» eu também não lhes bato, faço de conta que não oiço e sigo”. Fiquei com estas palavras gravadas.



Andamos nós a brincar a ser adultos, quando crianças num projecto que lhes dá acolhimento, com algum grau de atraso de desenvolvimento, afastados das famílias por motivos vários, podem ter este grau de consciência e agir com tal grandeza perante um mundo hostil, que julga e se julga melhor do que elas…



São estes pequenos detalhes que fazem acreditar, que fazem não desistir quando as ondas são muito altas e parecem querer afundar o barquinho da existência.
Suponho que é difícil compreender como o meter os pés na água do mar pela primeira vez ou jogar futebol durante meia hora num campo relvado, podem trazer tanta felicidade a gente que é tão pequena por fora mas já tão grande por dentro.



Como tudo, é difícil de compreender, mas – no entanto – do mais verdadeiro que há.



Bem haja
*(o Nome do Projecto em questão assim como das crianças foram omitidos ou alterados para proteger ora a instituição ora as próprias crianças que nele se abrigam)

domingo, março 01, 2009

Voar nas Asas do Vento




Voa nas asas do vento, chora um bocadinho, por tudo aquilo que vai passando; ri também por tudo o que cá dentro vai ficando – guardadinho a sete chaves, no cofre do coração.


Perde-te para encontrar tudo o que tens amealhado ao caminhar, demonstra quem és!


Caminha, constante, seguro; caminha…


Os amigos no caminho são muitos e as dificuldades são os montes e vales que ajudam a saber quem és – não és fraco nem forte; simplesmente és…


Deixas de querer provar o teu valor, reduzes o frenesim de querer correr; começas a confiar, a caminhar, a apreciar uma certa árvore, o contorno dos vales, a companhia de quem caminha… amigos de caminhada todos eles.


Vais andando, lentamente deixando as guias e livros que orientaram o teu caminho ao começar – vais aprendendo que tudo o que precisas saber já existe nas pessoas com quem caminhas – assim pões ouvido fino e falas por ventura se alguém te perguntar;


E chega o dia no que todos correm mas tu já não tens hora para chegar; confias então no rumo que te leva, no tempo que ainda tens para caminhar;


Tantas vidas, tantas histórias que merecem alguém para as contar! Todas elas um encontro, todas elas um começar;


Caminhante não há caminho, faz-se caminho ao andar!